Após 12 anos, o Conservatório Dramático e Musical “Doutor Carlos de Campos” volta a exibir seu presépio de Natal ao público. A obra está exposta no jardim da escola de música e teatro.
O artista plástico, cenógrafo e professor Jaime Pinheiro é o responsável pela representação do nascimento do menino Jesus, desenvolvida por meio de papelão e gesso.
Pinheiro conta que a primeira vez que montou um presépio foi em 1999, mas que tinha ficado em dúvida se seria bem aceito, pelo fato de ter criado com entulhos encontrados no Conservatório.
Na época, a direção gostou do trabalho e permitiu que ele continuasse a ser montado anualmente, até 2006. “Fazer presépios se tornou uma tradição e continuei fazendo durante sete anos”, revela o artista plástico.
Conforme Pinheiro, diante de trocas de comando no Conservatório, o tradicional presépio de Natal não foi montado durante 12 anos. Porém, a atual gestão da instituição soube do antigo projeto e o convidou a retomar o trabalho. “Foi muito legal, pois eu já tinha esse desejo”, comentou.
Foram 12 dias contínuos de dedicação ao presépio, além do período em que ele trabalha no local. Segundo Pinheiro, foi um esforço grande, pois ele gosta de utilizar materiais recicláveis e pouco tradicionais para a montagem do tema.
Para a área da pele dos personagens, o artista plástico utilizou moldes de gesso, sendo que, para as mãos e os pés, contou com a ajuda de alunos e funcionários do Conservatório. Já as demais partes das personagens, por conterem características específicas, Pinheiro esculpiu-as à mão.
Exigente, ele afirma que a “perfeição não existe”, mas acredita que “chegou em um bom ponto”. Pinheiro assegura que tinha uma ideia exata do que desejava, mas que, quando começava a montar, não conseguia chegar ao resultado imaginado.
“Tinha uma ideia nítida do que era, mas estava difícil chegar nisso. Eu retomava e começava várias vezes”, contou.
Uma das intenções do artista plástico era tirar a posição de idolatria, comum nos presépios, e registrar uma postura de afeto familiar, uma tentativa de humanização”.
Pinheiro revela que apresentar uma aparência de movimento foi a parte mais difícil, mas garante ter ficado feliz com o resultado final, porque confia que, de alguma forma, conseguiu atingir o público.
O artista plástico ainda indica que a estética não era a principal preocupação. Segundo ele, desde o início do trabalho, desejava deixar o material utilizado exposto.
Conforme Pinheiro, essa exposição é “a fala da obra, justamente para contestar a questão de comercialização de produtos no período natalino e não mais ideias e pensamentos”. “É uma reflexão”, completou.
Por fim, Pinheiro declarou que pretende desenvolver a obra continuamente durante anos, para reforçar o “real significado do Natal”.
“São caixas de papelão que transformei em um presépio, fazendo o contrário do que tem acontecido ao longo dos últimos anos, que têm transformando o presépio em papelão”, finalizou.
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