Dr. Jorge Sidnei Rodrigues da Costa *
Devido novamente ao aumento dos casos de dengue em nossa cidade, decidimos publicar outra vez o artigo a respeito. A dengue ou o dengue (as duas formas de se pronunciar são válidas) – é uma doença viral e febril transmitida pelo mosquito fêmea do Aedes aegypti e é considerada um dos principais problemas da saúde pública do mundo.
O mosquito transmissor é o Aedes aegypti, que é um arbovírus. Em média, cada mosquito vive em torno de 30 dias e a fêmea (somente a fêmea contaminada transmite o vírus ao sugar uma outra pessoa) chega a colocar entre 150 e 200 ovos de cada vez.
Os ovos não são postos na água, e sim milímetros acima de sua superfície, em recipientes como latas e garrafas vazias, pneus, calhas, caixas d’água descobertas, pratos de vasos de plantas ou qualquer outro objeto que possa armazenar água de chuva.
Quando chove, o nível da água sobe, entra em contato com os ovos, que eclodem em pouco mais de 30 minutos. Em um período que varia entre cinco e sete dias, a larva passa por quatro fases até dar origem a um novo mosquito.
O Brasil não está preparado para uma epidemia de dengue hemorrágica, pois não há leitos suficientes nem mesmo para os pacientes que pegaram a dengue clássica. Por isso, o controle dos vetores é a melhor saída para evitar a doença.
Transmissão
Sua principal forma de transmissão é quando uma fêmea do Aedes aegypti pica uma pessoa infectada, daí o vírus da dengue que circula no sangue dessa pessoa é ingerido pelo mosquito, infectando o mesmo, que pode picar outras pessoas e transmitir o vírus.
Mas, existem registros de “transmissão vertical” (da gestante infectada para o bebê) e, também, por transfusão de sangue. O mosquito contaminado é capaz de disseminar a doença durante todo o seu ciclo de vida (cerca de seis a oito semanas).
Sorotipos da dengue
Pesquisas indicam que existem quatro tipos diferentes de sorotipos do vírus da dengue. Quando um indivíduo se infecta por um deles, consequentemente ele fica imune parcial e temporariamente contra este que lhe infectou, não estando protegido dos demais sorotipos.
Os sorotipos são: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. A infecção pode ser assintomática, leve ou até causar doença grave com risco de morte. Quando um indivíduo tem a dengue uma primeira vez, se ele tiver uma segunda contaminação, corre mais o risco de desenvolver uma dengue hemorrágica.
Sintomas
O período de incubação dura de quatro a dez dias. Normalmente, o primeiro sintoma é a febre alta de início súbito, durando de dois a sete dias, podendo ser acompanhada de dor de cabeça, dores no corpo e nas articulações, dor na panturrilha (“barriga da perna”, abatimento do estado geral, fraqueza, dor atrás dos olhos (ao apertar os olhos fechados com a sua mão você sente a dor), erupção (vermelhidão) na pele e coceira. Perda de peso, náuseas e vômitos são comuns.
Nessa fase inicial, pode ser difícil de diferenciá-la de outras doenças febris. Geralmente, entre o terceiro e o sétimo dia da doença, ocorre uma diminuição ou desaparecimento da febre, e alguns casos evoluem para a recuperação e cura; outros, porém, podem apresentar sinais de alarme, evoluindo para as formas graves da doença.
Os principais sintomas são: dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes, sangramento de mucosas (nariz, gengivas), hipotensão (queda da pressão arterial), letargia, sonolência ou irritabilidade e tontura. Na presença destes sinais, o paciente deve imediatamente procurar atendimento médico no PS, que provavelmente o tratará internado.
Tratamento
Não existem medicamentos específicos para combater o vírus. O tratamento visa ao controle dos sintomas, hidratação EV e estabilização do paciente.
Prevenção
Uma das formas de prevenção, como todos já sabem, é combater os focos criadouros do mosquito Aedes aegypti (se reproduz em água limpa e parada em algum local). A outra e a mais moderna e atual forma de prevenção é através da vacina.
Hoje, já existe uma vacina disponível nas clínicas particulares. É a Dengváxia, vacina fabricada pela Sanofi Pasteur, em Val de Reuil, na França. A vacina (francesa) é composta dos quatro sorotipos do vírus (DEN1, DEN 2, DEN3 e DEN 4) e reduz muito o risco de contrair a dengue grave (93%).
Reduz em 80% o risco de hospitalização por dengue. Evita dois a cada três casos de dengue. A vacina está indicada para crianças a partir de nove anos de idade, adolescentes e adultos.
O esquema é feito com três doses da vacina com intervalo de seis meses entre cada uma. A vacina só está indicada quando a pessoa acima de nove anos já teve a doença (ela é provocada por um tipo dos quatro vírus), o que não protege a pessoa de ter a dengue pelos outros três tipos. Assim, fazendo a vacina, a pessoa se protegerá contra os outros três sorotipos da doença; pode-se também ser usado um bom repelente (o melhor é a base de icaridina) contra o mosquito (peça a indicação para o seu médico).
Reações
As mais comuns são dor no local da aplicação, dor muscular e dor de cabeça. Contraindicações da vacina: a vacinação não requer qualquer cuidado prévio, porém, deve-se adiar a vacinação em caso de doença febril aguda (moderada a grave), e também é contraindicada para pessoas imunodeprimidas, gestantes e mulheres que estejam amamentando, e também em crianças menores de nove anos.
Referências e fontes – WHO, SBim, boletim epidemiológico do Ministério da Saúde; Fiocruz.
* Médico com título de especialista em pediatria pela AMB e SBP, membro da SBim, diretor clínico do Cevac – Centro de Vacinação de Tatuí.