Avaliação realizada no fim do mês passado definiu o cenário turístico do município como otimista. O diagnóstico é resultado de discussões e manifestações registradas na tarde do dia 30 de setembro, no Centro Cultural Municipal.
O espaço abrigou encontro especial do Comtur (Conselho Municipal de Turismo). Na ocasião, o órgão promoveu debate em comemoração ao Dia Mundial de Turismo, celebrado em 27 de setembro.
Mediada pelo diretor do Departamento de Cultura e Desenvolvimento Turístico, Jorge Rizek, a reunião contou com presença do vice-prefeito Vicente Aparecido Menezes, Vicentão, do vereador José Eduardo Morais Perbelini, e do presidente do conselho, Wagner Eduardo Graziano.
Também participaram: a presidente da ACE (Associação Comercial e Empresarial), Lucia Bonini Favorito, a gerente de comunicação do Conservatório, Deise Juliana Oliveira Voigt, e membros de empresas e instituições locais.
O jornal O Progresso esteve representado pelo editor, Ivan Camargo, e pela gerente de publicidade, Lívia Amara Rodrigues.
Na abertura, Rizek citou que o círculo é uma ação necessária para o desenvolvimento turístico do município. “Acho salutar estarmos aqui, de alguma forma, para podermos discutir”, disse.
Primeiro a falar, o vice-prefeito abordou ações realizadas em Tatuí no setor de turismo e o aumento da procura da cidade por parte de empresários.
Conforme ele, há interesse de investimentos no ramo comercial (que gerou projeto de implantação de um shopping – atualmente suspenso) e educacional.
Mencionando participação em seminário de turismo em Itu, Vicentão afirmou que a área é importante e tem ganhado cada vez mais atenção das autoridades.
Ele citou, como exemplo, pedido formalizado pelo MTur (Ministério do Turismo) junto ao Ministério das Relações Exteriores, em maio deste ano, para isentar de vistos turistas norte-americanos que venham ao Brasil.
Em Tatuí, o Executivo tem se mobilizado para investir, por meio de financiamento. Tanto que a Prefeitura protocolou pedido no Desenvolve São Paulo para obter recursos para criação de um centro de eventos. Noutra frente, espera receber verbas para construção de pórticos na cidade.
“Somos a ‘Capital da Música’, mas não nos identificamos com isso. Falta visual, um investimento nessa linha”, disse o vice-prefeito. A intenção da Prefeitura é promover uma personalização do município, ajustando-o ao título.
Além da iniciativa, o vice ressaltou ser preciso construir políticas para garantir a continuidade das ações. “As administrações passam, mas o interesse precisa ficar. Tatuí avançou muito, mas falta passar por cima de questões políticas e de relacionamentos”, complementou.
É exatamente essa função a ser desempenhada pelo PDDT (Plano Diretor de Desenvolvimento Turístico), conforme explicou Rizek. Considerado peça importante para o crescimento do setor, o plano é um dos requisitos – já cumpridos – para a instituição de Tatuí como MIT (Município de Interesse Turístico).
O PDDT também aguarda votação na Câmara Municipal. Entretanto, a aprovação dele não é exigência para que a cidade passe a ser de interesse turístico. “É mais um ‘plus’ que poderemos ter na leitura. Vamos ganhar mais pontos com isso, mas não existe obrigatoriedade”, argumentou Rizek.
Com duração de seis anos, o plano local deve ter vigência iniciada em 2016, terminando em 2022. Ele tem como diretrizes programar, criar projetos, aprimorar, fomentar o turismo, fortalecer e diversificar a oferta, dando visibilidade e trazendo mais turistas e investimentos à cidade.
Para isso, ações precisam ser realizadas em parceria entre o poder público e a iniciativa privada. Na análise de Rizek, é preciso haver engajamento também da comunidade. “Não adianta nada o poder público querer transformar Tatuí numa cidade turística se a população não trabalhar junto”, disse.
Nesse contexto, o Comtur funciona como um elo, para ouvir sugestões da comunidade e transformá-las em projetos. Pelo menos dois deles estão sendo costurados pelo conselho.
Um delas envolve alunos da rede municipal de ensino, para campanha de educação turística; outro, uma rota cicloturística, para esportistas, e que abrangerá atrações no município e entorno.
A ideia é aproveitar o adensamento de 15 municípios (que somam, aproximadamente, 440 mil habitantes) para criar um turismo autossustentado.
“Se não regionalizarmos, Tatuí sozinha não vai conseguir trazer turismo. Dá para trabalharmos juntos, e um dos nossos projetos é exatamente esse. Tatuí é o centro, e temos de aproveitar a oportunidade”, falou Rizek.
Além da localização geográfica e dos títulos (“Capital da Música”, “Cidade Ternura” e “Capital dos Doces Caseiros”), o diretor citou que o município possui um “manancial turístico gigante”. Ele inclui manifestações culturais, como o cururu, o fandango, a música erudita, a seresta e o Cordão dos Bichos.
Rizek também mencionou a importância do Conservatório Dramático e Musical “Dr. Carlos de Campos” para o município e o público registrado pelo MHPS (Museu Histórico “Paulo Setúbal”). Destacou, ainda, a oferta de acomodações, por meio da rede hoteleira, e os serviços de gastronomia e artesanato.
Esse setor deve ganhar, ainda, projetos de personalização. A intenção é criar ações que possam contribuir para a tematização turística (explorando a música) e que resultem na venda de lembranças alusivas ao município (chaveiros, canecas, copos, toalhas, figuras de tatus, entre outros objetos).
A lista de projetos é extensa e pode ser “coroada” com a instituição de Tatuí como “Capital Nacional da Música”. O título, que está sendo proposto pelo deputado federal Sérgio Reis (PRB), poderá potencializar a exploração do turismo.
Preparando-se para isso, a cidade quer ampliar ações para projetos de ecoturismo, turismo rural e o roteiro turístico de um dia para a melhor idade.
A viabilização depende da criação de um fundo municipal para o turismo e a cultura. “Ele é importante para termos liberdade de trabalho”, disse Rizek.
Para o presidente do Comtur, outro aspecto fundamental nas discussões sobre o turismo é a aproximação dos órgãos responsáveis para com a população.
Graziano afirmou que o círculo de debates serviu para a entidade realinhar as ideias com a comunidade. Também para que ambas as partes possam afinar pensamentos, apresentar propostas e discutir sobre dificuldades.
“O Comtur, realmente, precisa da população. Sem isso, ele não trabalha”, afirmou o presidente. Graziano apontou que a iniciativa permite a exploração de novos horizontes para o setor, como o fomento às atividades comerciais.
“O turismo precisa de projetos, e os projetos não podem ser resumidos ao Plano Diretor. É preciso haver envolvimento da sociedade, poder público e empresários, direta e indiretamente, pois entendemos existir uma fonte de renda”, disse.
Um dos caminhos para esse sentido é a criação de uma agenda unificada de eventos. O plano é disponibilizar, para os turistas, todos os eventos realizados na cidade. Detalhes podem ser obtidos nos encontros do conselho. O Comtur se reúne nas primeiras terças-feiras de cada mês, a partir das 17h.