Dema fará investigação para a recuperação de ‘lixão’ inativo

O processo de encerramento do “lixão” de Tatuí deve entrar em nova fase nos próximos meses. Após a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) dar o aceite para os relatórios iniciais e parecer técnico, o Dema (Departamento Municipal de Meio Ambiente) iniciará a investigação ambiental para saber o tamanho da contaminação da área ocupada pelo depósito de lixo desativado.

O antigo lixão fica na estrada municipal Moisés Martins, que liga Tatuí ao distrito de Americana. O local funcionou por cerca de 20 anos, até ser desativado em setembro de 2012. Desde então, a Prefeitura atua para conseguir recursos com o Estado e a União para realizar medidas mitigadoras.

Uma análise geofísica revelou haver, no antigo local, um volume aproximado de 2,6 milhões de metros cúbicos de lixo. A estimativa foi realizada pela empresa contratada para fazer o relatório de desativação do lixão, de acordo com o perito ambiental José Vicente Alamino de Moura, do Dema.

O lixão foi encerrado pela Prefeitura com a classificação de aterro controlado. Ele contava, no momento do fechamento, com guaritas para monitoramento de entrada e saída de pessoas, porém, não possuía impermeabilização do solo, tampouco coleta de chorume.

O poluente é originado de processos biológicos de decomposição da matéria orgânica presente nos resíduos sólidos. O chorume pode contaminar o solo, lençol freático, aquíferos e cursos d’água. Para saber a extensão da contaminação do lixão, será realizada a investigação ambiental, conforme o perito.

“O processo de recuperação de um aterro é fazer de tudo para que ele não contamine mais o meio ambiente. Nós fazemos um controle da área contaminada e, ali, isolamos e esquecemos daquilo por um tempo, sempre monitorando”, explicou.

Além do chorume, a decomposição do lixo doméstico gera outros poluentes, como o gás metano, criado a partir da decomposição de alguns tipos de bactérias anaeróbicas (que vivem sem a presença de oxigênio).

Para reduzir os danos, o Dema planeja realizar a drenagem do chorume, captação de gás metano e linhas de drenagem de águas pluviais, para evitar a contaminação da água das chuvas com o percolado.

“Com essa investigação ambiental, vamos saber quanto irão custar as medidas mitigadoras. Até um tempo atrás, custariam R$ 5 milhões. Com o estudo, poderemos ir atrás de recursos para podermos colocar em prática o trabalho a longo prazo”, declarou.

Para poder conter a contaminação da área que era utilizada para decomposição do lixo domiciliar, Tatuí poderá recorrer a recursos do Fehidro (Fundo Estadual de Recursos Hídricos), do governo estadual e, até, da União.

Atualmente, a cidade destina o lixo domiciliar ao aterro sanitário da empresa Proposta Engenharia, no município de Cesário Lange. Conforme o “Inventário Estadual de Resíduos Sólidos Urbanos 2016”, publicado em maio deste ano pela Cetesb, o local recebeu nota dez no IQR (Índice de Qualidade de Resíduos).

O aterro da Proposta Engenharia recebe resíduos domiciliares das cidades de Tatuí, Cesário Lange, Jumirim, Laranjal Paulista, Pereiras, Quadra e Itapetininga. Tatuí, segundo a Cetesb, envia 101 toneladas diárias ao local, que recebe 261,94 toneladas/dia.

Moura adiantou que não há, no município, a intenção de construir um aterro sanitário que atenda somente a Tatuí.

“A ideia é que os aterros sejam regionalizados, atendendo aos planos regionais de resíduos sólidos e de saneamento. O governo federal e o Estado insistem muito na formação de consórcios, para que as cidades tenham planejamento em conjunto”, frisou.