“Nós já fomos referência no futebol de campo, no polo e no futsal, agora, chegou a vez do basquete”, declarou a prefeita Maria José Vieira de Camargo durante a apresentação oficial da AABT/XI de Agosto/Tatuí, promovida no paço municipal, no final da tarde desta sexta-feira, 13.
O novo time profissional de basquete do município irá disputar, a partir do primeiro final de semana de outubro, o torneio de acesso à Divisão A1 Especial, elite da modalidade no estado.
A agremiação tatuiana é formada pela AABT (Associação dos Amigos do Basquete de Tatuí), Associação Atlética XI de Agosto e pelo Departamento Municipal de Esportes, da Secretaria Municipal de Esporte, Cultura, Turismo, Lazer e Juventude.
Além da prefeita, marcaram presença na cerimônia: o presidente da Câmara Municipal, Antônio Marcos de Abreu; o secretário municipal do Esporte, Cultura, Turismo, Lazer e Juventude, Cassiano Sinisgalli; o secretário municipal da Educação e presidente da AABT, Miguel Lopes Cardoso Júnior; o chefe de gabinete do Executivo, Christian Pereira de Camargo; e o presidente do XI de Agosto, Evandro Mantegazza Moreira.
Ainda estiveram no local o diretor da CBB (Confederação Brasileira de Basquete), Frederico Batalha, o presidente da Liga Desportiva Paulista e representante da Federação Paulista de Basquetebol, Anderson Zara, o técnico do novo time, Júlio César Malfi, os atletas profissionais e os jogadores das equipes de base da modalidade no município.
Cardoso relembrou que montara algumas turmas para jogar basquete no Sesi, entre 1992 e 1995. Ele revela que, na primeira aula, havia seis alunos e apenas “meia quadra” para trabalhar, pois uma tabela estava quebrada. “Naquele dia, eu falei: vamos começar assim, mas vamos chegar muito longe”, comentou.
Conforme Cardoso, houve um período de reestruturação no Sesi, e os treinamentos da modalidade só foram retomados em 2006. Dois anos depois, foi firmada parceria com o XI de Agosto, para que os atletas, ao atingirem a idade limite de 16 anos para treinar no PAF (Programa Atleta do Futuro), fossem remanejados ao clube esportivo.
Ele afirma ter sido um longo percurso até “terem a alegria” de conquistar o título inédito dos Jogos Regionais, em 2010, e, posteriormente, a quinta posição nos Jogos Abertos.
“Desde essa época, sempre estivemos sonhando e profetizando de que, um dia, teríamos a oportunidade de ver o basquete crescer em Tatuí”, declarou.
De acordo com Cardoso, o primeiro contato para que o sonho começasse a ser realizado aconteceu pela comandante da 2a Companhia da Polícia Militar de Tatuí, capitão Bruna Carolina dos Santos Martins, amiga da esposa do ala/pivô William Drudi.
Conforme o atual secretário da Educação, Drudi veio e apresentou o técnico Malfi, “antes de aparecer várias ‘pessoas do bem’ dispostas a colaborar, como a prefeita Maria José, dando todo suporte e subsídio para que fossem pagas as taxas, feitas as inscrições e concretizado o sonho”.
Cardoso ressaltou que o basquete é o “divisor de águas no esporte tatuiano” e garante que a modalidade é a porta de entrada para a evolução do futebol e do vôlei, por exemplo. “O basquete é o precursor de outros projetos que, em breve, acontecerão”, sustentou.
Sinisgalli reforçou que o lançamento da equipe profissional é um marco no esporte local. Ele parabenizou o diretor municipal de esportes, Douglas Dalmatti Alves Lima, e o agora auxiliar técnico da AABT/XI de Agosto/Tatuí, Filipe Ariel, o Crânio, por apresentarem a proposta.
“De início, eu me assustei. É um projeto audacioso”, confessou o titular da pasta do Esporte, Cultura, Turismo, Lazer e Juventude.
Ele reconhece que a criação de uma equipe profissional gera custos ao município, mas exalta o trabalho desenvolvido para atrair patrocinadores a “abraçarem a causa”.
Recentemente, Sinisgalli esteve com a prefeita Maria José, no Palácio dos Bandeirantes. O secretário municipal expôs que o governador João Doria afirmou que “é preciso pensar grande”. “Isto aqui é o pensamento grande. É apenas o início, mas estamos pensando grande”, comentou.
“Que os atletas sejam bem-vindos e esperamos que permaneçam por muitos anos. Se Deus quiser, muito em breve, disputaremos a série principal do basquete nacional”, torce Sinisgalli.
O diretor da CBB enalteceu a coragem pela criação de uma equipe profissional de basquete. Batalha frisou a importância da AABT/XI de Agosto/Tatuí às crianças e munícipes.
“O esporte é uma das principais ferramentas para propagação da saúde, para a criança aprender sobre a hierarquia e muito mais”, apontou.
“Além disso, ainda traz entretenimento à população, que terá uma equipe representando o município, espero eu, nas principais competições da modalidade”, complementou.
Batalha assegurou que Malfi “é muito competente e sabe o que é capaz de fazer com uma equipe”. E ainda deixou um recado aos atletas profissionais. “Vocês vão ter de trabalhar, pois o Malfi é ‘bonzinho’ fora da quadra; dentro, ele é chato e exigente como o esporte pede”, aconselhou
Abreu também dirigiu palavras aos atletas. Defendendo o XI de Agosto desde os oito de anos de idade, o vereador pediu para que os jogadores joguem com “garra e determinação para que os resultados aconteçam”.
