Da reportagem
O Teatro “Procópio Ferreira”, do Conservatório, recebeu na quarta-feira, 6, a cerimônia de premiação do 23º Concurso Paulo Setúbal – Literatura, destinado a estudantes locais. O evento integrou a programação oficial da 83ª Semana Paulo Setúbal. Na ocasião, 25 estudantes tatuianos foram contemplados.
Ao todo, foram inscritas 130 obras de alunos de 33 escolas, entre públicas e particulares. A iniciativa, promovida pela prefeitura, por meio do Museu Histórico “Paulo Setúbal”, contou com apoio cultural da Família Setúbal, incentivadora do novo formato do concurso, que há anos movimenta a produção literária no município.
A cerimônia teve início com a recepção musical do grupo Play On, composto por Natália Domingues de Campos (voz), Felipe Reis e Fernando Silva (violões).
A apresentação ficou por conta de Rogério Vianna (secretário-adjunto da Cultura) e Fernanda Késia, com interpretação em Libras das profissionais Dorca e Thais, visando garantir acessibilidade e inclusão ao evento.
O secretário do Esporte, Cultura, Turismo e Lazer, Douglas Dalmatti Alves de Lima (Buko), parabenizou a atuação das escolas no certame e destacou o trabalho da equipe do Museu “Paulo Setúbal”, “que mantém viva a memória e a obra do escritor tatuiano imortalizado pela Academia Brasileira de Letras”, pontuou.
Ele também declarou que o município “está em uma constante inovação”. “Não podemos negar isso, estamos investindo. Na sexta-feira (dia 1º), já começamos a comemoração dos 199 anos de Tatuí e a Semana Paulo Setúbal abre este evento”, comentou.
“Posteriormente, a Concha (Acústica) será palco de um grande evento, com três noites de shows (de sexta-feira, 8, a domingo, 10), com praça de alimentação, tudo para fortalecer a cultura de Tatuí e o turismo da cidade”, complementou.
O secretário também comentou sobre a Semana Paulo Setúbal: “São 83 edições, é muita história a ser contada. Estamos fazendo um trabalho com as ‘pratas da casa’, que são os alunos das escolas municipais, estaduais e particulares do município”, finalizou.
No total, 25 estudantes foram premiados, juntamente com seus professores orientadores. Todos receberam medalhas e prêmios em dinheiro, de R$ 200 a R$ 800, em reconhecimento ao empenho e à criatividade literária.
De acordo com a assessoria de comunicação do Executivo, “o concurso é considerado um dos mais tradicionais da região e, a cada edição, renova o fôlego da educação e da cultura local”.
“Um dos momentos mais simbólicos da noite foi a apresentação da medalha comemorativa ao centenário da Obra ‘A Marquesa de Santos’ (1925-2025). Produzida em edição limitada, com numeração certificada, a medalha homenageia a obra de Paulo Setúbal e exalta a personagem histórica Domitila de Castro Canto e Melo, celebrando o protagonismo feminino na história e na literatura”, frisou a assessoria via comunicação do Executivo.
Também houve o lançamento do tabloide 2025, encarte especial do jornal O Progresso de Tatuí, que apresenta todos os trabalhos vencedores do Concurso Paulo Setúbal – Literatura e Artes Visuais.
A publicação também informa sobre o edital Publicação de Livros, agora parte oficial da Semana Paulo Setúbal. O tabloide 2025 volume dois está disponível nos sites da prefeitura (https://bit.ly/4lfQ1Dm) e do jornal O Progresso (www.oprogressodetatui.com.br).
Neste ano, o edital Publicação de Livros chegou à terceira edição, com 24 inscrições de projetos autorais. Uma das homenagens da noite foi dedicada ao jovem autor Brian Pietro Telles Coelho, de 13 anos, estudante da E.E. PEI “Chico Pereira”, com a obra “Autistas também têm o dom da escrita”, selecionada pelo edital.
Acompanhado dos pais, do diretor da escola, Marco Antônio Vieira, da professora responsável, Maria Cristina Manis, e da incentivadora Márcia Oliveira (professora da sala de leitura), Coelho ainda teve a obra apadrinhada pela escritora Cristina Siqueira.
Durante o recebimento do prêmio, ele agradeceu ao diretor da escola, aos pais e ao irmão, “que sempre estiveram ao seu lado”, e à professora Cristina, que o auxiliou na correção do livro.
