DC quer apoio para conter deslizamento





Defesa Civil

Encostas de cerâmica e estacionamento de supermercados estão sob vigilância constante da DC local

 

Deslizamento de solo registrado no bairro Marapé no final do mês passado deve resultar em convênio. Pelo menos é o que divulgou a O Progresso nesta semana o secretário-adjunto da Defesa Civil, João Batista Alves Floriano.

Segundo ele, o órgão pretende apresentar projeto para realizar “intervenção definitiva” nas proximidades da ponte que liga a rua Capitão Lisboa à avenida Vice-prefeito Pompeo Reali, no São Cristóvão. O local registrou, no final de outubro, deslizamento por conta das fortes chuvas que caíram no município.

Floriano explicou que o solo cedeu, aproximadamente, cem metros após a ponte. A área afetada dá acesso ao estacionamento de veículos de uma rede de supermercados.

Conforme ele, o problema é decorrente do volume de água da chuva e do tipo de construção da ponte. O secretário-adjunto afirmou que na época da edificação, houve a inclusão de uma ala de concreto, para direcionar a água do ribeirão do Manduca.

“Essa ala desviou o córrego que foi bater na outra margem, onde houve o deslizamento”, afirmou Floriano. Desta forma, criou-se o chamado “processo erosivo”.

Conforme a Defesa Civil, a situação se agravou com a reforma de pontes que cortam o ribeirão do Manduca. Como elas tinham uma “vazão muito pequena” de água, formavam uma barreira de contenção, que tornou a erosão mais lenta.

Por meio de convênios, a Prefeitura reconstruiu as pontes que dão acesso às ruas Floriano Peixoto, Deodoro da Fonseca, Santo Antônio, Tamandaré e 7 de Abril. As obras permitiram a duplicação da vazão do córrego, aumentando a velocidade e a força da água do ribeirão que aumenta em volume com chuva.

“Se essa água está direcionada ao barranco, ela vai minando, ocasionando processo erosivo. Dependendo da chuva e da quantidade de água, acontece deslizamento”, disse o secretário-adjunto.

De acordo com Floriano, o problema torna-se ainda mais grave por conta da impermeabilização do solo (ruas com asfalto e calçadas). Sem poder ser absorvida, o membro da DC afirmou que a tendência é de a água sempre cair no córrego. Razão pela qual, o ribeirão sobe e os deslizamentos ocorrem.

Para ele, a questão pode se tornar ainda mais grave com a chegada do período chuvoso. Em Tatuí, as chuvas têm maior incidência entre os meses de dezembro a fevereiro. Mesmo precipitações consideradas pequenas, com pouco volume ou tempo, pode representar problemas já que não há absorção do solo.

Floriano afirmou que um volume considerado forte, mesmo em pequenos intervalos de tempo, vão fazer com que o volume da água do ribeirão aumente. “Você tem toda a caída de água da área alta da cidade para o ribeirão. O córrego, que é um filete, vira uma corredeira, um rio poderoso”, comparou.

A força da água – já elevada – “mina” o solo do terreno que fica atrás do estacionamento e de uma cerâmica, representando riscos. O órgão já fez uma avaliação do local, quando soube do deslizamento de solo. Adotou, como primeira providência, a preservação do terreno, de modo a evitar passagem de pedestres.

Segundo Floriano, o barranco que está sendo afetado tem altura aproximada de nove metros. Além do deslizamento, houve registro de danos a uma calçada próxima. “Fizemos a intervenção, devidamente, sinalizando”, disse o secretário-adjunto.

Entretanto, o risco ainda continua, uma vez que a região teve o tráfego de veículos aumentado. A Prefeitura instituiu, no início do mês, a mudança do itinerário dos ônibus intermunicipais para aquele trecho, via marginal do Manduca.

Conforme a DC, o risco de deslizamento abrange uma área entre 15 e 20 metros de extensão. Por conta disso, o órgão providenciou a “acomodação do solo” (escoramento). Entretanto, espera que intervenção definitiva seja realizada.

“Estamos correndo atrás de convênios (estadual ou federal) para nos acudir com mais urgência. Paralelamente, temos de fazer alguma medida paliativa”, disse.

Floriano, entretanto, disse que há um impasse. Conforme ele, para que o município consiga algum convênio, a Defesa Civil não pode “mexer muito na área”.

“A questão é que temos de intervir de alguma forma. Eu não posso descaracterizar o problema, porque o pessoal técnico precisa fotografar”, afirmou.

De momento, a DC implantou pontaletes (peça de madeira colocada de forma inclinada), para escorar a terra e evitar que novos deslizamentos ocorram. O órgão também disse que a Prefeitura está atenda à questão e que a DC está em “estado de observação”.

Floriano afirmou, também, que caso haja necessidade a Defesa Civil poderá intervir. De modo a evitar acidentes, até mesmo o tráfego de veículos pode ser interrompido.

“Uma intervenção ‘mais pontual’ deve acontecer na semana que vem. Mas a obra definitiva deve vir através de convênio”, destacou o secretário-adjunto.

A DC estimou que os gastos com a obra “definitiva” possa chegar a R$ 800 mil. Ela precisará ser realizada em etapas, de modo a proteger toda a área afetada, incluindo o barranco da cerâmica, outro “ponto delicado”, conforme Floriano.

O secretário-adjunto informou, também, que mais pontos da região deverão ser vistoriados pelo órgão. De acordo com ele, a região era unida por “um morro original”, “cortado” pela cerâmica de um lado e pelo estacionamento, do outro.

“Quando você mexe numa coisa natural, pode criar um abalo de sistema”, disse Floriano, referindo-se à mudança que a região sofreu com o passar dos anos.

A DC ainda está analisando a situação da região para elaborar o projeto que vai ser pleiteado em convênios. Também está atenta para riscos em outras áreas do ribeirão.

Segundo o secretário-adjunto, há riscos por conta de moradias irregulares próxima a rua Quintino de Oliveira. A Defesa Civil informou que esse tipo de habitação está “avançando na encosta”, representando riscos para seus moradores.

Outro fato que contribui para o aumento do volume da água do Manduca e, consequentemente, para novos deslizamentos, é o hábito dos moradores. Conforme Floriano, alguns jogam lixo na encosta, ou utilizam a vegetação para alimentar animais.

Há casos, também, de proprietários que utilizam as águas para lavar seus animais ou para dá-las a eles. “Estamos notando algumas inclinações, por isso estamos ficando atentos. Vamos ter que acelerar intervenções, porque estamos entrando no período das águas”, afirmou o secretário-adjunto do órgão local.

Apesar do diagnóstico, Floriano afirmou que a região a ser vistoriada não está em “risco eminente”. Conforme ele, a Defesa Civil está fazendo um levantamento socioeconômico junto às famílias que moram perto da encosta.

O objetivo é verificar em que condições eles residem e, também, orientá-los no caso de haver outro deslizamento que venha a afetá-los. “Temos um abrigo social, que a Prefeitura destinou, mas isso só no caso dessa região”, falou.

A transferência dos moradores que vivem na encosta do Manduca deve ser feita a partir de projeto de “médio a longo prazo”. Essa mudança dependeria de construção de novas moradias e doação para as famílias irregulares.

Ainda assim, Floriano afirmou que a DC continuará a monitorar as residências. O motivo é verificar se há indícios de “algum abalo”, por meio de trincas ou rachaduras. Elas indicariam “que o morro estaria se movimentando”.

O diagnóstico final depende da vistoria técnica de três engenheiros. Os profissionais devem percorrer os imóveis antes do início do período chuvoso.