‘Donato Flores’ terá verba para nova obra





Amanda Mageste

Diretoria pretende construir mais blocos e banheiro para atender novas meninas em projeto de inclusão social

 

O Lar Donato Flores receberá R$ 100 mil proveniente de emenda parlamentar para construção de banheiro na sede da entidade. A verba virá por meio do deputado estadual Antonio Salim Curiati (PP), a pedido do vereador Antonio Marcos de Abreu (PP).

De acordo com a assessoria do vereador, o Lar elaborou pedido a ele a fim de adaptar as instalações do local. Em seguida, Abreu contatou Curiati.

O diretor do Lar, Ubirajara Interdonato Feltrin, afirmou que é realmente necessária a construção de um novo banheiro, “porque a entidade atende 160 meninas e precisa de um novo espaço para a privacidade delas”.

O banheiro será construído em uma parte anexa da entidade. Em 2003, a diretoria do Lar ganhou, de uma arquiteta da cidade, o projeto de construção de quatro módulos para abrigar assistidas em atividades diárias.

O local começou a ser construído com verba proveniente do Imposto de Renda, a partir de duas empresas locais: Guardian e Elektro. A construção ainda não acabou por falta de dinheiro, segundo Feltrin.

Até o momento, um bloco foi construído, onde as meninas participam de oficinas de arte, judô, dança, coral e teatro.

Dentro do projeto doado, há um banheiro que fica no centro de todos os módulos, interligando-os. Como a diretoria gostou do trabalho da arquiteta, o espaço será construído mesmo sem a finalização dos módulos.

“Como o banheiro é uma prioridade grande e como a construção de cada módulo custa muito mais caro que um banheiro, a gente conseguiu esses R$ 100 mil para construir”.

“Aí, à medida que formos conseguindo verba, vamos construindo os outros três blocos e, quando estiver pronto, o banheiro já vai estar no meio”, afirmou Feltrin.

Módulos

A construção dos módulos visa ampliar os espaços onde são oferecidas oficinas às meninas e, segundo o diretor, conseguir aumentar o número de assistidas.

“Se a gente passar para 300 meninas, por exemplo, o salão de lanches já não vai dar, vai precisar de um salão maior. Então, num desses módulos, está até previsto uma parte para um refeitório maior”, salientou o diretor.

Além de necessitar de espaço maior para atender às meninas, a intenção da diretoria é construir um anfiteatro para ensaios e apresentações à população.

De acordo com o presidente do Lar, João José Felício Junior, a ideia de fazer um anfiteatro surgiu porque a comunidade que mora perto é “carente de cultura”.

Conforme ele, professores do Balleteatro Fred Astaire, que ministram oficinas de dança às meninas, já demonstraram interesse em apresentar espetáculos para a comunidade.

“Se a gente tivesse um núcleo desse aqui, usaríamos para nós, evidentemente, mas a comunidade também usaria”, observou Feltrin.

Verba

O banheiro deverá ser levantado assim que a verba chegar até o Lar. “Entre a aprovação e o dinheiro chegar aqui, tem todo um caminho, um processo. Se for aprovado, nós somos chamados para assinar um convênio, aí, sim, o dinheiro é transferido para podermos executar o serviço”, explicou Feltrin.

Os R$ 100 mil para a construção do banheiro só poderá ser utilizado para esse fim. Não é possível comprar equipamentos ou produtos para outros fins, ou fazer reparos na entidade. Portanto se sobrar dinheiro, ele deverá ser devolvido.

Conforme o diretor, provavelmente, não sobrará “um centavo” do recurso, porque, antes de fazer o pedido, houve um estudo sobre qual valor seria necessário.

Feltrin comentou que, durante o ano todo, a diretoria “corre atrás” de verba para melhorar a estrutura e oferecer mais conforto e diversas opções de atividades para as meninas assistidas.

Os pedidos de dinheiro são feitos para empresas, pessoas físicas e políticos que atuam no Estado, região ou município. Antes da chegada do recurso, o Lar precisa apresentar pré-projeto sobre o que será feito com a verba.

Incentivo fiscal

De acordo com o diretor, pessoas jurídicas e físicas ajudam pouco as entidades assistenciais do município com a destinação de parte do Imposto de Renda.

“Esse é um grande problema que o Conselho da Criança enfrenta, porque a maioria das empresas não deixa dinheiro aqui. Deveria deixar. Se essas empresas resolvessem deixar essa parte, que é 1% do Imposto de Renda, a área social faria ‘miséria’”, argumentou Feltrin.

De acordo com ele, as empresas e pessoas físicas não perdem dinheiro fazendo isso, e a entidade conseguiria terminar as melhorias para atender mais crianças. Não somente o Lar, como outras instituições do município.

O Lar Donato Flores funciona na cidade há 53 anos. Atualmente, oferece oficinas a meninas de classe baixa e abriga outras garotas, enviadas pela Justiça ou Conselho Tutelar.

Conforme Felício Junior, o Lar não pode abrigar garotas sem o aval da Justiça. “O juiz determina quem deve vir para cá e a hora que ela deve sair. E, para uma garota ser adotada, também é necessária autorização de um juiz”. Na terça-feira, 22, o Lar estava com três meninas abrigadas.

Desde 2003, funciona no Lar, também, um projeto de inclusão social que atende 160 meninas em contraturno escolar. A entidade só recebe pessoas do sexo feminino desde a fundação, em 1961, quando era somente abrigo.

De acordo com o diretor, quando o Lar foi fundado, a filosofia era somente acolher meninas porque, na época, não havia muitos abrigos para elas. As diretorias da entidade foram mantendo esse padrão, mesmo após a implantação do projeto de inclusão social.

“Depois do projeto, a gente viu, realmente, que os meninos tinham muito mais oportunidade que as meninas. Então, decidimos continuar focando somente nelas e dando oportunidades. Sabemos que o mercado de trabalho para o homem é mais fácil”, explicou o diretor.

O projeto de inclusão social funciona de segunda a sexta e atende meninas de 10 a 18 anos. O Lar é ligado ao Ministério do Trabalho e oferece atividades voltadas à inclusão das assistidas em empregos e na vida social.

Garotas de 14 a 18 anos participam, todos os dias à tarde, de preparação para entrarem no mercado de trabalho, com oficinas voltadas ao projeto Menor Aprendiz.

De acordo com o diretor, muitas garotas saem do projeto direto para alguma empresa. E, mesmo que isso não aconteça, ele garante que elas estão preparadas para enfrentar o mercado de trabalho.

Para participar do projeto, a garota é obrigada a estar estudando e a família precisa provar que é de classe baixa, com renda per capita de meio salário mínimo. Além disso, é necessário preencher requisitos em uma entrevista com a assistência social da entidade.

De acordo com o diretor, a entidade está com fila de espera para o ingresso de mais meninas no projeto de inclusão social. Portanto, mesmo que esteja tudo certo nos requisitos, a menina pode aguardar em cadastro de cerca de cem pessoas.

“É aí que voltamos ao fato de que não temos o suficiente para todo mundo. É por isso que estamos querendo construir outro bloco, para podermos aumentar o número de meninas atendidas”, afirmou Feltrin.

O presidente ressaltou que todas as oficinas, seja de informática, dança, música, teatro, judô, artes e outras, são ministradas por profissionais capacitados em cada área.

O Lar mantém-se por meio de doações e festas organizadas pela diretoria. A entidade está situada à rua Vicente Cardoso, 1.591, bairro Sabesp. O telefone para contato é: 3251-1657.