Ao jornal O Progresso de Tatuí, o aluno declarou a vitória como “sensacional”. De acordo com a mãe dele, Agnes Natasha Teles Coelho, o livro coloca o autismo como uma “sombra, onde, mesmo com todas as dificuldades, ele precisa se levantar e enfrentar”.
“Ele trouxe isso baseado no livro. Sobre as dificuldades que ele enfrenta, mas, mesmo assim, ele não deixa isso atrapalhar”, complementou a mãe. Ela também contou que “a escrita é uma força que Brian tem para se expressar”.
O pai, Cosme Coelho da Costa, contou que, quando descobriu a premiação, ficou muito feliz. “A gente sabia que ele tinha o dom, porque ele já fazia quadrinhos e historinhas para ele se expressar de alguma forma, e a hora que descobrimos, ficamos orgulhosos”, declarou.
A assessoria também divulgou que a comissão organizadora da 83ª Semana Paulo Setúbal agradece a todos os envolvidos, estudantes, professores, gestores, comissão avaliadora e supervisores de ensino, “que contribuíram para a construção de uma cidade mais literária, sensível e criativa”.
O secretário-adjunto da Cultura apontou o trabalho da comissão organizadora como “criterioso e transparente”, assim como o da comissão de avaliação do certame, “responsáveis por garantir a seriedade do processo seletivo”.
Os membros das comissões foram: Alfredo Youssef Saab, Cristiano Guimarães de Camargo, Meire Piscinato de Oliveira, Rogério Vianna e Vinicius Severo (comissão organizadora); e Amanda Maria Bueno Assunção, Cristina Siqueira e Ivan Camargo (comissão avaliadora).
Durante a apresentação, também subiu ao palco Tatiana Popts, representando a secretária da Educação, declarou estar celebrado “não apenas o talento dos estudantes e a dedicação incansável dos professores, mas também o legado de um dos maiores nomes da literatura brasileira, Paulo Setúbal”.
“Nesta edição especial, em que homenageamos os cem anos da publicação da obra ‘A Marquesa de Santos’, ressaltamos o valor da literatura como um instrumento de memória, reflexão e transformação”, declarou.
“Ao revisitar a trajetória de Domitila de Castro Campo e Melo, figura central desse romance histórico, reconhecemos o papel essencial das mulheres na construção da história do nosso país. ‘A Marquesa de Santos’ foi, sem dúvida, um símbolo de protagonismo feminino. E a escolha desta obra reforça nosso compromisso com a valorização da diversidade de vozes na educação e na cultura”, complementou.
Tatiana ainda aproveitou para parabenizar os estudantes que participaram do concurso, bem como os professores.
Após a cerimônia, o secretário do Esporte, Cultura, Turismo e Lazer declarou que, através desses eventos culturais, é possível “colocar os jovens para escreverem e desenharem”.
“Porque hoje, com a tecnologia, tem se perdido muito isso. A literatura de livro (físico) quase não existe mais. Hoje, as revistas se transformaram em digitais; os jornais têm as versões impressas, mas também têm as versões digitais, para mais atingir o público que hoje cada vez mais está não se apropriando da literatura”, comentou.
“Há 83 anos, a gente vem fomentando isso, e esse prêmio vem sendo incentivado porque a gente sabe da importância da literatura, e temos que investir mesmo nos nossos alunos. Fazemos para séries iniciais, fundamentais e para o ensino médio, pois isso cria cidadãos críticos e com responsabilidades”, complementou.
Sobre a reordenação do certame neste ano – pela qual os alunos concorrem com os demais apenas no ano letivo em que estudam (antes, eram englobados em dois anos) -, Buko comentou ser muito importante a alteração.
“Nós sabemos que tem uma certa faixa etária que é muito equilibrada, com uma linha de raciocínio muito próxima, mas chega uma certa idade que há uma discrepância, e não vemos senso de justiça”, acentuou.
O secretário ainda disse acreditar que certames que incentivam a literatura “contribuem para que os jovens se interessem em trabalhar na área posteriormente”. “Nós vimos, hoje, um menino de 13 anos que escreveu um livro. Esse é um trabalho que temos feito e que teremos muitas outras preciosidades, muitas outras literaturas e muitos nomes atuando na literatura nacional”, finalizou.
