Cerca eletrônica é 1ª a unir dois sistemas





O Progresso

Prefeito vistoria central de operações e inicia serviço de modo oficial ao registrar a primeira busca

 

“Tatuí inovou. Foi a primeira cidade do país a incorporar dois sistemas, um de vigilância de trânsito, que são os radares, e outro de vigilância patrimonial”. A ênfase do gerente de operações da Sentran, Fábio José Fernandes, ganhou a atenção dos convidados na inauguração da chamada cerca eletrônica.

Realizado na manhã de sábado, 8, na sede da Guarda Civil Municipal, o evento marcou, oficialmente, o início das atividades de monitoramento das entradas e saídas da cidade.

A cerimônia aconteceu no estacionamento da sede da corporação, na vila Dr. Laurindo, mesmo local que abriga a central de monitoramento onde fica a vigilância no sistema de 24 horas.

“Hoje, Tatuí está entrando para a modernidade da segurança pública”, acrescentou Fernandes. O gerente de operações da empresa vencedora de licitação apresentou um vídeo contendo opiniões a respeito da implantação de sistema de monitoramento. O material destaca a opinião de jornalistas (apresentadores de telejornal) a respeito do uso dos equipamentos.

Além do quesito tecnologia, Fernandes afirmou que o sistema de Tatuí oferece uma vantagem: será interligado a todos os outros 30 municípios monitorados pela empresa. “Qualquer furto ocorrendo nessas cidades vai ser automaticamente comunicado a Tatuí e entrar no nosso banco de dados”, disse.

O início da operação do sistema ficou a cargo do prefeito José Manoel Correa Coelho, Manu. Após os discursos, ele realizou a primeira busca na base de dados já formada no município.

A expectativa é de que os dados aumentem com a colaboração das forças de segurança de Tatuí e da região na informação quanto a crimes envolvendo furtos e roubos de veículos e demais crimes.

Acompanhado da primeira-dama e presidente do Fundo Social de Solidariedade, Ana Paula Cury Fiuza Coelho, o prefeito cumprimentou autoridades. Manu discursou após pronunciamentos do subinspetor da GCM, Fábio Luciano Leme, e da vereadora Rosana Nochele Pontes, representando a Câmara.

Em nome da corporação, Leme afirmou que os guardas estavam felizes por sediar o evento. “A GCM é a casa de todos, e estamos contentes com a presença”, disse.

O subinspetor enalteceu a inovação do sistema e disse que a principal vantagem dele é a tecnologia. “Em todos os meios da nossa sociedade, nós não vivemos sem tecnologia. E, na segurança pública, não poderia ser diferente”, disse.

Para ele, o monitoramento auxilia não só o trabalho da corporação, mas a população. Leme enalteceu o investimento feito pelo prefeito e disse que ele colocará a corporação em outro patamar. “É para servir a cada cidadão que sofre com criminalidade, com problemas de roubo e furto”, destacou.

De acordo com o subinspetor, a expectativa da corporação é a mais alta possível. Leme afirmou que a cerca eletrônica permitirá um “nível alto de atuação”. O motivo é o alcance que o sistema pode ter, em caso de colaboração.

A intenção é inserir Tatuí num “circuito de vigilância”, com a troca de informações entre as cidades que já possuem monitoramento. “Todas elas estarão, praticamente, integradas nos passando dados de crimes patrimoniais”.

Com isso, além de poder acompanhar o deslocamento dos veículos furtados, roubados ou envolvidos em crime, o subinspetor disse que a corporação terá uma base de dados mais avançada. Isso porque as informações a serem compartilhadas poderão auxiliar a GCM a desvendar a “forma de atuação” dos bandidos.

Ao citar as vantagens, o subinspetor agradeceu o prefeito pelo “empenho em oferecer uma nova ferramenta de trabalho para a corporação”.

Também em tom de agradecimento, a vereadora Rosana cumprimentou Manu e as demais autoridades. A parlamentar ressaltou o trabalho realizado pela corporação e disse estar feliz, por ver mais uma “grande realização”.

Quebrando o protocolo, Rosana deu um testemunho pessoal: relatou os transtornos vividos pelo pai, quando ela era criança, um corretor que teve o veículo furtado. “Ele prezava muito o carro. Nós brincávamos que ele gostava mais do carro que da própria mulher e dos filhos (oito, no total)”, contou.

O furto ocorreu na rua Capitão Lisboa, e, na época, ela disse que o pai dependia do veículo para mostrar os imóveis para os clientes. “Depois desse dia, ele ficou muito arrasado. Não é fácil para uma pessoa perder um patrimônio, um veículo que é sustento de uma família”, recordou.

Último a falar, Manu afirmou que a criação da cerca atende a um anseio da população. Conforme o prefeito, a cerca eletrônica está dentro da “expectativa que a população tem de investimentos na área de segurança pública”.

Em Tatuí, o prefeito explicou que o sistema demorou dois anos para entrar em funcionamento. Em parte, por conta do processo de licitação e dos trâmites burocráticos que uma contratação desse porte envolve.

“Nesse assunto, a vida pública é muito penosa. Realmente, com muita dificuldade, consegui implantar algo em Tatuí, a minha esposa divide bem isso comigo”, disse.

Ao falar sobre a demora, o prefeito também se referiu à primeira etapa do anel viário. O dispositivo seria entregue na tarde de segunda-feira, 20 (após o fechamento desta edição), e interligaria as rodovias Antonio Romano Schincariol (SP-127), Gladys Bernardes Minhoto (SP-129) à via municipal Moisés Martins.