Aos 50 anos de idade, Malfi já dirigiu equipes como Associação Brasileira “A Hebraica” de São Paulo, GR Barueri/G-Unit, Clube Esperia/Bola na Cesta, Poá Basquete e América/Unirp/Rodo-bens/SMEL/3M. Ainda conduziu a seleção paulista sub-19 masculina a dois títulos nacionais.
A equipe técnica, para trabalhar com ele, será formada pelos auxiliares Crânio, Allan Brito e pelo fisioterapeuta Renan Moura. O jogador Drudi também atuará como auxiliar técnico do time local.
Malfi contará com um elenco mesclado com atletas experientes e jovens para a disputa do torneio de acesso à Divisão A1 Especial, elite da modalidade no estadual.
Atuarão pela agremiação tatuiana dois jogadores que já defenderam a seleção brasileira, como Drudi e Felipe Taddei – este último, nas categorias de base.
O ala/armador Taddei, de 27 anos e 1,90 de altura, além de atuar pela seleção nacional, defendeu o Franca, Patos Basquete, América Rio Preto e Basquete Cearense.
Ainda irão vestir o uniforme do time tatuiano: William Pessoa, com passagens pelo América Rio Preto e a LSB (Liga Sorocabana de Basquete); Gabriel Souza, que defendeu as equipes paraenses Tuna Luso e Paysandu; Nicolas Ferraz, que atuou no Barueri, Rio Claro e XV de Piracicaba; e Elivelton dos Santos, com passagens por Araraquara, Osasco e LSB.
Os jovens jogadores Emanuel Cardoso, João Vítor Bonifácio, Leonardo Ferreira, Neemias Jesus e Ramon dos Santos também integrarão a equipe. Eles atuavam nas seleções sub-17 e sub-20 do município. Filho do técnico, Guilherme Malfi completa a AABT/XI de Agosto/Tatuí.
Malfi afirmou ser uma “satisfação e responsabilidade representar o sonho das pessoas”. Segundo ele, “uma longa jornada, é iniciada com um pequeno passo”, destacando o trabalho desenvolvido por Cardoso há 27 anos.
“É muito legal estar representando Tatuí. Eu tenho certeza que cada valor investido no esporte é multiplicado mil vezes na saúde e na educação”, garantiu.
Aos 20 anos, Malfi foi o técnico mais jovem a disputar um campeonato da liga nacional, equivalente à atual NBB (Novo Basquete Brasil), que atualmente reúne as principais equipes do país.
O treinador revelou que a nova equipe fez somente seis treinos e o sétimo acontece neste sábado, 14. Ele reconhece que os jogadores poderiam ter folga no final de semana, porém, ressalta que a agremiação está em preparação para o torneio de acesso à elite estadual.
“Estamos em um momento de comemoração, mas, por se tratar de uma equipe competitiva, temos de representar bem os tatuianos”, afirmou.
“Não queremos ter somente o basquete disputando competições oficiais. Desejamos que o futebol, futsal, voleibol, natação e o atletismo representem o município em competições oficiais”, completou Malfi.
Drudi, ala/pivô de 37 anos e 2,04 metros de altura, com passagens pelas equipes VIVO/Franca Basquete, São Paulo e Minas Tênis Clube, além de atuar no Chile, México e China, também irá atuar fora das quadras.
Como jogador e assistente técnico, Drudi frisou à reportagem de O Progresso que se colocou à disposição para ajudar no que for necessário. Há três meses, ele foi vice-campeão, com o São Paulo, da Liga Ouro, competição que dá acesso ao NBB.
“Estava em atividade até o mês de junho, atuando pelo São Paulo na Liga Ouro. Estou em plena forma e apto para ajudar dentro de quadra e fora dela”, indicou.
Drudi reconhece que um atleta de alto nível, citando Taddei, torna-se um espelho para as crianças. Segundo ele, atuar em equipes que têm projetos de base, permitindo a interação com os pequenos, “é bastante gratificante e não tem preço”.
Hoje, o pai de Felipe Drudi, de 11 anos, atleta da categoria sub-13 da LSB e que, inclusive, já enfrentou a equipe tatuiana, confessa que Malfi foi o primeiro e pode ser o último treinador dele.
Com 14 anos, Drudi era comandado por Malfi nas equipes de base da A Hebraica. De lá, ele atuou em Londrina (PR), antes de retornar à A Hebraica e se profissionalizar com o atual técnico.
“Há 23 anos, eu tinha o sonho desses meninos. O Malfi me chamou para ir à A Hebraica e me tornei um atleta profissional no próprio clube”, afirmou Drudi, emocionado.
Prestes a completar 38 anos em novembro, Drudi expôs que não tinha pretensões de continuar jogando. Contudo, “por se tratar de um projeto novo e que tem pessoas sérias trabalhando, se motivou a um esse ‘plus’ na carreira para, quem sabe, finalizar com chave de ouro”.
Drudi ressalta que Malfi foi o primeiro treinador que pensou em convidar para comandar a AABT/XI de Agosto/Tatuí após ter conversado com Cardoso, Lima e Crânio.
“Sabia que ele podia nos ajudar muito com a experiência dentro e fora de quadra, pois já participou do início de vários projetos. Ter o Malfi como um dos mentores agrega muito ao projeto”, concluiu Drudi.
Após a apresentação oficial, a agremiação fez a primeira partida dela, no ginásio da Associação Atlética XI de Agosto, às 19h. A AABT/XI de Agosto/Tatuí venceu o amistoso diante da equipe sub-19 do Sport Club Corinthians Paulista, pelo placar de 75 a 61.