Elas são minúsculas, têm cor amarelada e estão provocando um número grande de queixas junto à Secretaria Municipal da Saúde. As Drosophilas melanogaster, popularmente conhecidas como mosca do vinagre – ou da banana – registraram “grande proliferação” no município, com causa atribuída ao clima.
“Infelizmente, temos percebido um aumento do número delas”, afirmou o secretário municipal da pasta, Máximo Machado Lourenço, a O Progresso. Conforme ele, o aumento da presença desse inseto está relacionado com as temperaturas que vêm sendo registradas no município, ao longo dos últimos dias.
Máximo explicou que a procriação das moscas acontece, principalmente, por conta de “restos vegetais”. “Eles apodrecem e formam um substrato. Isso favorece, em muito, a proliferação dessas moscas em toda a cidade”, comentou.
Conforme o secretário, o fenômeno ocorre por conta das baixas e das altas temperaturas registradas no decorrer dos dias. Máximo comentou que na madrugada, a tendência é de redução da temperatura, fazendo com que haja umidade na vegetação. Durante o dia, os termômetros sobem, ressecando as folhagens.
Esse processo acelera a decomposição da vegetação do município, uma vez que a cidade passa por um período de estiagem. Sem chuva, matos e folhas se ressecam. Somando-se à umidade, o processo de decomposição fica acelerado. Como consequência, há uma proliferação mais intensa desses tipos de insetos.
Apesar do incômodo, Máximo disse que esse tipo de mosca não traz “problemas para a saúde pública”. Em função disso, a secretaria não deve realizar – pelo menos, não no momento – ações para minimizar a presença das Drosophilas.
Também segundo o secretário, o município tem registrado “várias reclamações sobre a presença das moscas”. Por não envolver questão de saúde pública, os profissionais da pasta instruem os cidadãos sobre cuidados que podem minimizar a presença delas nos ambientes, seja em casa ou no trabalho.
As principais orientações são a manutenção da limpeza nos locais e a aparagem de vegetação, quando houver proximidade com residências, escritórios, ou lojas. “O uso de inseticida também ajuda”, complementou o secretário.
Máximo afirmou, também, que mesmo longe das áreas de vegetação – como no centro da cidade – há queixas da presença das moscas. No entanto, o secretário afirmou que a preocupação maior não está nas Drosophilas, mas em outro mosquito, o Aedes Aegipty, transmissor da dengue.
“Temos de ficar atentos é com ele. Manter a vigilância sempre”, alertou o secretário. De acordo com o titular da Saúde, a equipe que atua no combate à doença está intensificando ações no município, com visitas casa a casa e orientações.
O objetivo é identificar possíveis criadouros e eliminar a presença dos mosquitos. Para isso, a secretaria pede a colaboração da população. Como exemplo, Máximo disse que atos simples podem contribuir para a redução dos casos. Entre elas, evitar acúmulo de águas em vasos e pneus e limpar sempre calhas d’água.
“Precisamos de uma constante vigilância, já que esse ano houve muitos casos de dengue em São Paulo”, disse o secretário. Máximo relatou, ainda, que Tatuí “seguiu a tendência registrada no Estado”, mas não informou os números.
Ele também afirmou que a situação, de modo geral, contrariou as previsões dos profissionais de saúde. A expectativa das autoridades locais era que, com a aproximação do inverno, as notificações – suspeitas sem confirmação – dos casos de dengue registrados no município tivessem redução.
Contudo, Máximo afirmou que as estimativas não se cumpriram. O secretário disse, também, que espera reduzir o número de suspeitas de dengue neste mês. A proliferação do Aedes Aegypti deve ser reduzida por conta do inverno, que teve início no dia 21 de junho e vai até 22 de setembro. “Pedimos para a população ficar sempre atenta, sempre alerta”, afirmou.
O secretário solicitou colaboração da população por meio das medidas preventivas e na notificação de potenciais criadouros. Por conta disso, ele pede ajuda de pessoas que residam em áreas próximas a terrenos baldios e com mato alto.
Nesse caso, a orientação é que os moradores acionem a Vigilância Sanitária e o Departamento de Fiscalização. O primeiro órgão para proceder com uma “varredura” no local, evitando proliferação do mosquito transmissor; o segundo, para notificar os proprietários dos imóveis de modo a proceder com limpezas.
“Pedimos que as pessoas continuem com as denúncias, para nos ajudar a evitar que pessoas relapsas possam atrapalhar o nosso trabalho e que a gente consiga, realmente, combater esse mal que é a dengue”, declarou o secretário.
Máximo afirmou que o número de casos em Tatuí “aumentou muito”. “Não tivemos um nível de epidemia, mas em São Paulo, na capital, os números são de cem para cem mil habitantes. E isso preocupa muito, pelo fato de ser capital e de todo mundo poder ir e vir de lá, trazendo a doença (importada)”, disse.
O secretário comentou que a pasta ainda está tabulando o número de casos autóctones (contraídos no município) e importados (de pessoas que contraíram a doença fora da cidade). Segundo ele, o trabalho inclui as notificações (casos em que há suspeitas pelos sintomas, mas ainda sem confirmação).
A mensuração deve ser divulgada à imprensa nos próximos dias. De antemão, no entanto, Máximo antecipou que os números registrados em Tatuí são atípicos.
“Mesmo no inverno, que é a época de incidência baixa, tivemos um número alto. E isso está começando a nos preocupar. Então, a população tem que estar sempre atenta, sempre alerta. Não dá para destacar nenhum bairro, porque é no geral. Então, o alerta fica para toda a população”, encerrou.