RAUL VALLERINE
Está se sentindo vazio? Preencha esse espaço com solidariedade. Saia desse buraco. Há muita gente precisando de você.
Gabriel Chalita
No meio de incertezas e medo neste tempo da pandemia de Covid-19, aparecem boas notícias e entre estas, destaco o aumento da solidariedade.
Como a população está em quarentena, às redes sociais estão contribuindo muito para estimular e manter o espírito de solidariedade.
Lendo as mensagens em facebook e grupos de whatsapp e outras mídias sociais, encontramos exemplos diversos de como ser solidário em todos os segmentos da vida social.
Vemos professores de academias postam aulas gratuitas para entretenimento das crianças, empresas especializadas em produtos de artes oferecem cursos on-line de desenho, grandes empresas que estão realizando compras de equipamentos médicos e doando para os hospitais.
Jovens em condomínios se oferecendo realizar compras para os idosos que moram no prédio, voluntários doando kits de higiene e alimentação para moradores de rua e muitos outros belos exemplos.
Segundo analistas, a pandemia despertou um sentimento de comunidade e solidariedade, que estavam adormecidos nas últimas décadas.
Este isolamento social está construindo pontes sociais, pois a vida corrida do mundo contemporâneo leva muitas vezes os vizinhos que mal se encontravam a buscarem uma maneira de “estarem juntos”.
Um exemplo clássico foi um vídeo que assisti, gravado na Itália, onde as pessoas nas janelas ou nas varandas cantam juntas.
É como se o Covid-19 transmitisse a lição de que a humanidade não tem fronteiras, etnia, casta, religião ou status econômico. Que esta lição possa nos levar a entender que para viver melhor, precisamos colocar para fora a humanidade de cada um de nós.
O coronavírus, em pouco tempo, mostrou como o planeta inteiro se encontra em pânico, blocado e isolado. E disto podemos tirar mais lições importantes, como a importância de entendermos que é momento de abrir o nosso coração para a fraternidade e a solidariedade.
É tempo de solidariedade e de corresponsabilidade no cuidado pela vida. Numa época de afirmação enfática dos direitos individuais, é preciso assegurar, acima de tudo, o bem comum, respeitando sempre a dignidade e os direitos das pessoas.
Muitos que habitam o mesmo teto, sem tempo para o outro, têm oportunidade de redescobrir a família como dom e tarefa.
Estar em casa favorece o crescimento na vida em família, faz redescobrir o outro como irmão e amigo, mas também exige respeito, paciência, correção fraterna e perdão.
No cuidado de si e do outro, é muito importante o cultivo da espiritualidade na vida cotidiana, especialmente em momentos de crise, pois a vida não se reduz à sua dimensão corporal. Orar e meditar, fazendo a experiência do amor de Deus, é fonte de serenidade e esperança, sustento para a vivência do amor solidário.
Ajudar o próximo faz sentir um bem estar geral e a autoestima melhorada. Fazer o bem nos deixa contente e mais satisfeito com nós mesmos e com a vida.
Fazer o bem sem olhar a quem não precisa estar relacionado com uma religião ou filosofia. Ajudar uns aos outros é condição primária para a vida.
Precisamos nos reconectar com esse sentimento de comunidade, de doação, de cuidado com todas as pessoas, não só com quem conhecemos. E para isso basta começar.
Depois dos primeiros atos solidários, já será notável o quanto agir pelo outro faz bem para nós, gera energia, melhora nossa saúde e impulsiona o movimento do bem pelo bem.
Não podemos fazer tudo por todos, mas sempre podemos fazer algo por alguém no pedacinho de universo que temos acesso.