Credibilidade impressa





Muito se divulga – e se “fala” – na área de comunicação, com ênfase crescente nos números de “acessos”, “visualizações”, “compartilhamentos”, “curtidas” e tudo o mais que o virtual tem estimulado por meio da facilidade dos instrumentos digitais.

Pode-se até concluir, frente às cifras “nas nuvens”, que só importa à comunicação – seja noticiosa ou de marketing publicitário – que tudo se resume a quantos cliques ou dedadas se atinge com as postagens digitais.

Assim, estar-se-ia cumprindo com mais abrangência e eficiência o mister de informar bem, tal o de melhor efetivar a imprescindível tarefa de divulgação dos serviços e produtos – pelo menos por parte das empresas conscientes quanto à função e relevância da publicidade.

Não obstante, a comunicação é bem mais complexa, de tal sorte que, como em tantas outras atividades, tem na tecnologia – nos novos meios de se concretizar – mais um instrumento facilitador, embora não necessariamente determinante, muito menos definitivo ou supremo.

Longe disso, o que sustenta os meios de comunicação tem sido, desde sempre – e assim deve continuar a ser –, aquilo que se identifica como “credibilidade”.

Por esse aspecto – comprovadamente real -, muito menos importa o índice de propagação das mensagens do que a crença nelas depositadas – sejam as publicações notícias ou publicidades.

Basicamente, o cidadão – “consumidor” de notícias, serviços ou produtos – precisa “acreditar” naquilo que lhe é levado ao conhecimento por meio dos veículos de comunicação. Dessa maneira, o tal “retorno” é tão maior quanto a credibilidade carregada pelas mensagens.

A comprovação dessa realidade foi recentemente divulgada pela Posigraf, ligada ao Grupo Positivo, que promoveu pesquisa sobre o assunto em seis capitais brasileiras.

Especificamente, o estudo apurou a influência da comunicação impressa. “Utilizado por 84% dos consumidores no processo de decisão de compra, o impresso é uma das melhores formas de divulgação de preços, produtos e serviços”, concluiu o Grupo Positivo.

Estudo semelhante feito no mercado dos Estados Unidos, pela MarketingSherpa, aponta que 82% do público norte-americano confiam nas informações dos anúncios impressos quando decidem comprar.

Os resultados dos levantamentos surpreendem se for considerada a abrangência do mercado digital para o universo do consumidor mundial. O maior índice de confiança no meio digital ficou com as ferramentas de busca, como Google e Bing: 61%. Chama a atenção o fato de que nenhum outro tipo de publicidade digital conseguiu índice acima de 50% – ou seja, os meios causam mais desconfiança do que confiança na qualidade das informações.

A pesquisa da Posigraf buscou medir a importância dos anúncios impressos como ferramenta incentivadora na hora da compra e envolveu um universo de quase mil consumidores das cidades de Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre, homens e mulheres de 18 a 60 anos.

O levantamento mostrou que 66% dos entrevistados foram até as lojas após verem a propaganda nesse meio de comunicação, que, por sua vez, influenciou 61% a realizarem a compra.

Por outro lado, a influência da internet no processo de compra chegou a 38% dos entrevistados, e da TV em 59%. Comparando com outros meios de comunicação, a pesquisa assinala que 50% dos entrevistados compraram um produto após pesquisar na internet e 45%, ao verem propaganda na TV.

Os consumidores admitiram que o que mais gostam de ver nos impressos são preços e promoções. O levantamento revelou que o índice de eficiência de conversão dos impressos promocionais chegou a 70%.

Em relação à fonte de informações para a compra de bens duráveis, os anúncios foram consultados por 80% das pessoas entrevistadas, e 48% efetuaram a compra após terem visto o produto em um impresso publicitário.

A pesquisa brasileira resume que, em relação a bens duráveis, oito em cada dez consumidores usaram impressos promocionais ao menos uma vez ao mês para se informar sobre produtos, preços e promoções.

Os entrevistados (51%) afirmaram que, em relação às mídias eletrônicas (TV, rádio e internet), a principal vantagem dos anúncios publicados em tabloides e folhetos é a facilidade e comodidade de obter informações sobre preços, produtos e serviços. Esse público valoriza, nos impressos, a exposição clara dos preços (grandes e visíveis).

Como sugestão, a pesquisa recomenda ao mercado que continue utilizando o impresso promocional como ferramenta para incentivar a compra de produtos e serviços, considerando que 89% dos consumidores do Sul e do Sudeste do país já compraram algum produto após vê-lo ofertado em impresso promocional.

Pelo estudo, conclui-se o quanto há de desinformação repercutindo no senso comum quanto à comunicação profissional, em meio à qual a credibilidade continua a ser fundamental. E isto não só para vender produtos ou serviços, mas, essencialmente, para informar com competência e, assim, ajudar a formar (responsável) opinião.