Educar para salvar!

RAUL VALLERINE

“O homem de bem interroga a sua consciência sobre os seus próprios atos, pergunta se não violou essa lei, se não cometeu o mal, se fez todo o bem que podia se não deixou escapar voluntariamente uma ocasião de ser útil, se ninguém tem do que se queixar dele, enfim, se fez aos outro tudo aquilo que queria que os outros fizessem por ele”!

Diante dos dias conturbados por que passa a sociedade atual, só existe uma maneira eficiente de fazer com que desponte uma aurora límpida e bela, neste caminhar do terceiro milênio: a educação. Somente através da educação bem sedimentada poderá surgir o homem renovado do século XXI.

Mas, educar não significa apenas transmitir padrões socioculturais, nem acompanhar o desenvolvimento físico-intelectual da criança ou passar uma série de informações pela instrução formal. A educação, bem entendida, consiste em formar o homem de bem, contemplando seu duplo aspecto: espiritual e físico.

A violência grassa e desgraça, num mundo onde o ser humano vem perdendo o senso de fraternidade, de solidariedade, face aos conflitos de opiniões, às imposições do intelecto sobre o sentimento, à robotização que transforma o ser humano em máquina, a repetir atividades que lhe destroem a capacidade de criar, de enriquecer-se de novos valores espirituais.

Educar, no sentido que o termo exige, é desenvolver, cultivar, fazer brotar, elevar, fazer crescer, não de maneira unilateral, mas de forma integral, para que o educando possa ser o cidadão honrado que todos desejam encontrar na sociedade da qual fazemos parte. E para que se atinja esse grandioso objetivo será preciso, antes de tudo, duas premissas básicas: amor e autoeducação.

Amar para educar e se auto educar para amar. Esse binômio: amor e autoeducação deverão ser o denominador comum para pais e mestres.

Aos pais não basta amar, é preciso que seu amor seja firme, sem tirania, e terno, sem pieguice. Aos mestres não basta instruir, transmitir informações áridas, sem o real enriquecimento do conteúdo com o tempero do afeto.

É preciso que haja uma conjugação de forças entre pais e mestres para que se logre êxito na reforma moral da humanidade. Para que se possa ver o despontar da verdadeira aurora do terceiro milênio.

É preciso que o ser humano passe a ser o tesouro mais valioso do planeta, para que entenda o papel que lhe cabe na obra do Criador.

É preciso que não se tente resumir o ser humano a uma simples máquina de fazer sexo, fabricar dinheiro, se projetar sob as luzes transitórias dos holofotes da fama. É preciso que se compreenda a realidade imortal do homem.

É preciso que se entenda, de vez por todas, que o ser humano não é um amontoado de ossos e músculos, numa breve experiência espiritual. O homem é um ser espiritual, imortal, vivendo uma breve experiência num corpo carnal, frágil e perecível, que caminha na direção do túmulo.

E, por fim, é preciso que se viva como ser imortal, que terá que prestar contas dos seus atos à consciência cósmica e à própria consciência, assim que se desembaraçar da carne.

Se pais e mestres, que geralmente também são pais, amassem para bem educar e se auto educassem para amar, o panorama do mundo se transformaria em pouco tempo, para melhor.

Veríamos no lar, que é a primeira escola, as crianças aprendendo o respeito ao semelhante, a dignidade, a honradez, a liberdade intelectual, o respeito a si mesma e ao próximo.

E, na escola, com mestres conscientes do seu nobre dever, aprenderiam as lições para iluminar o intelecto, mas sempre acompanhadas com os componentes do amor e da ternura.

Eis uma receita infalível. Eis a solução para banir, definitivamente, a violência da face da Terra. A educação sem um propósito de transcendência é uma ideia vazia e estreita e pode sempre se tornar instrumento de manipulação dos poderes sociais.