A Série A1 do Campeonato Paulista de Futebol de 2019 começou no final de semana. A 118ª edição da principal divisão do futebol paulista conta, mais uma vez, com os serviços do árbitro assistente tatuiano Danilo Ricardo Simon Manis.
Na estreia do campeonato, Manis foi sorteado e escalado para a partida entre Ituano e Grêmio Novorizontino, que aconteceu na segunda-feira, 21. O placar do estádio “Doutor Novelli Júnior”, em Itu, registrou a vitória por 1 a 0 a favor da equipe visitante.
Em dezembro, o tatuiano foi contemplado na cerimônia do “Prêmio do Brasileirão 2018”, na sede da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), no Rio de Janeiro.
Na festa de premiação da principal competição nacional de futebol, organizada pela própria CBF, Manis foi escolhido como integrante do melhor trio de arbitragem do Campeonato Brasileiro.
O tatuiano atuou em 27 partidas durante as 38 rodadas da competição nacional e em 16 oportunidades esteve no trio de árbitros considerados os melhores de cada rodada.
Ao lado de Manis, o árbitro Raphael Claus, de São Paulo, e o assistente Kléber Lúcio Gil, de Santa Catarina, formam o trio melhor avaliado pela comissão de arbitragem da CBF, por meio do sistema “Radar” (relatório de análise e desempenho da arbitragem), que acompanhou as 380 partidas do “Brasileirão”.
Durante o torneio nacional, os profissionais de arbitragem foram observados em atividade por analistas de campo e vídeo. Para determinar o trio premiado, foram levados em conta critérios específicos, como número de partidas, média de escalas, interferências determinantes para a definição do resultado final dos jogos e número de vezes entre os melhores do ranking por rodada.
Para se tornar árbitro de futebol, Manis participou de curso promovido pela FPF (Federação Paulista de Futebol), entre 2000 e 2001. Posteriormente, fez diversos cursos na própria FPF e na CBF.
De acordo com o tatuiano, logo no começo do curso, o interessado deve opinar se deseja atuar como árbitro de campo ou como árbitro assistente, o chamado “bandeirinha”. Ele revela que a ideia inicial era apitar as partidas.
“A maioria chega com ideia de se tornar árbitro e, no começo do curso, os alunos são acompanhados e avaliados. Se os avaliadores perceberem que não tem perfil para árbitro, dão como sugestão se tornar árbitro assistente, mas continua sendo uma opção”, conta.
Manis revela que, durante os dois anos de ensinamentos da FPF, os alunos “bandeiram” jogos das categorias sub-15 e sub-17. Na sequência, os aspirantes a árbitros de campo bandeiram a sub-17 e apitam os confrontos da sub-15, e somente quem se destaca começa a apitar todos os jogos das categorias de base.
“Iniciei no primeiro ano do curso bandeirando a sub-15 e sub-17, e fiz bem feito. Fui muito elogiado e comecei a gostar da função, acabei saindo da FPF com essa escolha”, explica.
Conforme Manis, apesar de as duas profissões agregarem uma à outra, elas são distintas. Ele ressalta que os árbitros têm uma função de condução, interpretativa e de linha de controle de jogo e o árbitro assistente colabora, mas em situações específicas, como em impedimentos, marcações de faltas e laterais.
Ele ainda possui formação chancelada pela Fifa (Federação Internacional de Futebol), além ter ido à Suíça para um curso oferecido pela Uefa (União das Federações Europeias de Futebol).
Recentemente, Manis se habilitou para trabalhar em partidas que utilizam o VAR (video assistant referee, árbitro assistente de vídeo). O sistema analisa as decisões tomadas pelo árbitro principal com a utilização de imagens de vídeo.
Em fase de testes desde 2016, o VAR se “destacou” ao ser utilizado na Copa do Mundo da Fifa 2018, na Rússia, entre os meses de junho e julho.
A atual edição do “Paulistão” deve implantar o sistema de árbitro de vídeo pela primeira vez. Conforme divulgado pela FPF, com custos de R$ 30 mil por jogo, bancados pela própria federação, o VAR começará a ser utilizado a partir da fase de quartas de final da competição estadual.
