A meteorologia prevê chuva na cidade nos próximos dias. De acordo com boletim da Defesa Civil, as chances de precipitação variam de 80% a 90 % entre os dias 1º e 5 de março, período de realização do 61º Campeonato de Voo a Vela do Sudeste.
Caso a previsão se cumpra, a disputa será prejudicada, como explica o presidente do Aeroclube de Tatuí, Alexandre Simões de Almeida. Segundo ele, para ser validada, a competição precisa ter, no mínimo, três dias de provas concluídas com sucesso.
É por essa razão que a organização programou cinco dias para a etapa no município. No caso de problemas em dois deles, os pilotos terão três dias para cumprir as provas, como exigido pela FBVV (Federação Brasileira de Voo a Vela).
Além da chuva, os ventos podem dificultar os sobrevoos e, caso a organização entenda que podem resultar em riscos para os pilotos, a etapa poderá ser suspensa. Sem os três dias, o evento não será validado e nem contará como realizado.
Entretanto, a organização enfatiza que, para a aviação, previsões com mais de 48 horas são tão imprecisas que não servem para análises. “Costumo dizer que a meteorologia é uma ciência na qual, em 15 minutos, tudo pode mudar”, argumenta o coordenador do evento em Tatuí, o piloto Eduardo Costa Rodrigues.
Despontando no voo a vela, Eduardo será um dos representantes do Aeroclube de Tatuí no evento. O outro é o pai dele, Bruno Nogueira Rodrigues, com quem disputa desde 2017. Em Tatuí, pai e filho voarão em separado. Os dois competem na categoria “club”, uma das quatro a serem realizadas.
A primeira, a classe “open”, reúne pilotos que competem em planadores com performance maior (possuem aerodinâmica diferenciada); a segunda, a “racing”, tem pilotos de aeronaves com 15 metros de envergadura de asa e performance de voo também maior.
Eduardo e o pai estão na classe intermediária, que reúne pilotos de aeronaves com desempenho iguais aos da “Kw-11”.
Em função da equiparação de resultados e por conta do número de competidores (que no Brasil é considerado pequeno, em comparação a países da Europa), os pilotos tendem a competir em conjunto. Os dois primeiros das duas primeiras classes fazem uma mesma largada, e os das duas últimas, outra.
“Teoricamente, é igual à competição a vela (embarcação). Não se compara a eficiência do barco, mas, sim, a habilidade do piloto”, descreve o coordenador.
Como os planadores têm desempenhos diferentes, a organização adota o sistema de “handicap”. O objetivo é a equiparação dos pontos, uma vez que, para cada metro que uma aeronave percorre no ar, por exemplo, ela pode descer uma quantidade diferente de metros. O sistema compensa as diferenças técnicas, prevendo pontuações distintas para cada tipo de planador.
A competição em Tatuí é promovida pela FBVV e integra calendário anual de eventos da entidade. “É tudo bem estruturado. O esporte é organizado e a federação é associada ao COI (Comitê Olímpico Internacional)”, destaca Eduardo.
De acordo com ele, a FBVV divide a competição em etapas, mas unifica os pilotos com o Campeonato Brasileiro. Em 2017, tanto a fase sudeste como a nacional aconteceram na cidade de Bebedouro. “Neste ano, a primeira etapa será em Tatuí, conforme estabelece o calendário anual do voo a vela”, conta o piloto.
As datas são definidas sempre entre setembro e novembro, período em que se inicia o ano do voo a vela, conforme definido pela federação. É nesse período que a FBVV publica edital, abrindo possibilidade de os aeroclubes se inscreverem para sediar os eventos. O de Tatuí fez a inscrição no fim do ano passado.
Caso sejam validadas, as provas realizadas no céu da “Capital da Música” valerão pontos para os rankings nacional e internacional. Eduardo tem a expectativa de melhorar o desempenho. Atualmente, ele ocupa a nona posição no país.
Em Tatuí, ele não competirá com o pai. Deve formar uma espécie de equipe com ele. “Nós não seremos adversários, vamos competir pelo aeroclube”, enfatiza.
Durante as provas, os pilotos auxiliarão um ao outro. “Vamos dando dicas, por meio de uma frequência de rádio que vamos escolher, porque o voo a vela com planador é um esporte que se equipara a um xadrez no ar”, compara Bruno.
Segundo o piloto, apesar de saberem o trajeto, os competidores precisam mudar a estratégia conforme o tempo. “É necessário montar o plano, comparar ele com o que foi estabelecido no começo do dia com o que o dia está oferecendo. Quando você tem um parceiro, consegue fazer isso mais rápido”, conclui.