Clássico ou moderno?

Aqui, Ali, Acolá

José Ortiz de Camargo Neto *

Frase do dia: Nem antigo, nem moderno, só o eterno.

Caros amigos:

Muitas pessoas qualificam o antigo, o clássico, como ultrapassado, e o moderno como a última palavra em estética.

De outro lado, há os que repudiam qualquer criação artística moderna (e há mesmo muitas delas horríveis) e acham que só o antigo, o clássico é válido.

Entre eles, há os que trafegam nos dois mundos, como Paulo Bomfim, que escreveu poemas modernos e livros inteiros de sonetos com métrica e rima, como manda o figurino.

Ele mostrou que mesmo as poesias modernas, por mais inovadoras que sejam, têm de ter ao menos um componente: o ritmo, sem o qual não existe expressão poética, e isso se obtém com métricas variáveis – e de vez em quando há uma rima, não obrigatória.

Em seu poema “Antonio Triste”, Bomfim coloca um ritmo gostoso, variado, que lhe ensinou a dar o poeta seu amigo e padrinho, Guilherme de Almeida.

Moderno, mas não tanto; antigo, mas nem tão longe.

De minha parte, sigo o caminho de Bomfim: amo as poesias cadenciadas, com métrica e rima, como as de “Alma Cabocla”, de Paulo Setúbal, os sonetos de Olavo Bilac e Raimundo Correia, os cordéis nordestinos de J. Borges e Abaeté, e ao mesmo tempo, aprecio os poemas modernos do Príncipe dos Poetas Brasileiros.

E foi assim que escrevi este poema, para esclarecer tal assunto:

ETERNA

Interna

E terna

Moderna

E eterna

A poesia caminha na praia

Com os pés desnudos

E de topless.

Dança ao som da música do mar…

No ritmo das ondas ondulantes

Ondulam os ondulados seios!

Seu amorosíssimo olhar

Está entontecido de azul.

Segura-lhe ternamente a mão,

Vestindo regata e calção,

Um forte sonho de verão!

E assim livre,

Sem métrica, cadência e rima

A poesia até parece que não é ela,

Mas sua prima.

À noite,

Vestida de gala

Ele, de traje social,

Sapatos de cromo preto

Dançam uma valsa, emoção,

Enlaçados num soneto.