Da reportagem
Na tarde de quinta-feira, 9, o Condephat de Tatuí (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico e Artístico de Tatuí) promoveu, no Centro Cultural Municipal, reunião mensal para deliberar assuntos relacionados aos patrimônios históricos da cidade.
Entre os assuntos, o processo de tombamento do Conservatório Dramático e Musical “Dr. Carlos de Campos” como patrimônio cultural do município foi novamente discutido. O presidente do conselho, Antonio Celso Fiuza Júnior, explicou que o processo, iniciado em 2020, segue para a etapa de conclusão.
No entanto, o maior desafio do tombamento, segundo os conselheiros, seria o destino dos prédios anexos à escola de música – entre eles, o antigo prédio do fórum e o alojamento dos alunos. A discussão, entretanto, veio à tona em meio à indefinição sobre o destino do alojamento pelo governo do estado.
Conforme os conselheiros, com o tombamento dos prédios, o uso deles ficaria restrito apenas às atividades relacionadas à cultura, não sendo possível utilizá-los para qualquer outra finalidade que não seja a já executada por eles.
“O assunto sobre o alojamento surgiu por conta do que está sendo falado pelo governo do estado, mas nós temos de focar no projeto principal iniciado há dois anos, que é fortalecer a importância do bem cultural”, comentou Fiuza Júnior.
Entretanto, esclareceu que o conselho não poderá deixar de citar o alojamento como parte do projeto, “para não o deixar em aberto e o estado fazer o que quiser com ele”.
O diretor do Departamento Municipal de Cultura e gestor do Museu Histórico “Paulo Setúbal”, Rogério Vianna, explicou que o alojamento fora construído em razão de o terreno ter sido doado para o uso irrestrito do Conservatório.
Argumentou também sobre o diálogo com a Sustenidos Organização Social de Cultura, atual gestora da instituição. “Não conseguimos manter um diálogo com ela, e quem tem sofrido com isso é a prefeitura. Tudo recai sobre ela (a administração municipal)”, comentou.
Para a produção do processo de tombamento, foram criadas três comissões, divididas para os estudos que compreendem o edifício, os bens e patrimônios integrados e a memória.
A comissão de edifícios analisou o Teatro “Procópio Ferreira”, o setor de pianos e o Salão “Villa Lobos” (que já foi sede da Câmara Municipal e da Biblioteca Pública) e a Unidade II do Conservatório, antiga sede do fórum de Tatuí.
A segunda comissão cuidou do levantamento dos patrimônios e bens integrados ao espaço do Conservatório. Já a terceira cuidou da memória da instituição.
Como suporte documental do processo de tombamento, Fiuza Júnior reuniu a documentação existente no arquivo da prefeitura. O material apresenta o histórico de demolição do antigo Theatrão e plantas do Conservatório, que serão anexados ao histórico.
Os próximos passos envolvem a finalização dos estudos e a aprovação do tombamento. Depois, o documento segue para a prefeitura, para ser oficializado em forma de decreto municipal.
Semana Paulo Setúbal
Na reunião, também foi finalizado o projeto de conclusão do tombamento imaterial da Semana Paulo Setúbal. O estudo, apresentado por Fiuza Júnior, reúne, em centenas de páginas, documentos históricos sobre a vida e a história do escritor que deu origem, segundo Vianna, ao maior bem cultural do município.
“Nós temos um cidadão que está imortalizado na Academia Brasileira de Letras. Temos que ter esse reconhecimento, e isso chegou, no mínimo, 50 anos atrasado”, declarou.
Ele explicou que o “sentimento” de Capital da Música surgiu em 1967, pelo grupo de seresta “Paulo Ribeiro”, mas que, antes disso, já existia a literatura.
“Vou falar da Semana Paulo Setúbal a vida inteira, porque ela é o meu fundamento de vida; da história de Paulo Setúbal e a literatura dele, e transformar essa semana em patrimônio imaterial é fundamental para a cidade”, concluiu Vianna.
Segundo Fiuza Júnior, assim que o decreto do bem imaterial da Semana Paulo Setúbal for aprovado pela prefeitura, o Condephat enviará o documento ao estado e ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para o reconhecimento deles ao “patrimônio imaterial de literatura de Tatuí”.