Ana Carolina Teixeira / Da Engaje Comunicação
Durante os meses de isolamento social, enquanto o mundo enfrentava um dos maiores desafios dos últimos tempos, famílias passaram a conviver de forma mais intensa com familiares ao passo que tiveram de se distanciar fisicamente de amigos e colegas de trabalho.
Este novo contexto acabou por causar desgastes nas relações devido aos altos níveis de ansiedade e estresse gerados por este afastamento e paralisação das atividades externas.
Um dado que comprova o efeito negativo da pandemia foi o aumento de 54% das solicitações de divórcio neste período entre maio e julho deste ano – as separações foram de 4.641 para 7.213, segundo levantamento do Colégio Notarial do Brasil (CNB/CF).
“Este é um momento delicado que pode favorecer conflitos desnecessários, mas também pode criar laços mais fortes”, diz a mestre em psicologia positiva aplicada pela Universidade da Pensilvânia, Flora Victoria.
A especialista conta que o conhecimento da Psicologia Positiva possibilita uma mudança de perspectiva sobre essas relações. “Em momentos de pressão emocional é importante visualizar janelas de oportunidades e aproveitar a mudança até para fazer avaliações mais profundas que vinham sendo adiadas”, afirma Flora.
Empatia como aliada
A conexão com o próximo é inevitável e fundamental, de acordo com a Psicologia Positiva. “Somos seres sociáveis e há evidências científicas de que o convívio com o próximo nos faz bem”, diz Flora. “Isolado, o indivíduo perde a identidade porque ela é constituída a partir do encontro com o outro”.
Por isso, embora qualquer um possa encontrar arestas na convivência, principalmente com aquele que está mais próximo, é importante lembrar que é esta convivência que dá sentido à vida.
Para a especialista, com base na ciência da Psicologia Positiva, é importante treinar a paciência, a resiliência, o entendimento e, em casos mais difíceis, até mesmo o distanciamento: “ter limites e espaços próprios também é fundamental para o bem-estar”.
Dicas para recuperar relações
Momentos de troca: engajar em atividades que as pessoas da casa gostam de fazer juntas e passar mais tempo offline é uma forma de lidar bem com o confinamento.
Para a Psicologia Positiva, o ato de se engajar em algo com afinco, faz viver o presente com intensidade e prazer. Isto é chamado de “Flow”, uma teoria desenvolvida pelo psicólogo Mihaly Csikszentmihalyi, que descobriu que o ato — de cozinhar ou de pintar algo, por exemplo — pode trazer mais satisfação do que o próprio produto final.
Diálogo gera confiança: um relacionamento pautado no diálogo pode tornar a convivência mais agradável. É importante falar sobre os sentimentos e incômodos, sempre de forma empática, ou seja, de forma clara e objetiva a fim de criar uma solução e não de machucar o outro.
Isso faz com que as pessoas envolvidas estejam proativas a ajudarem umas às outras a superarem eventuais problemas emocionais que tenham surgido.
Organize a rotina: uma rotina é fundamental para que os dias fluam com mais tranquilidade. Dividir tarefas, bem como manter e respeitar a individualidade de cada um, é fundamental. Desgastes são muitas vezes gerados por cobranças e ter um equilíbrio na divisão de tarefas torna o ambiente mais leve.
Tolerância e respeito: cada um tem um tempo e um mecanismo de defesa em relação às adversidades. Muitas pessoas demonstram falta de tato social ao se depararem com o que é diferente da sua realidade. Por isso, respeitar o outro é importante para não entrar em embates desnecessários. Sempre é bom lembrar que cada indivíduo é um universo particular que merece ser ouvido e cuidado.