RAUL VALLERINE
Não há dinheiro no mundo que pague o valor do meu voto. Voto não se vende nem se troca, deve ser doação. Voto é um compromisso com os nossos ideais e crenças no futuro.
Sebastião Wanderley
Estamos próximos das eleições municipais é oportuno refletir o sentido e o alcance da ida às urnas como compromisso do cidadão. Trata-se de um dever com determinante importância nos rumos dos municípios no próximo quadriênio.
Um tempo que não é longo, mas, se for perdido, por incompetências ou por falta de envergadura moral, contabiliza prejuízos que se desdobram durante décadas.
Não se pode arriscar entregando governos municipais e responsabilidades de vereança a quem carece de competências para fazer avançar cada um dos municípios.
A campanha eleitoral será oportunidade para todos acompanharem as propostas, os programas de governo e os compromissos.
Sabe-se, contudo, que o acompanhamento da campanha eleitoral, especialmente pelos meios de comunicação, embora muito importante, não tem a força necessária para o adequado discernimento nas escolhas dos candidatos.
Muitos eleitores poderão estar indecisos, outros já planejam votar em determinado candidato, mas ainda a tempo de confrontar suas escolhas a partir de critérios éticos. Ressalvada a sua importância, o sistema de ideia política do partido não é suficiente para decidir em quem votar.
Na verdade, às vésperas das eleições, cessada a campanha eleitoral, por dispositivo legal e controle das instâncias competentes, é importante refletir os critérios éticos e morais para balizar escolhas adequadas. Já não é mais, portanto, campanha eleitoral, mas o início daquela etapa em que o eleitor é chamado a recolher-se no mais recôndito de sua consciência.
Nesse exercício, o cidadão deve pesar critérios éticos e morais, necessidades e competências, além de avaliar, no seu município, o que está em andamento, o que é necessário e urgente, para escolher bons candidatos.
O voto secreto, além do respeito à liberdade e autonomia de cada pessoa na sua escolha, é também referência ao confidencial da consciência, que precisa ser iluminada suficientemente para não se escolher por razões frágeis.
No horizonte, deve sempre estar à importância do compromisso do cidadão, sua repercussão na vida da sociedade e de cada pessoa.
Esse momento tem, portanto, grande importância no fortalecimento da democracia brasileira e incidência determinante na vida da população. Não se pode entregar a responsabilidade de governar a quem não consegue corresponder às exigências próprias dessa missão.
É preciso escolher aqueles que estão verdadeiramente comprometidos com a tarefa de construir uma sociedade mais justa. O executivo municipal tem que ser caracterizado pela rapidez nos encaminhamentos e respostas e não por discursos repetitivos, retóricos e estéreis.
Deve buscar, criativamente, o uso de recursos, parcerias e projetos que debelem atrasos históricos na solução de questões habitacionais, educacionais, saúde, transportes e outras.
Também não se pode arriscar na formação de uma câmara municipal que burocratiza, emperra processos ou funcione na estreiteza das dinâmicas dos trabalhos.
Mais importante do que o partido é considerar a força da ética e da moral no processo eletivo. É indispensável avaliar a condição moral de cada candidato.
Não é por simples moralismo. Ora, sem autoridade moral a competência pode resvalar em direções contrárias ao bem comum. A autoridade a ser exercida num cargo político também não pode preservar-se apenas na competência técnica.
As eleições são uma festa da democracia. Que esta festa seja vivida com a mais lúcida consciência deste compromisso cidadão, construindo um tempo mais promissor nas cidades.