“Veja quantos anos estamos trabalhando nessa história. E, aqui, também”, argumentou o prefeito. Conforme ele, com a cerca em atividade, o Executivo pretende criar um sistema unificado de forças de segurança. Para isso, o prefeito espera contar com apoio das polícias Civil, Militar e do Corpo de Bombeiros.

Manu quer buscar, também, o apoio do Ministério Público e do Judiciário “para que o sistema tenha 100% de eficiência”. “Ele é inteligente, mas precisa ser alimentado”, apontou.

Nesse caso, a central de Tatuí já troca dados com as cidades atendidas pela Sentran. Entretanto, para ampliar o campo de atuação nos municípios em que esse tipo de monitoramento não é adotado, será preciso cooperação entre os órgãos que atuam nessa região, ou mesmo em qualquer lugar do país.

“Essas forças é que vão fazer com que o sistema se transforme num vigilante infalível. Eu tenho certeza que vamos conseguir fazer isso”, argumentou.

O processo de implantação começou em 2013, quando o prefeito assumiu a administração. A cerca eletrônica é uma promessa de campanha incluída em plano de governo. Ela surgiu de uma visita a Indaiatuba, cidade governada por Reinaldo Nogueira Lopes Cruz, amigo pessoal e padrinho político de Manu.

“Ele esteve comigo em toda minha trajetória. Eu me espelho muito naquela cidade e, lá, ele me mostrou o funcionamento”, comentou. Em, seguida, guardas de Tatuí estiveram em Indaiatuba para verificar a operacionalização.

Desde então, o prefeito disse que promoveu o processo de licitação. Entretanto, os trâmites burocráticos teriam impedido a implantação de forma rápida.

Por outro lado, Manu afirmou que esse tempo permitiu à empresa desenvolver um sistema jamais utilizado no país: o que envolve os dois monitoramentos.

De acordo com ele, a tecnologia empregada no município chamou a atenção de técnicos e representantes das cidades de Campinas e de Limeira. “Eles já têm sistema, mas vieram para ver se é possível mudar para o mesmo do nosso, que é, até o momento, o mais inovador de todos”, ressaltou.

Ao pontuar os desafios, o prefeito disse que teve “responsabilidade com o dinheiro público”. Por esse motivo, a cerca não tem a função somente de monitorar. Ela permite a multa por um sistema conjunto com radar de velocidade.

Para o prefeito, a aplicação de multa não é a finalidade da cerca eletrônica. Daí a vantagem de Tatuí ter demorado na contratação de empresa e na implantação.

A respeito das multas, o prefeito aproveitou para responder críticas feitas por meio de comentários em redes sociais. Conforme ele, algumas afirmações “partiram da oposição e de pessoas que não têm responsabilidade”.

De acordo com ele, a velocidade máxima permitida nas vias em que os equipamentos estão instalados não é de 40 quilômetros por hora, mas de 50.

O prefeito frisou que a cerca não é uma “fábrica de multas” e reclamou que os comentários sobre o sistema só incluíam as notificações aos infratores.

“Ninguém estava falando da tecnologia que vai trazer segurança para todo o cidadão, somente do aferimento de velocidade e que está supersinalizado”, falou.

Para o prefeito, a cerca eletrônica não pode ser comparada aos famosos “pardais” (radares) por uma razão: eles estão sinalizados e instalados em todas as entradas e saídas da cidade. Manu argumentou que o posicionamento dos equipamentos respeita a ideia de cercar o perímetro do município.

Além da segurança, o prefeito afirmou que a cerca permite trabalho de utilidade pública. E citou exemplo reportado pela corporação.

Conforme ele, um dos guardas viu o momento em que um mototaxista perdia a carteira. Antes que alguém pudesse achar o acessório, a equipe recuperou-o.

Com base nas imagens gravadas, os guardas entraram em contato com a agência para a qual o mototaxista trabalha e devolveram a carteira.

Também segundo ele, as câmeras que fazem os serviços conjugados devem coibir a entrada de “marginais” no município. Com isso, furtos, roubos, sequestros e crimes como “saidinha de banco” devem ter queda.

Citada como apenas um dos investimentos dos “dois anos e meio de mandato”, a cerca eletrônica serviu de ponto de partida para o prefeito fazer um comparativo.

“Estamos só há dois anos e meio do nosso primeiro mandato. Comparem. Comparem dois anos e meio com oito anos”, disse.

O prefeito também enfatizou os investimentos realizados pela iniciativa privada no município, como as construções de casas populares pelo Grupo Pacaembu e financiadas pela CEF (Caixa Econômica Federal) junto ao MCMV (Minha Casa Minha Vida). Segundo ele, o conjunto consumirá R$ 120 milhões.

Ele também citou as ações realizadas pela Prefeitura, como a primeira etapa do anel viário, e anunciou planos de investimentos.

Como a vereadora, Manu encerrou o discurso parabenizando os pais (pelo Dia dos Pais, comemorado no domingo, 9). Antes de inaugurar o sistema, ele entregou certificados a guardas civis que se capacitaram no setor de inteligência para operar a cerca eletrônica.

Os documentos foram repassados pelo prefeito e pelo comandante da corporação, sargento PM Doraci Dias de Miranda, e pelo secretário de Governo, Segurança Pública e Transportes, delegado Onofre Machado da Silva Júnior.

Receberam os diplomas os GCMs: Darci Correa Junior, Aline Reareli Franco Miranda, Erica Renata Vieira da Rocha, Francisco Augusto Soares Correa, Jonatas Santos Oliveira e Luciano Moreira de Camargo.

Além dos documentos, o prefeito oficializou a entrega de cinco novas viaturas para a corporação.