Doce patrimônio





Com a proximidade das eleições e as consequentes incertezas, algumas dúvidas interessam muito mais aos candidatos que à população. Contudo, outras tantas são significativas para todos. Uma delas diz respeito à continuidade – ou não – de projetos, obras e eventos.

Não seria preciso muito esforço para recordar-se que, no passado (com pretérito indiferente na indicação de pouco ou muito tempo), algumas ações deixaram de se sustentar – ou mesmo mudam de propósitos ou, simplesmente, de nome – para não se “dar o crédito” aos antecessores.

Por um aspecto, nada de novo. É natural que cada um, cada grupo, busque enaltecer os próprios feitos e, na medida do possível, desgastar as realizações passadas quando não lhes diz respeito.

Obviamente, só mesmo quem não entende muito de política poderia ser assertivo demais quanto ao resultado do pleito que se aproxima. A despeito dos ânimos, que já se inflamam e começam a incomodar bastante quem não integra alguma agremiação partidária, a disputa deve ser muito desafiadora.

Por isso também, no momento, não cabe exercícios de futurologia. Interessa, exatamente nesta semana, ressaltar que alguns ganhos, alguns patrimônios, independentemente de quem administra a comunidade, precisam ser não apenas preservados, mas valorizados e incentivados.

Claro, a observação justifica-se pela Festa do Doce, que acontece neste final de semana, já na quarta edição. A expectativa é de que o evento supere a marca de 70 mil visitantes, segundo o Departamento de Cultura e Desenvolvimento Turístico.

Neste ano, o número de participantes cresceu, como vem ocorrendo desde o início. São 69 expositores, 15 a mais que no ano passado. Em 2013, na primeira edição, foram 18 e, em 2014, 40.

O número de alas passou de sete, em 2015, para dez, neste ano. A festa também bate o recorde em tipos de doces: enquanto no ano passado foram 200 especialidades, neste, são 250.

As alas são temáticas: doces finos; chocolates; bolos e tortas; churros, crepes e pastéis; doces de festa e sobremesa; doces tradicionais e artesanais; e bebidas. A festa conta, ainda, com novidades: padaria e confeitaria, produtos de milho e brigadeiros “gourmet”.

Concomitantemente à festa, a organização dá seguimento ao festival de música “Com Açúcar e Com Afeto”. O musical, que tem duração de 36 horas, é realizado nos três dias de evento. Durante o festival, grupos realizam apresentações de música popular brasileira, jazz, rock, samba de raiz e música clássica.

O evento é um sucesso! E, por isso mesmo, suscita especulações. Assim, dizer que o evento foi ideia desse, ou daquele, seria desnecessário, talvez descabido – até porque a maioria da população já sabe mesmo…

Além disso, tem muito candidato, muito pai de criança sadia, como poucos de “deficientes”. Então, melhor, cautela quanto à legislação eleitoral e cuidado, justamente, para não “personalizar” demais uma iniciativa de sucesso como essa, correndo-se o risco de, eventualmente, “criminalizá-la” no futuro.

A festa precisa ser entendida, agora e sempre, como um ganho, um patrimônio do município, não de uma administração em particular, muito menos de um único indivíduo.

Em outras palavras, as administrações têm duração definida, podendo, ou não, serem renovadas pelo voto. Um evento de sucesso não precisa e não deve ter fim.

Aliás, sequer precisa ater-se às fronteiras locais. Apenas para citar um exemplo, a Oktoberfest, de Blumenau, não atrai turistas apenas à cidade típica alemã, mas espalha gente por todo o chamado Vale Europeu há mais de 20 anos, sob várias e seguidas administrações municipais.

Por essa realidade, a Festa do Doce deve ser marcada como um compromisso de campanha de todos os candidatos. Ganhe quem ganhar, Tatuí não pode perdê-la.

Portanto, que a manutenção dessa festa seja reconhecida e torne-se parte integrante do programa de governo de todos os candidatos. Afinal, se Tatuí já era conhecida por sua “ternura”, agora, ela é ainda mais doce, e isso é infinitamente mais importante para o município que as eventuais receitas políticas distintas.