Cristiano Mota
Diretor do órgão divulgou relatório com conclusão de alterações nesta semana; iniciativa inclui nova pintura de solo e faixas de pedestre
As intervenções do Demutt (Departamento Municipal de Trânsito e Transportes) têm registrado repercussão positiva. Quem informa é o diretor do órgão, Francisco Antonio de Souza Fernandes, o Quincas, que divulgou nesta semana a “finalização” de cinco planilhas focadas em segurança e fluidez.
Em entrevista a O Progresso, Quincas sustentou que as mudanças feitas até o momento pela municipalidade estão sendo bem aceitas pela população. “Sou suspeito em falar, mas a expressão é a seguinte: ‘Só é contra quem é do contra’”, disse.
Conforme o diretor, sete entre dez pessoas ouvidas pelo departamento mostram-se “plenamente favoráveis” às modificações. Até este mês, elas incluíram mudanças de mão de direção, de preferencial e de lado de estacionamento.
“Tenho essa resposta das pessoas porque eu estou na rua, eu não fico no gabinete. Estou andando e conversando para saber as impressões”, sustentou.
Entre as alterações que geraram “boas impressões”, Quincas citou a proibição de estacionamento do lado direito da rua Francisco Pereira de Almeida, no sentido centro-bairro.
Conforme ele, moradores do entorno aprovaram as modificações no tráfego. Naquela região, o Demutt também alterou a rua Coronel Palimércio de Rezende, tornando-a via de mão única.
O departamento completou, nesta primeira etapa, outras modificações. Proibiu o estacionamento na rua 13 de Maio em frente à Padaria XV e implantou vaga para carga e descarga de mercadorias. Na rua Prudente de Moraes, alterou o fluxo do trânsito, extinguindo o acesso (à direita) à rua do Cruzeiro.
Por sugestão do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), GCM (Guarda Civil Municipal), Corpo de Bombeiros, CCR SPVias e empresas (FBA e Rontan), que possuem equipes para atendimento de urgência e emergência, definiu como mão preferencial a rua Capitão Lisboa. O objetivo é dar acesso direto ao Pronto-Socorro Municipal “Erasmo Peixoto”.
O órgão também modificou a mão de direção (como mão única) de duas ruas no sentido centro-bairro. A primeira, a Santa Cruz; a segunda, a Juvenal de Campos.
As próximas alterações serão realizadas na rua Coronel Bento Pires – que passará a ser mão única no sentido centro-bairro – e no sentido de direção de ruas no entorno da Agência Central dos Correios. Neste último caso, o objetivo é facilitar a circulação de veículos ao redor do quarteirão.
Para isso, o Demutt vai alterar a mão de direção das ruas José Ortiz de Camargo (ao lado da Secretaria Municipal da Saúde) e 13 de Maio (em frente aos Correios e Casa da Agricultura). As modificações devem começar nas próximas semanas.
Nesse intervalo de tempo, o departamento começará a atender a requerimentos de usuários, vereadores e representantes de entidades da sociedade civil e de empresas. São pedidos que vão de pintura de sinalização de solo (faixas de pedestre e de parada de veículos) a instalação de placas.
De modo geral, Quincas afirmou que as modificações têm dois principais objetivos: a segurança dos usuários e a fluidez do trânsito.
Comparou as reações às alterações realizadas em Tatuí às de outras cidades, como São Paulo. “Lá, ampliaram corredores de ônibus. Quiseram priorizar a mobilidade. A Prefeitura viu o lado do passageiro que usa o transporte público”, argumentou.
Em Tatuí, o diretor disse que os objetivos alternam-se. Na rua que dá acesso ao Lar São Vicente de Paulo (Professor Francisco Pereira de Almeida), o Demutt visou manter segurança; na Capitão Lisboa, buscou a fluidez.
“Cada via é uma situação. Mas temos locais em que elas se encontram”, sustentou Quincas. Como exemplo, citou a mudança de mão de direção da rua Santa Cruz. O Demutt tornou-a sentido único bairro-centro a partir do cruzamento da rua Coronel Guilherme.
