Os cavalos existem há mais de 50 milhões de anos. Eles ajudaram o homem a vencer batalhas, a cultivar alimentos e a se locomover. Muito tempo se passou e esses bichos continuam a ganhar destaque no dia a dia, seja na locomoção, criação ou prática esportiva.
No esporte, há diferentes modalidades em que os cavalos são parceiros dos atletas: o hipismo, o polo e também o horseball, o mais recente deles.
Cada time é formado por quatro integrantes. Todos montados em cavalos devem chegar ao gol adversário: cestas com 1 metro de diâmetro e 3,5 metros de altura, instaladas nas extremidades da pista. Não há goleiros.
As bolas possuem alças adaptadas que facilitam os toques entre o time. Cada partida tem dois tempos de dez minutos cada.
Em Tatuí, a Hípica Centaurus (localizada à rodovia Senador Laurindo Dias Minhoto, km24, no trevo do Ceagesp) é o local de encontro dos amantes do horseball. Além de sede da Associação de Jogadores de Horseball do Brasil, o local virou referência na cidade por ser palco de campeonatos nacionais do esporte e de grande concentração de atletas.
“Tatuí, hoje, é o maior berço do horseball do Brasil. A cidade tem a maior concentração de jogadores do esporte no país”, comentou Lucas Toledo, treinador da equipe brasileira masculina e feminina.
Tamanho reconhecimento trouxe para a cidade a disputa internacional de horseball. Até este domingo, 1º, times nacionais e internacionais se enfrentam no “Brazilian International Horseball Tornament”, primeiro campeonato internacional da modalidade a ser realizada nas Américas. Os jogos são realizados diariamente a partir das 19h. A entrada é franca.
Toledo, também secretário-geral da associação dos jogadores, afirma que trazer a disputa para o Brasil foi uma tarefa árdua. O esporte é regido pela Federação Internacional de Horseball (FIHB), que administra os campeonatos internacionais. O Brasil, através da associação de jogadores, candidatou-se à vaga para sediar a disputa.
Toledo afirma que assumiu a associação em março deste ano, mas ressalta que a “batalha” para sediar uma disputa desse porte se perpetua há mais de um ano.
“A gente batalha há muito tempo para receber um campeonato internacional. Foi um trabalho árduo e uma conquista histórica para o horseball no Brasil”.
Esta não foi a primeira vez que o país se candidata à disputa. Conforme Toledo, desta vez, a federação internacional considerou o Brasil por causa da estrutura e da documentação da associação.
“Quando ela foi homologada pela FIHB, a associação foi muito bem vista pelos outros membros. Os documentos que enviamos mostrando o que é a associação, os livros de atas, nossos fundadores, fotos dos jogadores associados, da diretoria. Tudo isso contribuiu para essa conquista”, salienta.
O processo de candidatura ainda contou com filmagens em drone de toda a hípica, a fim de comprovar que o local tinha estrutura adequada para a competição. Após análise, foi dada uma data para realização da competição e a chancela da FIHB ao evento.
O espaço de 500 metros quadrados possui seis pistas (uma coberta), quartos para acomodação dos atletas, cozinhas, banheiros, lanchonetes, restaurantes e uma grande área verde.
A associação dispõe de acomodação e refeição para todos os jogadores. A Prefeitura apoiou a disputa com rifa, em que foram enviados caminhões de água.
Toda essa estrutura foi necessária para receber 48 atletas, divididos em equipes de dez países. São eles: Brasil, Portugal, Espanha, França, Bélgica, Alemanha, Holanda, Áustria, Itália e Canadá.
Segundo Toledo, todos os jogadores que estão disputando o campeonato serão ranqueados pela FIHB como atuantes em jogos internacionais. Isso quer dizer que, a partir dali, a equipe brasileira terá reconhecimento mundial.
E é esse alcance que o treinador pretende dar ao evento. Para Toledo, poucos conhecem o horseball por se tratar de um esporte divulgado na Europa.
“A gente está nessa luta há muitos anos e, a partir da realização desse evento, acreditamos que podemos mudar a cara do esporte no Brasil”, salienta.
Toledo ainda exalta a experiência de jogar contra os melhores jogadores de horseball do mundo. “Você trazer jogadores de nível técnico para dentro da sua casa dá ao jogador a possibilidade de crescimento. Para começar a absorver, tem que apanhar mesmo dos melhores”.
As partidas serão por pontos corridos. Quem tiver o maior número de pontos ao fim do torneio, torna-se campeão. A ideia, segundo Toledo, é que os atletas brasileiros possam jogar contra os times europeus e defender um horseball de alto nível.
O campeonato começaria nesta sexta-feira, 30. O primeiro jogo da equipe feminina seria contra a Espanha, considerada a mais forte da competição. Carolina Machado, de 30 anos, é uma das quatro atletas que vão entrar na pista representando o Brasil.
A atleta, que começou na modalidade em 2008, disputaria seu primeiro campeonato internacional. A expectativa era grande, já que Carolina enfrentaria jogadoras que ela acompanha no noticiário, e que se tornaram seus ídolos.
“A Espanha, principalmente, joga muito bem, porque o horseball na Europa é bem mais conhecido”, afirmou. Carolina entende que o importante é ganhar experiência para o Campeonato Mundial.
“A gente costuma falar para entrar na pista e se divertir. Jogar para ganhar experiência e ter a chance de disputar o Mundial no ano que vem”, salientou.
Ela lamenta a falta de patrocínio e incentivo ao esporte, mas diz que a vinda de um evento como o campeonato internacional deve fortalecer o horseball no país.
“Em Portugal, o horseball não era muito conhecido, igual é aqui no Brasil hoje, mas, depois que teve um campeonato por lá, o esporte explodiu, e esperamos que isso aconteça aqui também”, torce a atleta.