Já Vianna acredita que a premiação pode incentivar crianças a se interessem pela escrita. “As letras sempre sofreram em toda a história da humanidade. Desde que se formou a primeira palavra, a gente vê ali que ela vem sempre sendo questionada, sempre sendo deixada a segundo plano”, iniciou.
“Mas, aí, a gente olha para um certame nesse formato e vê que não está em segundo plano, mas sim em primeiro”, continuou. “Nós desagrupamos os anos, a comissão organizadora permitiu e o prefeito foi muito generoso com a gente, porque praticamente toda a doação da Família Setúbal vai só para os editais”, complementou.
“Quando você vê um certame como este, desagrupado, no teatro, em uma noite de quarta-feira cheia de famílias para prestigiar a literatura, é de grande valor para o município, e temos que que honrar Paulo Setúbal por sua trajetória e pela Academia Brasileira de Letras, por ter inserido ele lá e o reconhecido como escritor”, defendeu.
“Paulo Setúbal, quando foi para a Academia Brasileira de Letras, não imaginou que, cem anos depois, ele estaria movimentando uma cidade e que a cidade borbulha as letras por causa dele. Então, temos que agradecer muito à Academia Brasileira de Letras”, opinou.
Vianna também comentou que, no futuro, poderá ser reavaliado o certame. “Se nós somos literatura por Paulo Setúbal e música pela tradição, por que não premiamos compositores, que também são grandes letristas e literatos?”, perguntou.
Em relação ao uso da inteligência artificial em produções artísticas, o secretário-adjunto opinou ser comum utilizá-la, “mas não se pode dar total credibilidade, tendo que buscar fontes confiáveis, além de não fazer criação pelo sistema, pois a criação é humana e precisa do ser humano”.
“O Chat GPT ou outros mecanismos de inteligência artificial, a gente precisa desenvolver muito, aprender muito sobre eles, para não acontecer como aconteceu recentemente, em outro certame, que foi cancelado”, finalizou.
Premiados
Pietra Maria Toneti de Nicola, premiada em primeiro lugar do terceiro ano do ensino médio, contou que fez o texto já pensando na redação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).
“Na escola, conversamos, sentei junto na sala de leitura e, com a professora de português, fomos ajeitando de acordo com o tema da redação”, contou.
A aluna disse ter usado como inspiração o “poder feminino, porque a Marquesa de Santos foi uma mulher muito importante, querendo ou não, na nossa história e no empoderamento feminino da época”.
Pietra contou que ela e Brian, aluno premiado em Publicação de Livros, eram os únicos da escola na ocasião. Então, quando anunciaram a unidade vencedora do concurso, ficou “muito nervosa e muito animada”.
Todos os contemplados da categoria receberam medalha, certificado e premiação em dinheiro: R$ 800 para o primeiro colocado; R$ 600 para o segundo; R$ 500 para o terceiro; e R$ 200 para o professor.
Na categoria literatura ensino fundamental 6º ano, o primeiro lugar foi conquistado por Maria Eduarda Souza de França, da E.E. PEI “Barão de Suruí”, orientada pela professora Juliana Bonatto, com a obra “Sob o Céu do Brasil”.
O segundo lugar ficou com Jocielly Pereira dos Santos, da E.E. “Professora Lienette Avalone Ribeiro”, aluna da professora Gisele Almeida M. de Andrade, com o texto “Carta Aberta Àqueles que ainda Julgam a Marquesa de Santos”.
Em terceiro, foi premiada Maria Clara Campos Marimon, do Colégio Anglo Tatuí, orientada por Mariana Fogaça Calviño, com a obra “Minha Querida Amiga”.
Na categoria ensino fundamental 7º ano, a vencedora foi Lorena de Moraes Baldassim, da E.E. PEI “Barão de Suruí”, com orientação da professora Gabriella Trevisani Pereira e a obra “A Marquesa de Santos”.
O segundo lugar ficou com Beatriz Pereira Menck, da Emef “Eunice Pereira de Camargo”, aluna da professora Cleusa Elias Corrêa Fidêncio de Oliveira, com o texto “Domitila de Castro: Escândalo ou Admiração”.
O terceiro lugar foi para Daniel Hessel de Oliveira Machado, da E.E. PEI “Professor Ary de Almeida Sinisgalli”, orientado pela professora Andresa Prado de Jezuz, com a obra “Mulher Forte e Marcante”.
