Cidade terá túnel e entrada de R$ 40 mi





Cristiano Mota

Obra está com custo estimado entre R$ 30 e R$ 40 milhões

 

Com custo estimado entre R$ 30 milhões e R$ 40 milhões, a construção de um túnel para desafogar o trevo do São Cristóvão está perto de se concretizar. O projeto acaba de receber autorização da Artesp (Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo).

A confirmação foi feita nesta semana, pelo prefeito José Manoel Correa Coelho, Manu. Na manhã de quinta-feira, 12, ele fez visita técnica à região que poderá receber a obra. Além do túnel, está prevista a ampliação das alças de acesso das SPs 127 (Antonio Romano Schincariol e Castello Branco).

Acompanhado do deputado estadual Edson Giriboni (PV) e do vereador Wladmir Faustino Saporito (Pros), o prefeito encontrou-se com o diretor de relações institucionais do grupo CCR (Companhia de Concessões Rodoviárias) SPVias – empresa responsável pela elaboração e execução do projeto –, Alexandre Spadafora.

Conforme o prefeito, as obras incluem uma “nova entrada” para o município. Manu havia se reunido com representantes do DER (Departamento de Estradas de Rodagem) na semana passada. A pauta girou em torno do túnel, denominado tecnicamente de “passagem inferior”.

As discussões envolveram, ainda, a duplicação do trecho da rodovia Mário Batista Mori (SP-141) entre o trevo e a empresa Rontan Eletrometalúrgica. De acordo com o prefeito, o projeto envolverá desapropriações que “já correm paralelamente”.

“Estamos buscando alternativas. A cidade cresceu muito”, afirmou Manu, que, entre as soluções para os problemas viários do município, apontou autorização para construção de novo acesso na SP-127. O dispositivo permitirá a ligação da rodovia às áreas que abrigarão a Noma do Brasil e a Zoomlion.

No São Cristóvão, o prefeito afirmou que a obra viária terá um “impacto gigantesco”. Segundo ele, a região é uma das mais afetadas na “hora do rush” (horário de pico), por conta da concentração do número de empresas (entrada e saída de funcionários) e da Fatec (Faculdade de Tecnologia) “Wilson Roberto Ribeiro de Camargo”, com a entrada e saída dos estudantes.

“Todo mundo que é tatuiano sabe que, se quiser ir para o lado da vila Angélica às 17h, tem de esperar, no mínimo, uma hora, e vice-versa”, declarou.

Manu citou que o tráfego fica “ainda mais pesado” quando somados os veículos que entram no município pelas rodovias (Castello Branco e Antonio Romano Schincariol). Segundo ele, a concentração causa um “estrangulamento”.

O projeto executivo representa a segunda etapa do estudo de intervenção no trevo. Conforme o diretor da CCR SPVias, ele começou a ser elaborado há mais de um mês, a partir de ofício da autorização emitido pela Artesp.

“Todo mundo que mora em Tatuí deseja uma nova entrada para a cidade, e todo mundo que trabalha aqui, nessa região, quer ter um acesso melhor”, disse o prefeito.

Segundo ele, o túnel vai beneficiar mais de 10 mil pessoas. São funcionários das empresas (eletrometalúrgicas e cerâmicas, entre outras) estabelecidas ao longo da SP-141. “Todas essas pessoas transitam por aqui, diariamente e sem praticamente condições nenhuma de segurança”, falou Manu.

Integrando-se ao projeto, a rodovia passa por recapeamento, iniciado em agosto do ano passado pelo governador do Estado. Somado à obra e à duplicação do trecho que sai do trevo e vai até a Rontan, o túnel deve reforçar a segurança dos motoristas e pedestres que utilizam o trecho urbano da SP-141.

A Prefeitura pretende, ainda, incluir uma ciclovia. Essa faixa exclusiva para bicicletas será construída entre a vila Angélica e o Jardim Gonzaga. O objetivo é oferecer um novo modo de os moradores das localidades se locomoverem.

O prefeito explicou que todas as ações são baseadas numa previsão de aumento de fluxo. O Executivo espera que, com a construção do dispositivo que vai ligar a futura marginal da Noma e da Zoomlion (que devem se instalar em Tatuí) à SP-127, haja crescimento do tráfego de caminhões.

“Nós temos de dar uma solução para essa situação. E a melhor é essa passagem inferior”, falou Manu, que prevê um “grande impacto” para a cidade. Segundo ele, a obra vai permitir maior desenvolvimento para o município.

O túnel é considerado, também, um complemento da primeira etapa do anel viário. Isso porque parte dos veículos pesados que trafegará pelo dispositivo passará pelo trevo do São Cristóvão. “Uma obra está interligada à outra. Como vamos tirar os caminhões do centro, eles virão para cá”, disse.

Por essa razão, a ideia do Executivo é que, quando o anel viário estiver pronto, o túnel já tenha a construção iniciada. “Para conseguirmos dar conta do movimento, pensamos dessa forma. Isso é o que eu chamo de planejamento”, afirmou.

Viabilidade

A construção do túnel proposta pela CCR SPVias é parte de projeto apresentado ao Executivo em 2012 e antecipado por O Progresso em fevereiro daquele ano. Por solicitação do ex-prefeito Luiz Gonzaga Vieira de Camargo, a concessionária desenvolveu “duas soluções”, sendo a primeira um pontilhão.

