Desenvolver um trabalho de conscientização da população sobre a importância da conservação do patrimônio artístico e cultural da cidade tem sido o objetivo maior do Condephat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico e Artístico de Tatuí) em 2018.
De acordo com a arquiteta e urbanista Maíra de Camargo Barros, presidente do órgão, o intuito do conselho é expandir sua atuação em escolas e, também, pensar em políticas públicas de preservação e manutenção.
“Entendo que muito do desinteresse na preservação do patrimônio, tanto da população quanto das autoridades, vem de uma visão antiga sobre o tema, ou ainda do pouco conhecimento sobre este e de sua importância para a educação, cultura e turismo locais”, observou Maíra.
“Só podemos conservar o que se tem respeito, admiração e afinidade. Neste sentido, são fundamentais palestras, bate-papos e eventos que busquem fortalecer os conceitos contemporâneos de salvaguarda do patrimônio cultural”, explica.
Desde o ano passado, o Condephat passa por nova configuração. Um projeto de lei apresentado pela prefeita Maria José Vieira de Camargo (PSDB) e aprovado pela Câmara Municipal alterou a composição do órgão.
Instituições como a Asseta (Associação de Ensino Tatuiense), Diretoria Regional de Ensino – que foi transferida para Itapetininga-, imprensa, Conservatório e Comissão de Cultura e Turismo (já extinta) perderam cadeiras no conselho.
A nova composição, apresentada pela prefeita e que recebeu a chancela dos vereadores, tem representantes do órgão municipal de cultura, OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), CAU (Conselho de Arquitetura e Urbanismo), Crea (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia), Comtur (Conselho Municipal de Turismo) e CMPC (Conselho Municipal de Políticas Culturais).
Também fazem parte do conselho representantes da Fatec (Faculdade Estadual de Tecnologia) “Professor Wilson Roberto Ribeiro de Camargo”, MHPS (Museu Histórico “Paulo Setúbal”), setor de planejamento urbano da Prefeitura, Etec (Escola Técnica Estadual) “Sales Gomes” e professores de história da rede municipal de ensino.
“Quando fomos convocados, em junho de 2017, o conselho estava sem atividade havia algum tempo. Deste modo, em todo o segundo semestre do ano passado, batalhamos para nomeação oficial e para a criação do regimento interno, documentos indispensáveis para a autonomia do conselho e para o andamento de trabalhos futuros”, informa a presidente.
O Condephat tem realizado diversas palestras e rodas de conversas para tratar da preservação do patrimônio histórico e artístico da cidade.
No dia 31 de março, em parceria com a Secretaria de Esporte, Cultura, Turismo, Lazer e Juventude, da Prefeitura, foi realizado, no CEU (Centro de Artes e Esportes Unificados), uma “roda de conversa”.
O evento teve mediação da coordenadora de educação patrimonial do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), Sônia Regina Rampim Florêncio, que abordou as competências do poder público em criar condições para o entendimento das políticas de preservação do patrimônio cultural.
“A Sônia, grande referência na área de educação patrimonial no país, tem uma maneira única de cativar quem a ouve”, garante a presidente.
O encontro teve como objetivo apresentar as diretrizes de educação patrimonial do Iphan, bem como algumas estratégias para o trabalho nesse campo.
Na ocasião, foram abordados e discutidos temas como a necessidade de políticas de preservação municipal, do engajamento da população nas ações relativas ao assunto e da relevância da educação patrimonial.
No dia 1º de abril, O Progresso noticiou que a Prefeitura está perto de formalizar acordo para receber a transferência da estação ferroviária.
As tratativas com a Rumo, antiga América Latina Logística (ALL), estão 99% definidas, segundo a Prefeitura. O secretário do Esporte, Cultura, Turismo, Lazer e Juventude, Cassiano Sinisgalli, adiantou que a intenção do município é investir, aproximadamente, R$ 500 mil no local.
O custo poderá ser dividido, a partir de recursos de parcerias com a iniciativa privada, do governo estadual – por repasse do MIT (Município de Interesse Turístico) – e da própria Prefeitura.
“Oficialmente, ainda não fomos notificados desta situação, mas estamos acompanhando informalmente este processo. Vemos como uma atitude necessária, urgente, e esperamos que outras possam surgir. Só há preservação efetiva com uso”, garante.
Maíra aguarda que, dentro do processo de restauração, sejam seguidos os padrões contemporâneos de restauro e que a compatibilidade dos materiais seja respeitada, visando à integridade do edifício.
A presidente do Condephat comentou sobre o processo de tombamento de prédios históricos e que fizeram parte da construção e desenvolvimento da cidade desde a fundação.
“Assistimos a depreciação e ruína dos imóveis de nossa cidade com perplexidade, porém, com pouca atitude efetiva. Claro que políticas públicas são fundamentais para a preservação, mas, sem dúvida, o apelo popular é indispensável neste processo, fiscalizando, exigindo e participando de ações”, salientou.
A arquiteta finalizou dizendo que o conselho tem buscado abrir um canal de diálogo com a população, por meio dos eventos promovidos e por redes sociais. “Só com a população engajada e consciente, podemos preservar o patrimônio tatuiano”, completou.