Defesa Civil consegue quatro novos pluviômetros digitais após parceria





David Bonis

Novo pluviômetro instalado em base de concreto

 

A Defesa Civil instalou quatro novos equipamentos em Tatuí que servem para monitorar a quantidade de chuva. Conhecidos por “pluviômetros”, os aparelhos digitais vieram sem custo algum, para auxiliar no monitoramento de áreas de risco.

Os aparelhos chegaram após Tatuí ter sido contemplada pelo Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), ligado ao Ministério de Ciência e Tecnologia, que os forneceu por meio do programa “Pluviômetro nas Comunidades”.

Para receber os equipamentos do governo federal, os municípios têm de atender a uma série de requisitos. Entre eles, ter um departamento de Defesa Civil regularizado por lei, ter plano de monitoramento contra desastres naturais e detalhar os locais onde pretende instalá-los.

A instalação dos aparelhos foi o único trabalho que a Defesa Civil teve, já que não arcou com os custos. Cada um deles chega a custar R$ 4.500.

O Cemaden, que doou os equipamentos, orienta para que os pluviômetros sejam colocados em uma base de concreto, a uma distância de três metros de muros e portões, ou seja, de qualquer objeto alto.

Essa recomendação existe para que a chuva que caia em um muro, por exemplo, não respingue dentro do pluviômetro – o que alteraria o monitoramento. Além dos quatro equipamentos, a Defesa Civil recebeu manuais para instalá-los.

Segundo o coordenador-adjunto da Defesa Civil, João Batista Alves Floriano, a instalação é simples e foi realizada pelos próprios membros do departamento.

É de praxe nas grandes cidades pôr esses equipamentos em locais próximos às áreas de risco. Mas, em Tatuí, a Defesa Civil alterou esse “modus operandi” para aprimorar o monitoramento dos equipamentos.

O primeiro pluviômetro foi posto no dia 18 de setembro, em espaço dentro da Secretaria de Infraestrutura, Meio Ambiente e Agricultura, na avenida Domingos Bassi, 1.000 – mais especificamente na sede da Comdec (Coordenadoria Municipal de Defesa Civil).

Com o equipamento próximo aos membros do departamento, a ideia é fazer com que os próprios técnicos da Defesa Civil façam a contagem da quantidade de chuva. Isso implica na rapidez com que o órgão pode agir para antecipar desastres.

“Por que nos grandes centros eles põem os equipamentos nas áreas de risco? Porque a comunidade vai monitorar o equipamento e avisar a Defesa Civil de que ultrapassou o limite de água que o solo aguenta”, contou.

“Aqui, é o contrário: nós monitoramos e, caso constatemos que o limite de saturação do solo foi atingido, avisamos a comunidade”, explicou o coordenador.

Devido à formação do solo na região, o limite de água considerado seguro pela Defesa Civil é de até 80 milímetros de chuva. Passou desse número, o solo corre risco de deslizar. Na prática, basta chover três dias seguidos para que esse limite seja atingido, como explicou Floriano a O Progresso.

Nas ocasiões em que isso acontece, o departamento avisa aos moradores que vivem em áreas de risco a se prepararem para que, a qualquer momento, possam ser retirados de suas casas.

Há dois pontos considerados críticos pela Defesa Civil quanto a deslizamentos de terra. Um no Morro Grande e outro no Jardim Europa.

“Para o monitoramento no Jardim Europa, não foi preciso colocar pluviômetro lá porque, pela medição que teremos nos pontos estratégicos onde colocamos os equipamentos, vou fazer os cálculos com base na quantidade de chuva e no limite de saturação do solo. Deu 80 milímetros, a Defesa Civil age”, reforçou.

Além de ajudar a antecipar deslizamentos, esses aparelhos servem para antecipar enchentes. Por isso, os outros três aparelhos foram colocados próximos a rios e córregos.

No dia 24 de setembro, foi posto um pluviômetro na Unidade Básica de Saúde da Família do Santa Rita, e outro na Fundação Educacional Manoel Guedes, no bairro Tanquinho.

O Santa Rita foi escolhido como ponto de monitoramento por ser o local mais próximo encontrado pela Defesa Civil para medir as alterações no rio Tatuí. Já o equipamento no Valinho – que não é área de risco – serve para monitorar a nascente do ribeirão Manduca.

O último pluviômetro foi instalado nesta quinta-feira, 9, na UBSF do bairro Americana, local considerado de risco. “Americana é área de risco. É o encontro de dois rios que alagam até dois terços do bairro em chuvas intensas”, explicou Floriano.

Funcionamento

Esses pluviômetros funcionam da seguinte maneira: a chuva cai dentro de um copo preto, protegido por uma peneira de alumínio, que evita a entrada de resíduos sólidos capazes de interferirem na medição do índice de chuva.

Dentro desse “copinho”, é feita a contagem em milímetros de água. O diferencial desse aparelho é o monitoramento digital, capaz de aferir com precisão a quantidade de chuva que atingiu o solo. Para Floriano, isso representa um ganho à cidade.

“Hoje, temos equipamentos que não perdem para aparelhos de nenhum lugar do Brasil e do mundo. É de altíssima precisão. Isso ajuda a Defesa Civil a estar mais equipada. São pequenos instrumentos, mas de grande precisão, que geram um benefício muito grande”.

Já os antigos pluviômetros da Defesa Civil eram manuais. Eram copos triangulares, com marcações fixas, semelhante a uma régua para medir a quantidade de chuva que caía dentro do equipamento. Todo o processo era manual.

Com os novos equipamentos, no entanto, basta pressionar um botão na parte da frente para que toda a medição seja mostrada no visor.

Pela parte da frente do pluviômetro, é possível monitorar o quanto choveu na última hora, nas últimas quatro horas, nas últimas 24, 48, 72 e 96 horas.

Todos os dias, a partir das 8h, um técnico da Defesa Civil monitora o resultado dos equipamentos. Desde que o aparelho está na sede da Comdec, choveram apenas 70 milímetros.

Esse índice é considerado baixo. No entanto, é maior em relação ao volume de chuvas dos meses de junho, julho e agosto. Juntas, as medições desses três meses somam 92,5 milímetros.

A escassez de água tem se mostrado pelo menos desde o início do ano, especialmente entre dezembro e março, os meses de mais chuva. Em janeiro de 2014, por exemplo, choveram apenas 70 milímetros em Tatuí. No mesmo período do ano passado, esse número foi de 269 milímetros.

Devido à escassez de chuva, a preocupação não fica por conta de enchentes ou deslizamentos. Mas, sim, com os incêndios. Nesse caso, os responsáveis pelo monitoramento das ocorrências são os bombeiros, e não a Defesa Civil.

De acordo com o comandante do 2º Subgrupamento do Corpo de Bombeiros, capitão Cláudio Augusto Antunes da Silva, todos os dias ocorrem incêndios na cidade.

Muitos deles são causados pela própria população ao atear fogo em matos ou objetos para limpar terreno. Devido ao tempo seco, o incêndio aumenta de proporção.

O capitão lembra que esse tipo de ação é considerada crime e que os bombeiros acabam tendo que deslocar o efetivo para regularizar uma situação que poderia ser evitada pelos próprios munícipes.

“É preciso ter responsabilidade, tanto em não colocar fogo em objetos, quanto em não passar trote para o Corpo de Bombeiros, porque atrapalha o efetivo da corporação”, pediu o comandante.