Credenciamento da Amil e da MediSanitas depende de aval





A transferência dos atendimentos prestados pela Unimed na Santa Casa para prédio próprio deixou “lacuna” que a provedoria do hospital disse estar tentando preencher. Conforme Nanete Walti de Lima, a entidade negocia com duas empresas de planos de saúde: Amil e MediSanitas.

Contudo, o credenciamento depende, inicialmente, de entendimento entre a Santa Casa e a Prefeitura. Numa etapa seguinte, a diretoria poderá dar o aval final – positivo ou não. Segundo Nanete, a provedoria tem de resolver “alguns entraves” antes de credenciar novos convênios.

O principal deles é a contratação de médicos. No momento, a Santa Casa dispõe somente de hotelaria (quartos, camas, equipamentos, almoço, janta e banho) e dos serviços de enfermagem – estes, por meio de funcionários vinculados ao hospital.

Já o atendimento médico não é feito por profissionais da Santa Casa. “É isso que vamos mudar”, iniciou Nanete. Conforme ela, a diretoria está tentando encontrar um meio jurídico de fazer a contratação.

Para isso, a provedoria mantém reuniões com representantes dos médicos. A ideia é fazer com que os profissionais possam atuar junto aos novos convênios.

Até o momento, os médicos que atendem na Santa Casa são contratados pela Prefeitura. O hospital é prestador de serviços e recebe do Executivo repasse para o pagamento do chamado serviço de retaguarda do Pronto-Socorro Municipal “Erasmo Peixoto”. Eles dão cobertura ao ambulatório.

“A nossa porta de entrada é o pronto-socorro. Então, os médicos que ficam aqui atendem a quem vem via ambulatório, para internação”, explicou a provedora.

Como os profissionais não têm vínculos trabalhistas com o hospital, Nanete disse que a provedoria não pode obrigá-los a atender por meio de outro convênio. “Se nós contratarmos os médicos, aí fica tudo mais fácil”, argumentou.

Conforme Nanete, essa é a razão pela qual o hospital ainda não credenciou outro convênio, mesmo sabendo que perderia receita com a saída definitiva da Unimed.

Ainda segundo ela, anteriormente, os convênios que tinham a intenção de vir para o município queriam que a Santa Casa “fornecesse médicos”.

“Por isso, precisamos ter um contrato com os médicos, e estamos vendo, juridicamente, como isso pode ser feito sem prejuízos a ninguém”.

De acordo com ela, o hospital está analisando se a Prefeitura poderá continuar pagando os médicos, mesmo eles não sendo mais contratados pelo Executivo.

A Santa Casa recebe repasse mensal para isso. De antemão, Nanete afirmou que sim, uma vez que a prestação de serviços continuará a mesma.

Ainda segundo ela, essa questão não era um entrave para a Unimed porque os médicos que trabalham no hospital – pelo menos a maioria deles – são vinculados ao convênio.

“Eles (os médicos da Unimed) recebiam direito. Já os outros convênios querem pagar para a Santa Casa, para a Santa Casa pagar os médicos. Como eles não são nossos funcionários, nós não pudemos aceitar a proposta”, justificou.

Na atual conjuntura, Nanete afirmou que o hospital pode credenciar os dois convênios. “A possibilidade existe, mas o que nós queríamos era algo de qualidade para oferecer à população. Nós sabemos que não é fácil pagar um convênio. A maior parte dos assalariados não tem dinheiro para isso”.

De portas abertas

Admitindo déficits mensais – e anuais –, a provedora da Santa Casa pede a ajuda da população para que o hospital possa enfrentar as “dificuldades financeiras”.

“Estamos, realmente, passando por uma situação difícil, mas abertos a sugestões e doações. O hospital é filantrópico e atende, agora, 100% do SUS (Sistema Único de Saúde) e sem convênio. Então, se o povo quiser ajudar, com doações, ou se inteirar da situação da Santa Casa, estamos abertos”, disse.

Nanete afirmou que está disposta a “abrir as portas” da instituição para que a população tenha noção do funcionamento dela. “Estamos abertos para o povo, que precisa saber das coisas. Correm muitos boatos, mas o povo deve conhecer o hospital. Nós precisamos dessa interação”, complementou.

A intenção da provedora seria coibir “boatos maldosos”. “Aqui, é um hospital. Tinha que ter mais respeito, não simplesmente jogar pedra”, declarou.

Sobre a situação financeira, Nanete afirmou que o hospital enfrenta dificuldades porque acumula compromissos anteriores e atuais.

Segundo ela, a Santa Casa tem contas parceladas com a Elektro, a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) e trabalhistas em longo prazo.

Também sofre com a defasagem da tabela do SUS para procedimentos de saúde e registra alta nos atendimentos. A título de exemplo, contou que, em novembro do ano passado, o hospital teve 659 internações e 556 cirurgias.

“Tudo isso fora o ambulatório, os raios X e uma série de outras coisas que não se pagam o custo”, argumentou.