Na categoria ensino fundamental 8º ano, o primeiro lugar foi para Samuel Bueno Vieira, da E.E. PEI “Barão de Suruí”, com a obra “A Influencer de Santos – Crônica Inspirada na Vida da Marquesa de Santos”, orientado pela professora Ana Paula Correia.
Em segundo, Eloisa Rodrigues Rocha, da Emef “Professora Maria Helena Machado”, aluna do professor Marcos Paulo Cavalheiro Del Homo, com o texto “O Diário Íntimo da Marquesa de Santos”.
O terceiro lugar ficou com Rian Almeida Barros, da E.E. PEI “Barão de Suruí”, sob orientação da professora Ana Paula Correia, com a obra “Há um Motivo para o Mundo estar um Caos?”.
Na categoria ensino fundamental 9º ano, a campeã foi Julia de Carvalho Marino, da E.E. PEI “Barão de Suruí”, orientada pela professora Winnie Elias Teófilo, com a obra “São Paulo, 21 de Abril de 2025 – Queridas Mulheres”.
O segundo lugar ficou com Emily da Costa Viana, da E.E. PEI “Professor Ary de Almeida Sinisgalli”, aluna da professora Cristiane Silva dos Santos, com o texto “Sou Domitila”.
O terceiro lugar foi dividido entre Maria Vitória de Freitas Lopes, da E.E. PEI “Barão de Suruí”, orientada por Winnie Elias Teófilo, com a obra “São Paulo, 13 de Janeiro de 1853”, e Yasmim Rafaele Fonseca, da E.E. PEI “Professor Ary de Almeida Sinisgalli”, aluna da professora Cristiane Silva dos Santos, com “A Marquesa de Santos, a Mulher por Trás do Título”.
Na categoria Educação de Jovens e Adultos (EJA), o primeiro lugar foi para Thierry Pompeu Santos, da Emef “João Florêncio”, orientado pela professora Carmelina Holtz, com a obra “A Última Carta”.
O segundo lugar ficou com Ana Luiza Araújo Paulino, da mesma escola e professora, com o texto “Domitila, Mulher na Contramão”. Em terceiro, foi premiada Viviana Aparecida Vieira Carvalho, também da Emef “João Florêncio”, com “Plebeia Marquesa (Cordel de Domitila de Castro Canto e Melo)”.
Na categoria ensino médio 1º ano, o primeiro lugar foi conquistado por Camila Fares Callegaretto, do Colégio Bem Me Quer, orientada pela professora Fernanda Junqueira Simões Medeiros, com a obra “A Marquesa”.
O segundo lugar ficou com Vinicius Della Terra Ramos Rodrigues, do Colégio Anglo, aluno da professora Mariana Fogaça Calviño, com o texto “Interlocução”.
O terceiro lugar foi para Tainara Gonçalves Antunes, da E.E. PEI “Professor Ary de Almeida Sinisgalli”, aluna do professor Caio Augusto de Oliveira Araújo, com “O Último Baile da Marquesa”.
Na categoria ensino médio 2º ano, a vencedora foi Lara Mayer Gardenal, do Colégio Objetivo, aluna do professor Lucas Teles Pereira, com a obra “A Marquesa de Santos, Versão 2025”.
O segundo lugar ficou com Ana Luiza da Silva Felippe, da E.E. PEI “Barão de Suruí”, orientada pelo professor João Luiz Azevedo, com “O Retrato de Domitila”.
Em terceiro, foi premiada Giselly Maria Pires Fonseca, da E.E. “Professor José Celso de Mello”, da professora Daniela Caroline de Campos Soares, com “Ainda me Lembro”.
Na categoria literatura ensino médio 3º ano, o primeiro lugar foi para Pietra Maria Toneti de Nicola, da E.E. PEI “Chico Pereira”, orientada pela professora Aparecida Ferreira de Almeida, com a obra “Domitila de Castro: Poder, Amor e Resistência Feminina no Brasil Imperial”.
O segundo lugar ficou com Matheus Rodrigues Pontes de Queiroz, da E.E. PEI “Barão de Suruí”, aluno do professor João Luiz Azevedo, com “A Mulher que Moveu os Bastidores do Império: a Marquesa de Santos e seu Jogo de Poder”.
Em terceiro, foi premiada Gabrielli Gouveia de Almeida, da E.E. PEI “Professor Ary de Almeida Sinisgalli”, aluna da professora Camila Cristiane Delfino Vieira, com “A Persistente Desigualdade de Gênero na Construção da Memória Histórica”.
