Da reportagem
Nesta sexta-feira, 24, a Secretaria de Esporte, Cultura, Turismo e Lazer, da prefeitura de Tatuí, realizou reunião para a criação de um comitê consultivo para o Museu da Imagem e do Som (MIS), que deve participar do levantamento de conteúdo para a exposição permanente do espaço.
O MIS foi criado por meio da lei municipal 5.286 e sua sede será no antigo prédio do matadouro municipal, situado na avenida Domingos Bassi, esquina com a avenida João Batista Correia Campos.
Estiveram presentes no evento a arquiteta, especialista em museografia e sócia-proprietária da empresa Arquiprom, responsável pelo projeto da expografia do museu, Sílvia Landa, o historiador e pesquisador Roney Cytrynowicz, o historiador e chefe de gabinete da prefeitura, Christian Pereira de Camargo, o secretário do Esporte, Cultura, Turismo e Lazer, Cassiano Sinisgalli, o diretor municipal da Cultura, Rogério Vianna, e diversos representantes da área cultural do município.
Segundo Sílvia, o projeto vem sendo trabalhado há mais de um ano pela empresa, que também fez a expografia do Museu “Paulo Setúbal”. “Somos os proponentes do MIS de Tatuí. Agora, seguimos para a fase de desenvolvimento de pesquisa e busca dos acervos”, disse. “Fico honrada em voltar a trabalhar em mais um projeto no município, que cuida tão bem da cultura”, ressaltou.
Segundo dados da Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa, durante alguns anos, o Museu “Paulo Setúbal” foi o mais visitado da região. Sílvia tem a expectativa de unificar o MIS com o museu em uma administração conjunta, “otimizando recurso público e mantendo Tatuí como polo cultural da região”.
“Agora, estamos no momento de realmente construir o projeto, a pesquisa, o roteiro expográfico e tudo o que terá dentro do museu”, pontuou.
Ela conta que veio a Tatuí, em 2017, trazer a proposta do Museu da Língua Portuguesa, quando a então prefeita Maria José Vieira de Camargo conversou com a arquiteta e levou-a ao antigo prédio do matadouro, “sem nenhum compromisso profissional”.
O projeto, segundo Sílvia, começou então a ganhar corpo e foi feito um diagnóstico, enfatizando-se os objetivos gerais e iniciais do MIS, que são preservar e divulgar o patrimônio cultural e artístico da cidade, proporcionar um projeto educativo, programação cultural, atividades ao ar livre e ações conjuntas com o Conservatório e demais instituições culturais do município. A aprovação do projeto foi imediata, conta ela.
Sílvia descreveu que o prédio do antigo matadouro era “bonito, porém, pequeno”. Em conversa com a prefeitura, foi proposta a utilização da praça em frente ao espaço e a construção de um anexo, para uma área administrativa.
Já o prédio histórico concentraria as exposições de longa duração. Haveria, também, um espaço para eventos culturais na área externa. “O MIS ganhará visibilidade em toda área em que está inserido”, afirmou a arquiteta.
O projeto, exposto aos convidados na reunião, também engloba uma praça de eventos, em frente ao antigo prédio, com um pequeno teatro de arena. Já na entrada, que será coberta, a ideia é ter um banco comunitário para as pessoas se acomodarem. Para Sílvia, é importante que haja espaços de convivência.
Segundo Cytrynowicz, a procura pelos acervos da cidade já começaram. “Trabalharemos em conjunto com o comitê. Isso ajudará no levantamento e na formatação de forma eficaz do material que será exposto futuramente”, detalhou. Para ele, a criação de um espaço com exposições permanentes é vital para a cultura da cidade.
“Meu trabalho é garimpar o que há, para que seja mostrado às futuras gerações”, pontuou. Cytrynowicz fará frequentes visitar a Tatuí com o intuito de captar o material para a expografia do MIS.
O historiador destacou que alguns elementos do antigo matadouro serão mantidos. “Haverá um espaço no qual será contada a história completa da edificação. É legal que o público saiba o que acontecia naquele lugar. Esse resgate é genial”, frisou.
