CEP-CAR atende a 200 crianças deficientes





Patrícia Milão

Tratamento é feito com crianças de zero a sete anos que passam por profissionais de diversas áreas

 

Desde o dia 15, o CEP-CAR (Centro de Estimulação Precoce e Centro de Adaptação e Reabilitação) funciona em nova instalação. Anteriormente, os atendimentos funcionavam na praça Antônio Prado (da “Concha”), tendo sido transferidos para a rua 7 de Maio, 799, centro (em frente à Escola Estadual “Professor Deócles Vieira de Camargo”).

 

O novo espaço é todo plano e sofreu adaptações. Rampas foram feitas na entrada e saída, além dos banheiros terem sido adaptados, o que oferece melhor mobilidade para os pacientes – já que, entre outros, são atendidos deficientes físicos e, na antiga instalação, havia uma escada.

 

A estrutura conta com oito salas de atendimento, tendo espaço próprio para cada especialidade. A equipe é multidisciplinar, formada por uma dentista, duas fisioterapeutas, três fonoaudiólogas, uma pedagoga, uma psicóloga, uma psicopedagoga e duas terapeutas ocupacionais, totalizando 12 profissionais de saúde.

 

“O espaço é maior. Às vezes, no prédio anterior, a profissional chegava e tinha que ficar esperando a sala desocupar para conseguir atender. Uma das fonoaudiólogas trabalhava na unidade básica de saúde central, por causa de espaço”, contou a coordenadora do CEP-CAR, psicóloga Marilúcia Rodrigues Sallum, à frente da instituição há sete anos.

 

A escada também era um desafio para as famílias dos pacientes. Para a área de fisioterapia, havia duas salas reservadas, sendo uma no espaço inferior, para os cadeirantes, e outra no superior, para os demais pacientes, levados a subir a escada.

 

“Para uma mãe, carregar um paciente na escada é trabalhoso, porque minha sala era em cima. No atendimento aos cadeirantes, eu descia, porque tinha uma sala para eles embaixo. Agora, é tudo em uma sala só, fica mais fácil”, relata a fisioterapeuta Renata Bimbatti Barros, há cinco anos no CEP-CAR.

A instituição, mantida pela Secretaria Municipal da Saúde, tem 17 funcionárias. Além das profissionais da Saúde, o serviço conta com a coordenadora, duas escriturárias e duas auxiliares de serviços gerais.

 

Com a nova carga horária estabelecida pela Saúde, de seis horas diárias para os profissionais do setor, o serviço da instituição pôde ficar mais ágil. “Tenho duas equipes com salas específicas. Dinamizou o atendimento. Ficaram dois turnos”, contou Marilúcia.

 

O CEP-CAR funciona de segunda a sexta, das 7h às 17h, com os turnos de 7h às 13h e 11h às 17h. Semanalmente, são feitos cerca de 500 atendimentos às 200 crianças beneficiadas.

 

O tratamento é oferecido a crianças com quaisquer tipos de síndrome ou deficiência (intelectual ou física). O atendimento visa crianças de zero a sete anos.

 

“Até os sete é a estimulação precoce e tratamento. Depois dos sete, encerra o processo de estimulação. Agora, quando a criança tem uma deficiência ou síndrome severa e ela não tem para aonde ir, ela continua no CEP”, detalhou Marilúcia.

 

Alguns pacientes estão na instituição desde a fundação, em 1987. Como uma paciente de 27 anos que é quadriplégica – sem movimentos nas pernas e braços –, vitimada por paralisia cerebral, e atendida por profissionais fisioterapeuta e fonoaudióloga.

 

“No nível que ela está o tratamento é para uma manutenção. Se ela parar, como está na cadeira de rodas, pode desenvolver problemas respiratórios, a movimentação dela pode diminuir”, explicou Renata.

 

Dentre outros pacientes mais velhos, o CEP-CAR atende a um homem de 51 anos. “Ele tem uma síndrome severa e não consegue ir a outro dentista, apenas na nossa”, disse Marilúcia.

 

Os casos chegam até a instituição por encaminhamento das UBSs, geralmente feitos por pediatras ou, ainda, pelas escolas. Na fila de espera, 250 crianças aguardam o atendimento.

 

Os profissionais mais requeridos são o psicólogo e o fonoaudiólogo. “Agora, estou pedindo para aumentar mais um profissional psicólogo e um fonoaudiólogo”, afirmou Marilúcia.

 

Durante o tempo passado com as crianças, alguns dos métodos utilizados pelas diferentes profissionais para alcançar os avanços necessários implicam em brincadeiras para estimular o raciocínio, associações de sons, imagens e nomes, além de conversas.

 

“É um atendimento interdisciplinar e multidisciplinar, e essa é uma vantagem. É melhor do que um atendimento isolado, pois, se a criança precisa de orientação em outras áreas, já é encaminhada aqui mesmo”, esclareceu Marilúcia.

 

O acompanhamento profissional também envolve a família, que recebe orientações tanto sobre a deficiência – ou síndrome -, o grau de comprometimento, as necessidades, as possibilidades de avanço, além de como agir, como cuidar, e acerca de exercícios que podem ser realizados em casa para estimular a musculatura ou a comunicação, por exemplo.

 

“Eu o trouxe na psicóloga, e ela falou que ele tinha autismo. Ela me orientou porque eu não sabia de nada, como lidar, como interagir com ele. Estou aprendendo ainda, saber o que ele quer, o que não quer”, contou Maria José Nunes Magalhães, mãe de um menino de cinco anos, desde os dois anos atendido no CEP-CAR.

 

Durante o atendimento, as instruções são passadas aos pais. “Quando ele chegou aqui, não parava quieto”, contou a terapeuta ocupacional Claudinéia Provasi Guedes, há 25 anos no CEP-CAR, sobre o filho de Maria.

 

Ela atendia-o trabalhando associações de objetos, figuras, personagens e sons, enquanto o menino, sentado na cadeira, colocava as peças pedidas no lugar.

 

A dificuldade das famílias, segundo a terapeuta, muitas vezes, está em aceitar ou entender a deficiência do filho.

 

“Se não tiver o apoio da família, não se tem a evolução necessária. Temos que trabalhar com a mãe junto, mostrando que o caso não é tão grave quanto ela imagina. Às vezes, elas não sabem, não têm noção do que é”, argumentou Claudinéia.

 

Desde que foi fundado, em 1987, pelo médico Nelson Marcondes do Amaral, o CEP-CAR já teria funcionado em cinco sedes; a atual é a sexta.

 

Segundo as lembranças de Claudinéia e Marilúcia, primeiramente, a instituição funcionou dentro da Apae (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais), sendo transferida para uma casa na rua 11 de Agosto, devido ao número de pacientes ter aumentado.

 

Na principal rua da cidade, a instituição teria permanecido por cerca de três anos, tendo mudado para um prédio construído especificamente para o CEP-CAR, na vila Doutor Laurindo – local do atual Departamento de Bem-Estar Social e Cidadania.

 

De lá, os atendimentos passaram a ser realizados num imóvel na avenida Cônego João Clímaco (das “Mangueiras”). Por conta do espaço pequeno, o CEP-CAR foi mudado para a praça Antônio Prado e, agora, para a nova sede.