Cidade registra mais de cem jovens em debate de conferência regional

Jovens estiveram no ‘Lar’ para propor saídas visando edição estadual

Encontro reúne jovens no Lar Donato Flores (Foto: Divulgação)
Da reportagem

O Lar Donato Flores de Tatuí recebeu na manhã do dia 21 de setembro, na Conferência Regional da Juventude, cerca de cem jovens com idades entre 15 e 29 anos, para debater problemas e apresentar soluções nas “demandas que mais afetam a juventude”.

As propostas elaboradas na conferência, com a presença de representantes das cidades de Boituva, Iperó e Cerquilho e Taquarivaí, serão encaminhadas para discussão na 4ª Conferência Estadual da Juventude “Reconstruir no Presente e Construir o Futuro”, que acontecerá nos dias 27 e 28 deste mês, em Olímpia.

“Esta é a primeira vez que Tatuí sedia o evento”, explica a coordenadora da Macrorregião de Itapetininga do Grupo de Trabalho do Conselho Estadual da Juventude, a advogada Amanda Simões de Abreu, que organizou a regional.

Segundo ela, a iniciativa representa “um avanço no modo em que o governo do estado olha para as demandas dessa população, além de evidenciar o esforço do grupo de trabalho recém-empossado, visando estimular a governança jovem”.

Um dos caminhos é o fortalecimento dos grêmios estudantis, conforme destacou Juliano Camilo Borges, coordenador de políticas para a juventude da Secretaria da Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo e presidente do Conselho Estadual da Juventude. Segundo ele, “promover a participação dos estudantes na gestão escolar é o primeiro passo para estimular o protagonismo juvenil”.

Os grêmios estudantis são organizações de alunos sem fins lucrativos que representam o interesse dos próprios estudantes nas escolas. Eles promovem o diálogo entre estudantes e profissionais das unidades, como professores, coordenadores e diretor, além de realizar atividades culturais e esportivas no ambiente escolar.

“A importância do grêmio está em sua capacidade de representar os interesses do alunado de forma livre e autônoma, além de promover a participação dos jovens na gestão escolar e estimular o protagonismo juvenil”, afirma.

A legislação atual não obriga a existência do grêmio nas escolas, mas garante que as organizações dos alunos ocorram na forma de “entidades autônomas representativas dos interesses dos estudantes secundaristas com finalidades educacionais, culturais, cívicas esportivas e sociais”.

O estatuto do grêmio deve ser aprovado em assembleia geral convocada pelo corpo discente da escola, e os dirigentes e representantes devem ser escolhidos pelo voto direto e secreto.

A ideia do conselho estadual é “empoderar” os jovens paulistas, “disseminando a cultura da liderança e capacitando-os para que possam gerir os próprios problemas”.

De acordo com o coordenador, o governo quer investir nesse modelo para preparar os jovens para o futuro, “seja fomentando e fortalecendo o empreendedorismo, seja construindo uma conscientização cidadã”.

Em Tatuí, os convocados para a tarefa apresentaram 36 propostas, versando sobre 12 eixos temáticos (três sugestões por assunto). Entre elas, a que pede a criação de uma “sala de primeiros-socorros” nas unidades de ensino particulares e públicas. A demanda foi apresentada no grupo de trabalho coordenado pelo vereador Antonio Marcos de Abreu (PSDB).

Segundo o vereador, os jovens argumentaram que as escolas já contam com salas de emergência e que esses espaços, em geral, são coordenados por

professores de educação física, profissionais que passam por treinamentos para atender aos alunos. Entretanto, em uma das unidades de Tatuí, os estudantes vivenciaram uma situação inusitada e que “os deixou preocupados”.

“Eles disseram que a professora de educação física passou mal, desmaiou, bateu a cabeça e começou a sangrar. Os alunos ficaram desesperados, porque a única pessoa preparada para aquele tipo de situação era quem estava precisando de atendimento. Daí, sugeriram a sala de primeiros-socorros com equipe preparada e que todos os funcionários sejam treinados”, declarou o vereador.

Outras demandas levadas ao evento também incluíram questões relacionadas ao ensino, à empregabilidade, à cultura e ao esporte. No primeiro tópico, as sugestões versaram sobre a possibilidade de flexibilização no contrato de aprendizes ou estagiários para o período da manhã, uma vez que a maior parte das vagas oferecidas pelas empresas do município é para a tarde.

Em Tatuí, conforme os participantes, a maioria dos jovens na idade de ingresso no mercado de trabalho cursa o ensino integral (a partir das 14h), o que impede o trabalho. Segundo os alunos, o ideal seria que as vagas previssem o turno da manhã.

Já no campo das artes, os estudantes solicitaram mudanças nos atuais itinerários formativos do ensino médio. Pediram a inclusão de novas disciplinas voltadas a música, teatro e dança, entre outras.

No esporte, a ideia é ter disciplinas que permitam aos jovens, durante o processo de formação, treinar nas modalidades de escolha para obter bolsas de estudos e seguir carreira.

Todas as propostas registradas em Tatuí serão discutidas em Olímpia por mais de 1.500 jovens, sendo 30 deles da macrorregião de Itapetininga, eleitos delegados. As selecionadas passarão, posteriormente, por análise do governo para serem transformadas em políticas públicas.

“Este é o verdadeiro sentido do evento que realizamos em Tatuí, em conjunto com a coordenadora de direitos humanos da Secretaria de Direitos Humanos, Família e Cidadania, Josemeire Alegre, e com o diretor da pasta, Wilian Alexandre Nunes da Silva: fazer com que os jovens vejam que têm voz, têm espaço e que podem mudar suas realidades”, declarou Amanda.

Na conferência, a coordenadora da macrorregião agradeceu a diretoria do Lar Donato Flores, que recebeu o público, viabilizando apoio à instituição. Amanda conseguiu, por meio de doações, refrigerantes e os pães (300 unidades) utilizados na alimentação dos participantes.

As colaborações vieram da Marquespan e da Vieira Rossi. “Esta é uma maneira que encontramos de agradecer o Lar, a disposição do diretor socioeducativo Ubirajara Interdonato Feltrin e da coordenadora da

unidade, Ana Aparecida de Almeida Feltrin, em ajudar e, também, de contribuir para que essa instituição tão importante continue a transformar vidas”, concluiu.