Trabalhar em partidas que contam com o uso do VAR e outra, não, segundo Manis, atrapalha a arbitragem. Por ser um período de transição, com o início da utilização do sistema de vídeo, conforme ele, “de um jogo para o outro, os árbitros devem mudar o chip na cabeça”.
Em 2018, além dos 27 jogos em que atuou no Brasileirão e cerca de 15 no Paulistão, o tatuiano trabalhou na Copa do Brasil, em jogos decisivos de torneios regionais, na Bahia, Ceará e Piauí, e em confrontos de acesso em divisões inferiores do Campeonato Brasileiro.
Fora do país, Manis atuou na Copa Libertadores da América, na Copa Sul-Americana, no Torneio Sul-Americano sub-20 e até no último amistoso da seleção do Uruguai, de Suaréz, Cavani e Arrascaeta, antes de eles irem à Copa do Mundo, totalizando a presença do árbitro assistente em, aproximadamente, 60 partidas.
Rotina de viagens, cuidados com a alimentação e preparação física, para se manter em alto nível, são tarefas comuns para o tatuiano, que possui formações relacionadas à saúde.
Manis realizou o curso de educação física na Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba), entre 2000 e 2003, e, de 2010 a 2014, formou-se em fisioterapia pela Unip (Universidade Paulista), em Sorocaba.
Durante o último ano de formação em educação física, o tatuiano começou a estagiar na academia da Associação Atlética XI de Agosto e tornou-se professor no ano seguinte. Com horários reduzidos, Manis ainda trabalha no local atualmente.
“Saúde é uma área que gosto muito e procuro usar no meu próprio corpo, para manter a preparação física e seguir em alto nível, com qualidade”, afirma.
Na maioria das vezes, escalado para duas partidas por semana, Manis chega a atuar em torno de oito compromisso por mês. Ele afirma estar acostumado com a rotina, que dura de quatro a seis meses.
No tempo livre, o árbitro assistente aproveita para ficar com a família. Segundo ele, durante o Paulistão, a proximidade possibilita que ele fique somente o dia da partida fora de casa. Já no Brasileirão, por exemplo, Manis tem de viajar um dia antes do jogo e volta apenas no dia seguinte à partida.
Desde o Paulistão de 2005 atuando em jogos da primeira divisão, com direito a premiações nas edições de 2013, 2014 e 2015, o tatuiano diz que o prêmio da CBF lhe deu notoriedade maior na cidade, principalmente ao apitar o jogo beneficente em prol ao garoto Alan Rodrigues Mendes e à Santa Casa de Misericórdia.
“Na rua, vejo que tem uma ou outra pessoa me olhando. Mas, no jogo beneficente realizado no Clube de Campo, deu para sentir mais o reconhecimento, com fotos e autógrafos para a molecada”, assegura.
O ano de 2019 é muito aguardado por Manis. Com o Campeonato Paulista e o Sul-Americano Sub-20, no Chile – já iniciados -, além das disputas regionais e nacionais, o árbitro assistente também vive a expectativa de atuar na Libertadores, na Sul-Americana e, se escalado, na Copa América, que, neste ano, será sediada no Brasil.
O tatuiano ainda destaca os mundiais das categorias de base que acontecerão em 2019: Copa do Mundo Sub-20, na Polônia, no primeiro semestre; e a Copa do Mundo Sub-17, em outubro, no Peru.
“Os campeonatos de base são muito importantes para os árbitros. Se convocados, temos que mostrar o nosso valor. Se aparecer a oportunidade, tem de abraçar”, assegura.
Conforme Manis, cada profissional tem os próprios objetivos pessoais e a meta final do tatuiano é bandeirar em uma Copa do Mundo. Entretanto, o árbitro assistente reconhece as dificuldades para alcançar o propósito.
“Há uma série de escadas, e elas não são retas, para que eu faça isso e aquilo, para chegar a ser selecionado para os eventos maiores”, admite.
“Tem que ser jogo a jogo, bem feito, limpo, e estar preparado para quando a oportunidade chegar”, conclui Manis.