Diagnóstico sobre Santa Casa deve ser concluí­do até a próxima quinta





A quinta-feira da semana que vem marca o prazo final estimado pelo secretário municipal da Saúde, Umberto Fanganiello Filho, Tuta, para a conclusão do relatório preliminar sobre a situação da Santa Casa.

Conforme ele, o Executivo está providenciando levantamento que possa embasar eventuais novas medidas para melhoria do atendimento e redução de dívidas do hospital.

“Estamos fazendo um relatório sobre tudo que está lá dentro. Não se pode assumir um hospital daquele tamanho e falar qualquer coisa antes de ter ‘o preto no branco’, de estar a par de tudo o que está acontecendo”, declarou o secretário.

O diagnóstico é considerado uma espécie de inspeção. “É uma pequena auditoria para saber como tudo está. Ela deve terminar, no máximo, até o dia 10”, disse.

Até lá, o secretário afirmou que não tem subsídios para comentar qualquer coisa a respeito da Santa Casa. Em princípio, ele reconheceu que há problemas.

“Você encontra algumas coisas erradas, outras certas. Mas é preciso, realmente, saber o que está errado e o que está certo para se ter uma conclusão. Se eu falar alguma coisa agora, estarei sendo leviano”, comentou.

Tuta explicou que o relatório preliminar do município não usa dados do diagnóstico promovido pela São Bento Saúde. Conforme ele, a entidade comandada pelo frei Bento de Aguiar e Silva, Frei Bento, não repassou informações ao Executivo.

De acordo com o secretário, a empresa de gestão hospitalar não conseguiu promover grandes mudanças no funcionamento. “Ela tentou mexer na estrutura do hospital, mas encontrou dificuldades”.

“A Santa Casa funciona como uma casa: se o pai e a mãe quiserem mandar, vai haver, realmente, um problema. E, quando o frei assumiu, ainda havia a provedoria”, considerou.

Exatamente por isso, o secretário informou que os representantes não chegavam a consenso. Mesmo com essa dificuldade, Tuta afirmou que o Executivo “acertou” quando exigiu a contratação da São Bento Saúde pelo hospital. “Particularmente, acho que, ainda assim, foi um saldo positivo”, falou.

Segundo o secretário, a Santa Casa funciona normalmente e está mantendo os compromissos em dia. Ele disse, ainda, que o Executivo conseguiu acertar o pagamento do 13º salário da equipe, motivo que levou a uma greve em dezembro do ano passado e que culminou na requisição pela Prefeitura.

“Eles (os funcionários) continuam na Santa Casa, recebendo. Aquele impasse foi, realmente, porque o hospital não cumpriu um ponto”, argumentou.

O secretário fez questão de dizer que a decisão dele, em não repassar o valor para o pagamento da nova parcela ao hospital, se deu por “descumprimento de acordo”. Tuta afirmou que a provedoria não havia entregado um balancete.

“Disseram que eu tinha negado o dinheiro. Eu não neguei, só pedi que o hospital regularizasse a questão, porque, às vezes, você manda o dinheiro e não está regularizado. Daí, sobra para o prefeito e para o secretário”, argumentou.

Conforme ele, a equipe que administrava o hospital não enviou o balancete a tempo. “Eu bati o pé e não deu para eles enviarem. Eles me mandaram dois dias depois, tanto é que, logo, eu repassei o dinheiro”, acrescentou.

Para evitar eventuais problemas, Tuta afirmou que o prefeito José Manoel Correa Coelho, Manu, decidiu fazer a requisição. Desde então, o Executivo realizou apenas uma “mudança imediata” na estrutura do hospital.

“O que aconteceu foi que nós desmembramos. Atualmente, tem uma comissão só tomando conta da Santa Casa e eu, como secretário, dando suporte”, disse.

Nomeada por meio de decreto, a comissão é composta por três funcionários públicos: a ex-secretária municipal e diretora da Saúde, Sandra Maria dos Santos (gestora geral); a diretora de recursos humanos da Prefeitura, Fabiana Freitas (gestora administrativa); e o técnico do setor de contabilidade, Jefferson de Biagi Candido Silva (gestor financeiro).

“Nós nos entrelaçamos. Eu dou alguns palpites, mas não ordem. A comissão acolhe tudo que falamos durante reuniões periódicas”, disse o secretário.

Na próxima semana, os encontros deverão ter como tema o relatório preliminar da auditoria. O levantamento abrangerá dados de todos os setores do hospital, como a parte médica e os convênios de contratualização.

“Tudo isso será analisado e, posteriormente, poderá, ou não, ser revisto”. Segundo ele, o diagnóstico abrangerá o Banco de Sangue “Fortunato Minghini”, mantido pelo Lions Clube e que atua como unidade coletora.

“Temos vários problemas, inclusive, com cirurgias. Ficou tudo meio bagunçado, mas nós estamos acertando, vendo tudo que precisa para funcionar, até a equipe médica, porque nenhum hospital funciona sem médicos”, ressaltou.

Mesmo com todas as dificuldades, Tuta disse que entende ser “perfeitamente possível” administrar a Santa Casa. O hospital possui dívidas de mais de R$ 18 milhões. Além disso, não poderá atender convênios, por conta da requisição.

“No Brasil, existe um hospital na Bahia que vive só de SUS (Sistema Único de Saúde). Se ele consegue e foi pego com muita dívida, por que nós não?”, questionou.

O secretário disse que tem como princípio a “busca pelo sim”. “O não eu já tenho. O que eu faço é procurar acontecer”, declarou ele, que sustentou apostar na readequação do atendimento por parte da Santa Casa para balancear uma perda de receita.

Como o hospital não pode atender convênios, deixará de ter um valor mensal considerado importante. Até então, a crise na Santa Casa era atribuída ao não credenciamento de empresas como a Amil, que poderia contrabalancear recursos na ordem de R$ 300 mil, perdidos com a saída da Unimed.

“Eu achei um erro muito grande a provedoria anterior não solicitar ajuda de outros convênios. O mais forte de Tatuí é a Unimed, que é uma instituição firme, bem centrada. Ela poderia ajudar, porque ainda precisa de leitos”, disse Tuta.

O secretário defende, ainda, a possibilidade de parcerias para melhorar a estrutura do hospital. “Inclusive, na UTI (unidade de terapia intensiva), que é a que mais dá prejuízo para a Santa Casa. Mas eu não posso criticar uma administração quando eu não estava lá dentro para saber como era”, encerrou.