Debaixo de chuva, 47 noivos selaram o matrimônio por meio de mais uma edição do Casamento Comunitário, promovido na Concha Acústica “Maestro Spártaco Rossi”, na noite de sábado, 4. A cerimônia foi conduzida pelo pastor José Altair Pereira, da Igreja Batista Filadélfia e presidente do Conselho de Pastores de Tatuí.
A noite chuvosa não atrapalhou o brilho da festa, organizada pelo Fundo Social de Solidariedade. Decoração com flores, iluminação especial e banda com a regência do maestro Adriano Machado deram o glamour para os casamentos.
As noivas chegaram ao palco da Concha levadas por guardas civis municipais, enquanto os noivos as esperavam “ansiosamente”. A primeira a entrar foi Ana Daiana da Silva.
De acordo com ela, a chuva não atrapalhou a cerimônia. “A emoção não deixou atrapalhar”, disse. Natural de Pernambuco, a união com o noivo baiano aconteceu após eles se conhecerem em Tatuí.
“Não tenho palavras. Nós dois queríamos a união. Nós nos conhecemos aqui em Tatuí, apareceu a oportunidade, e casamos”, declarou.
Um dos noivos mais velhos da cerimônia era o aposentado Ivo Alves Afonso, de 74 anos. Após 24 anos de união com a esposa Magda Cristina Nardim Alves e com três filhos, o casal, que mora na vila Angélica, resolveu oficializar a união, para “dar exemplo e respeito aos filhos”.
“Nós todos achamos que seria o certo, unidos com Deus e pela lei, e resolvemos casar, legalizar tudo. Viemos para realizar e dar respeito para os filhos, para eles seguirem o rastro da gente, o nosso caminho”, afirmou o noivo, enquanto esperava o “grande momento”.
As oficializações dos casamentos civis de Afonso e dos outros noivos aconteceram nas semanas que antecederam à festa. Segundo o noivo, por conta da crise econômica, não haveria festa depois do casório, nem viagem. “A situação não está boa para fazer festa. Não pretendemos viajar”.
O açougueiro Edvaldo da Silva Lima estava ansioso para o casamento. Apesar de ter casado no civil, a cerimônia tinha um “toque especial”, disse ele.
“Estou um pouco ansioso e a Gleice está bastante, também. Nessa semana que passou, a pressão dela tinha hora que estava alta demais e, outras horas, estava baixa”, afirmou.
Lima mora com a esposa Gleice Aparecida de Almeida há dois anos. Com eles, vivem os três filhos dela do primeiro casamento, em uma casa no São Conrado. Com a convivência, surgiu a vontade de oficializar a união.
O “grande dia” do noivo foi corrido. A preparação para o casamento corria em paralelo aos preparativos da festa, que aconteceria logo depois, no distrito de Americana. Os parentes de São Paulo estavam na cidade para acompanhar os festejos matrimoniais.
A última vez que Lima tinha visto a noiva Gleice fora no início da tarde de sábado. Ela passou o dia no salão, preparando-se, e o encontro seria na cerimônia.
“Fui com o meu padrasto para a chácara, arrumar as bebidas, as cadeiras e mesas, e ela ficou em casa com a minha mãe, fazendo a unha. Depois, eu a levei ao salão, ao meio-dia, para ela se arrumar, e não a vi mais”, contou.
A cerimônia serviu para unir laços de Débora Silveira e Mário José. Há nove anos juntos, o casal tem dois filhos e se conheceu na empresa onde trabalhava, em Sarapuí. As crianças não puderam ir ao casamento por causa das chuvas, segundo a mãe.
“Eles não puderam vir por causa da chuva. A chuva atrapalhou aqui um pouco, sim. Agora, é só felicidade”, afirmou.
Nos últimos quatro anos, mais de 200 casais oficializaram a união nos casamentos coletivos promovidos pelo Fundo Social de Solidariedade. A emoção de ser padrinho pela quarta vez, segundo o prefeito José Manoel Correa Coelho, Manu, é diferente da primeira, realizada em 2013.
“Cada vez está mais bonito, é essa a sensação. Apesar de que, neste ano, estamos com uma dificuldade financeira muito maior do que no primeiro ano, não deixamos de fazer uma festa bonita”, declarou o prefeito.
De acordo com ele, a chuva, que, para alguns pode ter atrapalhado o evento, veio para “abençoar as uniões”. “No ano passado, choveu e, neste ano, mais uma vez, choveu. Dizem que a chuva, quando vem em um casamento, abençoa para os casais não se separarem”, acrescentou.
Manu afirmou que “o casamento traz facilidades e garante direito para os casais e aos filhos”. As garantias vêm desde eventuais heranças até aposentadorias e pensões que poderão ser pagas caso um do casal venha a falecer.
“Um casal oficializado tem essa tranquilidade, que, se um deles tiver emprego e um dia vier a faltar, vai passar a aposentadoria ou pensão para o parceiro ou parceira e, consequentemente, para os filhos”, explicou.
Os noivos receberam alianças banhadas a ouro, e presentes foram sorteados. Bolos de casamento foram distribuídos pelo Fundo Social, que também disponibilizou os trajes masculinos e os vestidos.
Apesar de ter orçamento menor em relação aos anos anteriores, a primeira-dama Ana Paula Cury Fiuza Coelho afirmou que “a qualidade da festa continuou a mesma”.
Além disso, ela informou ter ocorrido economia de 50% na decoração e na contratação de equipamentos de som, que foi patrocinado. O valor total não tinha sido fechado até a manhã de terça-feira, 7.
“Sabendo das dificuldades financeiras da cidade, a gente sabe que casamento é um luxo, então, enxugamos todos os gastos. O nosso patrocínio, por exemplo, foi reduzido, então, foi uma necessidade”, explicou.
Os bolos de casamento entregues aos noivos tiveram as massas doadas por um supermercado. Os professores do curso de culinária do Fundo Social rechearam e enfeitaram o quitute.
A primeira-dama afirmou que a organização para o casamento deste ano se iniciou em novembro de 2015, com as inscrições dos noivos. Com a relação de candidatos, começaram as negociações com o cartório. Cada noivo economizou R$ 355 em custos burocráticos.
“Fizemos reuniões com as noivas, demos orientações. Tem gente que acaba desistindo no meio do processo, o que é normal em casamentos”, contou.
Ana Paula disse que a presença de voluntários foi fundamental para a realização da festa. Mais de 50 pessoas participaram da organização, antes e durante o evento.
Cabeleireiros da cidade dispuseram-se a cuidar dos cabelos dos noivos e noivas. Maquiadoras fizeram o “Dia da Noiva”, na tarde de sábado, no centro de capacitação da vila Angélica. Garçons fizeram o serviço gratuito no dia do casamento, servindo e organizando o espaço da festa.
“Sem o serviço desse pessoal, não teria casamento. Eles foram fundamentais para a realização da festa”, finalizou.