Uma ação conjunta da Polícia Civil e da Polícia Militar resultou na prisão de mais duas pessoas suspeitas de participar do assassinato do comerciante Milton Ribeiro de Araújo. As detenções ocorreram na tarde de sexta-feira, 10.
Os irmãos Leonardo de Jesus Américo, 30, e Alex Américo, 29, receberam voz de prisão a partir de diligências feitas pelas polícias. O primeiro foi detido na funilaria onde trabalhava, na vila Brasil. Os agentes policiais prenderam o segundo na residência onde morava, no bairro São Lázaro.
Uma arma calibre 22, possivelmente utilizada no crime, foi apreendida na casa da namorada de Alex Américo. A mulher não teve os dados pessoais (nome e idade) divulgados.
O principal suspeito, Wellinton José Floriano Vedovatto, 26, afirmou em depoimentos que teria agido sozinho no crime. Os irmãos presos na sexta-feira afirmaram ter participação somente na desova do corpo do comerciante, no rio Sorocaba.
As inconsistências no depoimento de Vedovatto e suspeitas de que haveria mais pessoas na cena do crime levaram os investigadores a trabalhar com a hipótese de que o principal suspeito não agiu sozinho no momento do assassinato. É o que informou o delegado Emanuel dos Santos Françani.
“Demos continuidade nas investigações e levantamos informações sobre outros dois indivíduos que estavam na loja com Wellinton e que um deles teria efetuado disparo com arma de fogo”, contou o delegado.
O corpo do comerciante foi encontrado na manhã de sábado, 11, no rio Sorocaba, embaixo de uma ponte na rodovia Gladys Bernardes Minhoto (SP-129). De acordo com a Polícia Civil, familiares fizeram buscas por toda extensão das margens do rio. Um vizinho avistou uma mancha escura na água e, ao se aproximar, percebeu que se tratava do corpo do comerciante.
Na semana passada, mergulhadores do Corpo de Bombeiros de Tatuí realizaram buscas pelo rio Sorocaba. As chuvas dos dias anteriores teriam atrapalhado o trabalho.
No sábado, um grupo de familiares, vizinhos e conhecidos do comerciante fez buscas a pé pelas margens do rio, cujo nível já havia baixado, o que poderia ter facilitado o processo de busca.
“O corpo foi encontrado a 20 metros de onde o primeiro suspeito tinha apontado como o lugar em que jogou o cadáver. Os parentes conseguiram achar a vítima morta após o nível do rio baixar”, explicou o delegado.
O exame necroscópico apontou que, além dos golpes com taco de beisebol, a vítima fora alvejada com quatro tiros, provavelmente disparados com o revólver calibre 22, encontrado na casa da namorada de um dos suspeitos. Um exame nos projéteis poderá confirmar, ou não, se os tiros partiram da arma dos irmãos Américo.
Policiais civis realizaram perícia na revenda de automóveis onde o comerciante foi assassinado, no bairro Chácara Junqueira. No local, encontraram vestígios de sangue em um cômodo usado para guardar pneus. O sangue também foi encontrado no porta-malas do Volkswagen Gol, preto, utilizado para levar o corpo até o rio.
Investigadores trabalham com a hipótese de que a sala fora o local usado para atirar no comerciante. A teoria explica o fato de que nenhum vizinho ouviu os disparos. No entendimento da polícia, se o tiro tivesse sido disparado de fora, moradores do entorno poderiam ter ouvido estrondo.
Outro fato levantado por investigadores é o sumiço de R$ 1.500 que a vítima teria recebido no dia. A suspeita é que o trio tivesse roubado o dinheiro. O valor não foi localizado pelos policiais durante o cumprimento dos mandados.
Os peritos também encontraram, entre os documentos que estavam no comércio da vítima, uma nota promissória no valor de R$ 2.100. O documento estava preenchido no nome de Vedovatto.
Os três suspeitos do crime tiveram as prisões temporárias de 30 dias decretadas pela Justiça.
A versão da polícia
De acordo com a Polícia Civil, o assassinato do comerciante ocorreu no início da tarde de sábado, 4. O suspeito Vedovatto teria ido à revenda de Araújo tirar satisfações. Conforme o apurado nas investigações, o comerciante estaria cobrando repetidamente uma dívida de R$ 2.100 da venda de um automóvel. Não se sabe ao certo se o crime foi planejado anteriormente.
Iniciada a discussão, Vedovatto, acompanhado dos irmãos Américo, teria desferido golpes com o taco de beisebol da vítima. O objeto fazia parte da decoração da loja.
Na versão trabalhada pelos investigadores, um dos três suspeitos teria dado quatro tiros no comerciante em um cômodo da loja. O corpo de Araújo, então, foi escondido no porta-malas de um Volkswagen Gol, de cor preta, de propriedade da vítima.
Na manhã do domingo, 5, o trio saiu com o carro onde estava o corpo da vítima e com um segundo veículo, um Volkswagen Golf azul, também de propriedade da vítima.
Os dois carros foram levados até a rodovia SP-129. Os ocupantes teriam parado os automóveis perto de um canavial próximo à divisa entre Tatuí e Boituva. Lá, teriam jogado o corpo do comerciante no rio Sorocaba.
Na volta, para despistar a polícia, o trio resolveu deixar o Gol no canavial. Os três voltaram a bordo do Golf azul, carro que foi encontrado com Vedovatto na tarde de segunda-feira, 6.