Cristiano Mota
Autoridades descerram placa inaugural de pedra fundamental de clínica
A Nefrotat – Serviços de Cuidados Renais de Tatuí tem planos de começar a disponibilizar tratamento de hemodiálise em 14 meses. O prazo foi divulgado pelo empresário e médico nefrologista Alcir Ferrari, em solenidade de lançamento da pedra fundamental da clínica, na manhã de sábado, 27 de junho.
No evento, Ferrari cumprimentou autoridades e relatou o histórico do investimento. A ideia surgiu em 30 de janeiro de 2013, a partir de contato entre ele e a Unimed. “A ideia inicial era trazer um serviço pequeno, útil e ágil para a Unimed, que estava substituindo seu hospital”, disse o nefrologista.
Após conversas com o médico ortopedista Eder Balliari, ele começou a estudar a possibilidade de montar uma clínica em Tatuí para atender à Unimed e à Prefeitura. Ferrari disse que a proposta avançou a partir de contato com o então secretário municipal da Saúde, anesteologista José Luiz Barusso.
“Na época, ele era superintendente da Unimed e havia o plano do prefeito José Manoel Correa Coelho, Manu, recém-empossado, de fazer uma clínica de hemodiálise não só privada, mas ampla, para o município e a microrregião”, disse.
Diante da receptividade, Ferrari contou que retomou projeto que estava em desenvolvimento havia dois anos, a cargo de escritório de engenharia de Ribeirão Preto. Em parceria com o clínico-geral Antonio de Pádua Prestes Miramontes, ele elaborou uma concepção de clínica baseada em “três vertentes”.
“Não é apenas uma clínica com suas máquinas e a sua frieza de tratamento”, alegou. O projeto prevê a construção de salas de tratamento, um centro de convivência e uma cozinha experimental – considerada inédita.
Ferrari afirmou que o maior espaço da clínica, que terá 1.400 metros, será o centro de convivência. O terreno onde a unidade de hemodiálise está sendo construída possui 5.100 metros quadrados e é considerado estratégico pelo empresário.
O médico disse que ele fica “no meio da cidade” e próximo ao hospital da Unimed e à Santa Casa. Além da localização, Ferrari destacou que a clínica contará com estacionamento próprio e um “tratamento diferenciado e humanístico”.
Conforme o nefrologista, a Nefrotat será a primeira clínica do país a contar com uma cozinha experimental. No espaço, as famílias dos pacientes receberão orientações a respeito do preparo de alimentos. Ferrari disse que a ideia é estimular a “integração de todos”. “Nós vamos nos entregar a esses pacientes”, declarou.
Representando a Secretaria Municipal da Saúde, Barusso afirmou que a construção da clínica atende a uma reivindicação antiga. “Estou em Tatuí desde 1985, e sempre se pensou em termos a diálise, para evitarmos o transporte de pacientes para cidades da região, como Sorocaba, Itapetininga e Campinas”, iniciou.
Para o anestesiologista, o lançamento da pedra fundamental marca o cumprimento de uma promessa de campanha do prefeito e do vice-prefeito Vicente Aparecido Menezes, Vicentão. Os dois acompanharam o evento, ao lado do vereador Antonio Marcos de Abreu e de secretários municipais.
Barusso também ressaltou a colaboração de Miramontes. “Ele foi o primeiro nefrologista a fazer diálise na Santa Casa. É um batalhador”, acrescentou.
Mencionando as autoridades, o anestesiologista ressaltou que, logo no início das conversas, o município teve conquista. Barusso afirmou que, por intermédio de Ferrari, a Santa Casa recebeu duas máquinas para tratamento de hemodiálise. Os equipamentos atendem a pacientes internados da unidade de terapia intensiva e que “evoluam” para a diálise.
A segunda etapa consistiu na implantação do mesmo serviço junto ao hospital da Unimed. A terceira será o atendimento de pacientes locais na própria cidade. Barusso afirmou que, atualmente, 60 pessoas fazem tratamento fora do município.
“Uma turma vai segunda, quarta e sexta-feira, e a outra, terça, quinta e sábado. Então, por aí se vê a quantidade de locomoção e de riscos que esses pacientes graves, a maioria, correm quando se deslocam para outros municípios. E é uma comodidade ficar na cidade para esse tipo de tratamento”, argumentou.
