Dor miofascial já representa parte significativa dos afastamentos do INSS

Dados oficiais reforçam impacto econômico e social da condição, que limita atividades do dia a dia

Foto: pexels.com

Dor persistente no pescoço, ombros tensionados, desconforto nas costas ou sensação de peso nos braços e pernas. Esses sinais, muitas vezes tratados como consequência de má postura ou estresse, podem estar associados à síndrome da dor miofascial, uma das condições musculoesqueléticas mais comuns no Brasil.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as dores musculoesqueléticas estão entre as principais causas de incapacidade no mundo, afetando até 1,7 bilhão de pessoas. No Brasil, dados do Ministério da Saúde indicam que as doenças musculoesqueléticas representam mais de 20% das causas de afastamento do trabalho pelo INSS.

“A dor miofascial é caracterizada pela presença de pontos gatilhos, que são áreas hiper irritáveis dentro do músculo. Esses pontos geram dor local e podem irradiar para outras regiões, o que muitas vezes confunde o diagnóstico”, explica a fisioterapeuta Dra. Mariana Milazzotto, mestre em Ciências Médicas e especialista em reabilitação funcional.

Sintomas que merecem atenção

A síndrome da dor miofascial pode se manifestar por meio de dor localizada, rigidez muscular, limitação de movimentos, fadiga e até alterações no sono. Em alguns casos, os pacientes relatam formigamento ou dor que imita sintomas de outras doenças, como hérnia de disco ou fibromialgia.

“A diferença é que, no caso da dor miofascial, a origem está nos pontos gatilhos. São áreas de tensão que precisam ser identificadas e tratadas de forma específica. Sem isso, o paciente pode passar anos recebendo terapias que não aliviam de fato o problema”, reforça Mariana.

Estratégias de tratamento

O tratamento envolve técnicas fisioterapêuticas direcionadas à liberação miofascial, exercícios de alongamento, fortalecimento muscular e mudanças de hábitos de vida.

“Uma rotina de sono regular, pausas durante o trabalho, hidratação e prática de atividade física de baixo impacto são fundamentais. O foco é restaurar o equilíbrio muscular e reduzir a sobrecarga que perpetua a dor”, afirma a especialista.

Em casos crônicos, podem ser associados recursos complementares como calor superficial, eletroterapia e, quando necessário, acompanhamento multiprofissional com médicos e psicólogos.

Além do aspecto físico, a síndrome da dor miofascial compromete a vida social e profissional. “Muitos pacientes relatam dificuldade até para dirigir, usar o computador ou carregar objetos leves. A dor crônica não afeta apenas o corpo, mas toda a rotina”, destaca Mariana.

De acordo com a especialista, a informação é a principal ferramenta de prevenção. “Quanto mais cedo a condição é identificada, mais eficaz é o tratamento. A sociedade precisa reconhecer que dor muscular persistente não é normal e deve ser investigada.”

Sobre a Dra. Mariana Milazzotto

Fisioterapeuta com quase 20 anos de atuação, mestre em Ciências Médicas e especialista no tratamento clínico do lipedema. Criadora da Jornada Desvendando o Lipedema, programa que forma fisioterapeutas e terapeutas corporais no atendimento a mulheres com diagnóstico confirmado ou suspeita da doença. É referência no Brasil por sua abordagem humanizada e baseada em evidências científicas.

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