“Ali, a questão era a segurança das crianças, que saem da escola”, disse o diretor. A rua é ponto de entrada e saída da Emef (Escola Municipal de Ensino Fundamental) “Professor José Tomás Borges” e, conforme Quincas, concentra grande número de circulação de pessoas e veículos (pais que vão buscar os filhos, ônibus escolares e “vans” para o transporte dos estudantes).
Com as intervenções, o diretor afirmou que houve melhora também na segurança dos pedestres e usuários da via. “Tínhamos um problema sério que, se você perguntar a um guarda civil municipal, já não existe mais”, afirmou.
Quincas afirmou que todas as intervenções são sempre precedidas de avisos. A Prefeitura promove sinalização das vias com faixas e cartazes para alertar os condutores sobre as novas regras de circulação de veículos.
De acordo com ele, o aviso é determinado pela legislação de trânsito e acontece pelo menos dez dias antes da modificação entrar em vigor.
“Vamos avisando os motoristas. Depois, ainda, temos de aguardar em torno de 15 a 20 dias para começar a atuar. Isso é pedido pela legislação”, frisou.
Antes disso, o Executivo instala placas e faz a pintura de solo. O diretor explicou que esses são serviços que precisam ser feitos antes das modificações terem validade. “Fazemos isso porque não temos, de imediato, agentes e guardas para ficar diuturnamente numa esquina”.
Apesar das medidas preverem melhorias nas vias em que passam a vigorar, Quincas admitiu que outros pontos podem apresentar certo “efeito colateral”.
Exemplo é a rua Juvenal de Campos, que registra maior tempo de circulação, principalmente no trecho do cruzamento com a Capitão Lisboa.
“Temos observado uma lentidão, mas isso acontece em horário de pico (almoço e final da tarde). Aí, não tem jeito. Não há remédio que dê jeito”, argumentou.
Quincas citou que o mesmo efeito é sentido em cidades vizinhas e afirmou que o Demutt está buscando referências em municípios como Indaiatuba.
De acordo com ele, essa cidade serve como modelo de remodelação do sistema viário. Entretanto, falou que todos os municípios maiores têm trânsito em horário de pico. “A conversa é única: todas as cidades falam que, no horário de pico, não tem jeito, porque todo mundo quer sair ao mesmo tempo”.
Para chegar às intervenções, Quincas afirmou que o departamento realizou estudo de 60 dias. O diretor também citou que faz questão de circular pelas ruas, em especial as modificadas, para verificar se estão surtindo efeito.
“Mudei a rota que faço para minha casa, para ir observando. Mas repito, em horário de pico, sempre haverá trânsito. Aí, nem Jesus Cristo pode resolver”.
Antes de gerir o Demutt, Quincas atuou em comissão criada pela Câmara Municipal para contribuir com a antiga Secretaria Municipal da Segurança Pública e dos Transportes. “Estou nesse cargo pela minha experiência”, comentou.
Na época da comissão, ele exercia a função de vereador e precisou aprofundar-se nas legislações de trânsito. Quincas presidiu os trabalhos de um grupo de parlamentares.
“Além disso, eu uso o bom-senso e costumo ouvir a comunidade. Todas as mudanças são feitas com base em estudos”, ressaltou.
Conforme ele, é preciso também senso crítico, uma vez que as alterações podem provocar outros impactos.
“Se formos só pela cabeça das pessoas, a rua do Cruzeiro e a São Bento teriam de ser mão únicas”, alegou, ao citar que as mudanças são realizadas somente após avaliação de um conjunto de fatores.
“É preciso saber que as decisões são tomadas com base em estudos. No nosso caso, fizemos um trabalho planilhado para ver os pontos críticos”, comentou.
Quincas também defendeu que as mudanças no trânsito serão constantes. O cronograma de ações apresentado por ele, no entanto, prevê 28 alterações, entre mudanças de mão de direção, de via preferencial, implantação de rotatórias e semáforos.
“O trânsito é uma questão que não tem fim. Eu poderia dizer que existe um prazo determinado para as mudanças, mas só se não fossem emplacados mais carros na cidade, se não viessem mais indústrias, se os carros dos municípios vizinhos não circulassem mais em Tatuí. Aí, eu falaria que poderíamos terminar o projeto e ‘dormir em berço esplêndido’”, encerrou o diretor.