À época, a ideia era fazer com que os motoristas que utilizavam a SP-127 (no sentido a Itapetininga) e quisessem entrar em Tatuí passassem por cima do trevo, evitando o entroncamento.

A entrada ao município seria feita por meio de um pontilhão, que seria construído logo à frente do trevo e iria direcionar o condutor até a avenida Vice-prefeito Pompeo Reali (no São Cristóvão).

“Nós tínhamos desenvolvido duas soluções. A que vamos aplicar é a que passou pelo crivo da engenharia da concessionária e a mais viável”, disse Spadafora.

O diretor de relações institucionais explicou que a empresa está desenvolvendo o projeto executivo. Depois de concluído, o plano será submetido à Artesp, que validará, ou não, o projeto e discutirá os custos.

Por ser uma obra extracontratual (não prevista no contrato de concessão firmado com o governo), a CCR SPVias não tem autonomia para começá-la sem aditivo.

Spadafora disse que o pontapé inicial do projeto foi dado pelo Executivo. “A demanda acabou chegando para nós pelo próprio município”, relatou. Como o trevo é considerado um dispositivo “muito antigo” e o município registrou crescimento (da população e da frota de veículos), os projetos passaram a ser cogitados. Todos objetivando melhora na fluidez de tráfego e de segurança.

Procurada pela administração de Gonzaga, a concessionária deu início aos trâmites para o projeto. A proposta seguiu na gestão de Manu, sendo considerada fundamental para a cidade em função do número de veículos em circulação.

A partir dos contatos com a Prefeitura, a CCR SPVias desenvolveu o chamado “projeto funcional”, que previa as “duas soluções” (o pontilhão e o túnel).

Em agosto de 2013, o projeto foi apresentado ao governador do Estado e, neste ano, recebeu autorização para que fosse concluído e submetido à Artesp.

“As coisas estão acontecendo nesse caminho. Temos uma parceria muito forte com a administração municipal e também atendemos às demandas da população”, falou Spadafora.

Segundo ele, o número de veículos em horários de pico gera um “impacto muito grande” na SP-141 e, principalmente, na avenida Pompeo Reali. No trecho, o diretor afirmou haver um conflito que provoca reflexos também na SP-127.

“No final de alguns períodos (após as 17h), há riscos de acidentes por conta do rabo de fila que fica nas alças de acesso do município”, diagnosticou.

A concessionária vai basear o projeto executivo “em cima” do funcional. Spadafora acredita que a confecção dele seja concluída entre cinco e seis meses.

O projeto funcional é um esboço e foi realizado com base na planta do trecho. Já o executivo é mais detalhado e inclui levantamento de sondagem de solo, cálculo de remoção de terras, de gasto de ferragens, cimento, conexão das alças, remoção de postes e fiação e verificação de tubulações (água e gás).

Somente após a conclusão do projeto é que a concessionária terá o valor final da obra. Por enquanto, a empresa trabalha com o custo estimado, vez que o anunciado pode mudar. “Vai depender da Artesp, porque o Executivo (no caso, o governo do Estado) é que vai determinar o valor”, disse Spadafora.

Novos planos

De 2012 para cá, a concessionária reavaliou as sugestões apresentadas ao Executivo e mudou os planos. Há dois anos, o pontilhão havia sido apontado como o mais viável. Neste ano, a melhor opção mudou.

Os motivos são o “grande impacto” provocado pelo pontilhão com relação às desapropriações. Spadafora explicou que, para ligar o pontilhão ao município, seria necessário construir uma alça de acesso no formato de ferradura.

Para ser realizada, a obra teria de ser feita em áreas pertencentes a particulares. “Iria atingir socialmente a comunidade. Pegaria pedaços de pátios de empresas, inclusive, uma igreja evangélica. Então, é algo que pode ser feito, mas que acaba destruindo patrimônios construídos ao longo dos anos”, apontou.

O túnel é uma solução de “menor impacto social”. Ele prevê o alargamento das alças de acesso tanto de quem vem pela Castello Branco quanto pela Antonio Romano Schincariol. Ela fornecerá um novo traçado para os veículos que saem da Mário Batista Mori, sentido às cidades de Quadra e Itapetininga.

“O giro de quem fizer o retorno operacional vai ser em desnível de quem estiver fazendo esse trajeto entre a SP-141 e a avenida Pompeo Reali”, citou Spadafora.

Pelo projeto, os veículos que trafegam pela SP-127 em direção a Tatuí farão o acesso no nível atual, sem ter de aguardar a passagem dos que usam a SP-141 para entrar ou sair de Tatuí.

O retorno da SP-127 para a SP-280 permanece inalterado no traçado, mas terá a capacidade de acesso ampliada (será alargado).

A ligação entre a Pompeo Reali e a SP-141 se dará, exclusivamente, pelo túnel. Para deixar a Mário Batista Mori no sentido à Antonio Romano Schincariol, os motoristas utilizarão o mesmo caminho, só que, então, bem ampliado.

Spadafora estima que as obras possam ser iniciadas no primeiro semestre do ano que vem. Conforme ele, este é um prazo “bastante razoável”, levando-se em consideração o tempo de análise da Artesp e a autorização do Estado.