“A intenção é montar uma comissão para debater e passar ideias, para que os envolvidos na construção do MIS tenham mais materiais de acervo para compor de forma harmônica as instalações do museu”, explicou Sinisgalli.
Para ele, é essencial que se crie um grupo focado nesse aspecto para que, após a inauguração do espaço, ele continue atuando, para que os atrativos do museu sejam mutáveis.
“O sucesso do espaço será visto depois de sua implantação. Por isso, é necessário que haja um comprometimento espontâneo com o que será mostrado no museu ao longo de sua existência”, pontuou.
Pereira de Camargo, filho do historiador e jornalista Renato Ferreira de Camargo, enxerga o MIS como um espaço que venha a contar a história de personagens, pessoas e situações de determinada época para os dias atuais.
“É essencial que o público conheça a história de alguns tatuianos que não aparecem em livros de história, por exemplo”, refletiu. Para ele, o museu tem essa vocação e vem para complementar essa necessidade, na forma de audiovisual. “Todos aqui presentes têm o sentimento de colaborar com o MIS. Isso é importante”, salientou. E complementou: “Juntos, somaremos ideias, para que possamos tornar o museu um espaço de preservação da memória de Tatuí e que as futuras gerações utilizem este espaço para pesquisa e conhecimento”.
Em uma próxima etapa, serão marcadas novas reuniões, tanto presenciais como virtuais, a fim de se estabelecer uma forma de comunicação entre a equipe responsável pela construção do MIS com as demais pessoas interessadas no assunto.
“É importante que os presentes na reunião interajam neste momento da pesquisa de acervo, para que formatemos um roteiro expositivo adequado”, concluiu Silvia.
Segunda fase
Em fevereiro deste ano, houve a aprovação do projeto da chamada “fase 2” de implantação do MIS, que está sendo revitalizado para abrigar o equipamento de cultura. O setor recebeu o aporte de R$ 361.108,44 do governo do estado.
O recurso já havia sido anunciado em maio do ano passado, oriundo de repasses do Dadetur (Departamento de Apoio ao Desenvolvimento dos Municípios Turísticos) aos MITs (municípios de interesse turístico), referentes ao pleito do ano de 2021.
O setor de turismo de Tatuí ainda aguarda a liberação de R$ 253.965,52, que também devem ser aplicados na fase 2 do MIS. O valor é oriundo de descontingenciamento dos recursos do pleito de 2021. Com o adicional, os repasses do Dadetur devem totalizar R$ 615.073,96.
Os recursos são destinados, única e exclusivamente, para a execução de obras e programas ligados ao desenvolvimento do turismo nas cidades reconhecidas como MIT.
A revitalização do prédio, datado de 1859, começou no final de outubro de 2017. Até então, as obras do MIS estavam sendo realizadas com recursos próprios.
A prefeitura quer viabilizar, no novo espaço, apresentações musicais, exposições permanentes e itinerantes, entre outras ações. O espaço também permitirá aos tatuianos e visitantes conhecerem um pouco mais da história da cidade.
Conforme anunciado por Sinisgalli, a Arquiprom inseriu a proposta do equipamento no Sistema de Apoio às Leis de Incentivo à Cultura (Salic) e recebeu autorização do Ministério da Cidadania para captação de recursos por meio da Lei de Incentivo à Cultura.
O secretário explicou que, com a aprovação, o projeto do MIS pode captar R$ 922.445,92 para pesquisa, expografia e execução do projeto de todo o acervo museológico, completando a etapa que falta para o dispositivo ser inaugurado.
Conforme Sílvia, a lei é uma forma de tornar o projeto mais atrativo a patrocinadores, que poderão viabilizar a implantação do museu e, ainda, obterem incentivo fiscal.
Por meio do dispositivo, o governo federal renuncia ao Imposto de Renda para que o recurso seja direcionado à realização de atividades culturais. Com isso, o produtor do projeto aprovado pela Secretaria Especial da Cultura pode captar recursos junto a apoiadores, oferecendo a oportunidade de abatimento no IR.