Questionado pela imprensa e por moradores do bairro Jurumirim – atualmente pertencente a Itapetininga – e do residencial Santa Adelaide, o governador Geraldo Alckmin anunciou uma “solução definitiva” para atender à demanda por acessos. O tucano informou que o governo realizará, “imediatamente”, ação para garantir acesso dos residentes ao centro de Tatuí.
Situados em trechos distintos da Antonio Romano Schincariol (SP-127), os bairros deixaram de ter acesso à rodovia com a concessão. “Quando foi duplicada a rodovia, há 12 anos, deixaram (a empresa responsável pela obra) os moradores presos, pois não temos acesso”, reclamou Donizete Aparecido de Cunha Brito.
Residente no Jurumirim, ele afirmou que os membros da comunidade que possuem veículo precisam desembolsar R$ 10,10 toda vez que querem deixar a localidade. Este é o valor do pedágio cobrado no trecho do sentido a Itapetininga.
Segundo Cunha Brito, a praça de pedágio fica “bem em frente aos dois bairros”. Na época da duplicação e da implantação da cobrança, os moradores procuraram a concessionária para realizarem cadastro. Na ocasião, a CCR SPVias teria prometido dar isenção da tarifa aos habitantes.
Entretanto, Cunha Brito alegou que a promessa “não saiu do papel”. “Entregamos a documentação e disseram que não era mais válida a isenção a moradores. Temos 50 moradores com isenção e os novos não podem ser cadastrados”, contou.
A alternativa dada aos moradores não agradou. Cunha Brito relatou que as autoridades sugeriram o uso de uma estrada auxiliar, que dá acesso ao Enxovia. No entanto, o representante do bairro disse que o trajeto é “escuro e esburacado”.
Ele acrescentou que, em determinados pontos, a estrada sofre alagamento por conta da chuva. “Todo ano tem duas a três enchentes”, comentou.
Como os moradores têm medo de circular pelo caminho alternativo, uma vez que o sinal de celular é ruim e a estrada não é iluminada, Cunha Brito comentou que o percurso mais utilizado continua sendo a rodovia. Assim, quando querem vir a Tatuí ou voltar, os residentes precisam rodar 12 quilômetros.
“É uma estrada para carroça, não tem condições”, alegou o aposentado, que se desloca todos os dias para Tatuí. No município, Cunha Brito supre as necessidades. Vai ao médio e ao supermercado. “Os moradores sofrem. Só quando é possível ou é a noite, em casos de urgência, a gente paga pedágio”, relatou.
Roselaine Altea Bernal Garcia, que também reside no Jurumirim, reclamou da situação. A moradora esteve entre os manifestantes que cobraram providências de Alckmin.
À reportagem, ela disse que quatro pessoas da família fazem uso da rodovia para chegarem ao trabalho. Ela está empregada em Tatuí e gasta, por mês, R$ 250. “Imagine com quatro carros, dá R$ 1.000 só em pedágio”, desabafou.
Enquanto o problema não é resolvido, Roselaine improvisa para ter menos prejuízo. Ela é proprietária de um ateliê de costura e o marido tem uma loja no centro da cidade. Um dos filhos trabalha em Tatuí e o outro, em Iperó. Para economizar em pedágios, Roselanie contou que os filhos chegam a dormir no ateliê.
Conforme ela, o problema se arrasta há anos. A moradora reclama que as autoridades “ignoram a questão e não apresentam solução”. “Dizem que estão estudando e não resolvem nada. Chamaram para uma reunião, disseram que o governador tinha dado 90 dias para resolverem e nunca deram solução. Isso venceu em novembro do ano passado, e não vimos nada”, reclamou.
A O Progresso, Alckmin explicou que o impasse se deve ao fato de que, em rodovia duplicada, não é possível a abertura de passagem em nível. Conforme o governador, esse tipo de dispositivo pode colocar em risco o usuário.
Por esse motivo, as rodovias duplicadas têm acessos fechados e implantados retornos e viadutos. Como são obras muito caras, essas melhorias demoram a sair. Entretanto, no caso de Tatuí, o Estado deve viabilizar a perenização da estrada alternativa entre o Jurumirim e o bairro Enxovia.
“Vamos liberar recurso para fazermos o ‘Melhor Caminho’”, informou o governador. Alckmin disse que assinará o convênio para o repasse de verbas com a Prefeitura “imediatamente”. “Vou autorizar que faça agora, em maio, já a assinatura do nosso compromisso com o município”, finalizou.