Conforme ele, a administração “sofreu muita pressão com relação à construção de uma clínica de diálise”. Os pedidos vieram por meio da Santa Casa, Câmara Municipal e de entidades como o Cobat (Conselho de Bairros de Tatuí).
Barusso alegou que respondeu que o serviço seria montado, mas pediu paciência. “A viabilidade de um serviço como esse não depende somente de pacientes de convenio ou particulares. Se você não tiver credenciamento do SUS (Sistema Único de Saúde), fica inviável”.
Por esse motivo, Barusso disse que a Prefeitura buscou entendimento, junto à DRS (Divisão Regional de Saúde) de Sorocaba, para o credenciamento.
O processo exigirá que o município arque com os custos do tratamento dos pacientes locais pelo prazo de, pelo menos, seis meses. Esse é o tempo mínimo para a elaboração da chamada “série histórica” de atendimentos.
“Então, não é fácil que se construa do dia para a noite um serviço de diálise”, argumentou Barusso. O ex-secretário da Saúde também falou que o investimento exige contratação de profissionais especializados e que os equipamentos, sem equipe gabaritada, serviriam apenas como “cabide de jalecos”.
Barusso mencionou, ainda, que a montagem do serviço passa pela análise da qualidade da água. Conforme ele, em alguns municípios, ele não pode ser realizado por conta do tratamento da água pelo uso de metais pesados.
“As coisas tardam, mas não falham. Existe um ditado que diz que todo povo merece o governo que tem. E eu acho que Tatuí merece isso, agora, porque há uma pessoa batalhadora, que investe pessoalmente – e eu garanto que vai investir em tudo aquilo que precisar –, que é o prefeito Manu”, afirmou.
Convidado a falar, Abreu disse que a construção de uma clínica de hemodiálise é “um sonho para todos que trabalham na Saúde e para a população”.
O vereador afirmou que os pacientes enfrentam dificuldades para realizar o tratamento fora de Tatuí. Também declarou que o espaço garantirá conforto não só para quem faz a diálise, mas para as famílias dos pacientes.
Abreu ainda destacou o empenho do prefeito na construção do empreendimento. “É isso que precisamos: unir forças políticas para buscar credenciamento junto ao governo do Estado, porque não é fácil”, comentou.
A construção do centro é fruto de PPP (parceria público-privada) e considerada uma “alegria” pelo vice-prefeito e secretário municipal da Infraestrutura, Meio Ambiente e Agricultura. Vicentão disse que a administração recebeu críticas durante a campanha com relação à promessa.
“Fomos criticados de mentir para o povo, porque teríamos assumido compromissos impossíveis de serem cumpridos”, afirmou.
Entre os itens previstos no plano de trabalho, o vice-prefeito destacou que havia a redução da jornada de trabalho de oito para seis horas diárias aos servidores da Saúde. “Está implantada, o que, sem dúvida, melhorou muito a Saúde”, sustentou.
O vice-prefeito alegou que sempre buscou novos recursos para o município, “mesmo quando oposição”. Ainda queixou-se de corte de recursos que teriam sido feitos por parte de parlamentares de “outros partidos”.
Vicentão também elogiou os trabalhos desenvolvidos por Barusso e Ferrari e mencionou que acompanha o sofrimento de pacientes que precisam de tratamento. O marido da empregada doméstica dele faz hemodiálise. “Nós nos envolvemos, também, porque ele já passou mal na viagem”, disse.
O prefeito iniciou discurso com agradecimentos. Manu exaltou o trabalho desenvolvido pelo presidente do Cobat, Antonio de Pádua Oliveira, no sentido de cobrar a implantação de um centro. Afirmou que a conquista se deu de forma conjunta e destacou que a unidade trará “vários benefícios aos pacientes”.
Conforme Manu, o lançamento da pedra fundamental representou um momento histórico ao município. Para simbolizar o ato, o prefeito selou uma cápsula do tempo, contendo exemplares de publicações do município. Entre elas, a edição do dia 28 de junho de 2015 de O Progresso.
“Todo mundo que está presente vai ficar para a história. Tatuí vai passar a ter, agora, outra Saúde. A clínica será um divisor de águas para a cidade”, encerrou.