‘Deixo titularidade, mas entro para história’, diz Alexandre Andreucci





Fazendo uso e adaptação de frase da “Carta-Testamento” deixada pelo ex-presidente da República, Getúlio Dornelles Vargas, o ex-delegado titular de Tatuí, José Alexandre Garcia Andreucci, falou sobre a saída do município.

Em entrevista coletiva, o delegado traçou um histórico da carreira dele em Tatuí, enumerou dados e citou que sai do cargo “de cabeça erguida”.

Andreucci teve transferência para a Seccional de Itapetininga publicada no DOE (“Diário Oficial”) do Estado de São Paulo no segundo sábado deste mês, dia 8. Portaria assinada pelo delegado-geral de Polícia, Luiz Maurício Souza Blazeck, designou-o para a cidade vizinha “em virtude de promoção”.

O ex-titular do município havia sido promovido à primeira classe no dia 16 de janeiro deste ano. Andreucci, no entanto, poderia permanecer em Tatuí, uma vez que a Delegacia do Município foi elevada à primeira classe em março de 2001, a pedido do então deputado estadual Luiz Gonzaga Vieira de Camargo.

Por meio de portaria, o delegado-geral cessou os efeitos de outra portaria que autorizava Andreucci a ter “exercício em classe superior, como titular de Tatuí”. Com isso, o delegado teve de ser transferido para assumir cargo na cidade vizinha.

Na sexta-feira, 21, Andreucci conversou com os veículos de comunicação. Ele afirmou que registrou “inúmeros recordes no município ao longo da carreira”. O primeiro deles, o tempo que exerceu o cargo, “ininterruptamente”.

Andreucci chegou ao município em 1991, para assumir a titularidade do 3º DP (Distrito Policial). Na época, a unidade funcionava na rua Adauto Pereira. Depois, assumiu a Cadeia Pública e, na sequência, a titularidade.

Em Tatuí, recebeu 46 moções de elogios concedidas pela Câmara Municipal pelos “relevantes serviços prestados na cidade”. Também se tornou o delegado que “mais concedeu entrevistas” aos órgãos de imprensa da cidade e região.

Nos 23 anos em Tatuí, teve mais de 800 notícias vinculadas em jornais da cidade e região. “Todas elas, sempre esclarecendo crimes”, salientou o ex-titular.

Ele também concedeu entrevistas sobre “casos complexos”, que renderam mais de 170 reportagens vinculadas nos telejornais de amplitude nacional, incluindo “Bom Dia São Paulo”, “Bom Dia Brasil”, “Jornal Nacional” e “Fantástico”.

Andreucci afirmou que demorou 18 anos para assumir o cargo de titular do município. Até então, havia exercido “todos os cargos da Polícia Civil”. Na cidade, criou o SIG (Setor de Investigações Gerais) unificado e a Central de Inteligência.

Quando diretor da Cadeia Pública, atuou no trabalho de desativação da unidade, que, em 2007, atingiu 300 detentos. “Graças a Deus, a cadeia foi interditada sem dar causa a uma tragédia que estava sendo aguardada e esperada”, disse.

Andreucci citou, ainda, que todas as funções exercidas por ele em Tatuí o balizaram para o cargo mais difícil: titular da Delegacia Central.

Afirmou, também, que teve uma carreira “repleta de recordes” em oito anos como titular – ele assumiu o posto no ano de 2006. A começar pelo número de homicídios esclarecidos.

Dos 72 registrados no período em que ele exerceu a titularidade, 67 foram esclarecidos. Durante os oito anos, houve dez latrocínios (roubos seguidos de morte) na cidade, sendo todos elucidados. “Portanto, 100% de esclarecimento”, frisou.

No ano em que assumiu a função, Andreucci ressaltou que Tatuí apresentava 25 homicídios por ano, sendo que a média de esclarecimentos era de quatro. Em 2013, a Polícia Civil esclareceu todos os crimes de assassinato.

“Esse fato é relevante se considerarmos que Tatuí, em 2003, chegou a ter 35 homicídios, e Brasília, capital federal, que tem a polícia mais bem paga e aparelhada do país, teve, no ano passado, 25 homicídios para cada cem mil habitantes”, apontou.

Ao falar sobre a carreira, o delegado agradeceu o apoio recebido dos policiais civis e funcionários municipais que atuaram ao lado dele. Também citou a colaboração dos meios de comunicação para a divulgação e esclarecimento dos crimes, os leitores e os ouvintes. Agradeceu, por fim, às instituições civis, que “sempre ajudaram”, companheiros e amigos pessoais.

“Em todos esses anos, vários picos de determinados crimes ocorreram, mas eu nunca me omiti. Fui, perante a imprensa, comentar estatísticas, comunicar o que estava ocorrendo e as medidas policiais para combatê-los. E, graças a Deus, sempre conseguimos fazer um trabalho brilhante”, afirmou.

“Sempre atuei, levando os índices de criminalidade para baixo. Segurança pública não é para amadores. Deixo o cargo de cabeça erguida e com a certeza do dever cumprido”, concluiu.

Andreucci teve a realocação efetivada antes da inauguração do complexo da Polícia Civil. O delegado atuou em todos os processos que viabilizaram as obras. Auxiliou no estudo técnico, na elaboração do projeto e, após o início das obras, atuou por melhorias.

Durante a fase de reforma da antiga Cadeia Pública, ele conseguiu doações. Entre elas, vidros à prova de bala, cedidos pela multinacional norte-americana Guardian do Brasil, além de projeto de paisagismo, iluminação, pintura e, até, a instalação de uma fonte de água para a antiga cadeia.