Casos de dengue sobem de 34 para 590





Os números da dengue têm colocado os setores de saúde de Tatuí em estado de vigilância permanente. De acordo com o Departamento de Vigilância Epidemiológica, de janeiro a outubro, foram confirmados 590 casos da doença na cidade e mais 1.328 suspeitos. Dos confirmados, 439 foram autóctones, ou seja, contraídos no município e outros 151, importados.

De acordo com o coordenador do setor de combate à dengue, Toni Sumio Ogata, o aumento foi sentido em todo o Estado de São Paulo e a previsão é de que os casos aumentem a partir de dezembro, com a chegada do verão. “Para o ano que vem, a tendência é que seja igual, ou até mesmo pior”, declarou.

O período mais crítico foi registrado entre os meses de janeiro e maio. Entre julho e outubro, as condições climáticas são desfavoráveis à proliferação do mosquito da dengue, segundo o coordenador. Neste período, a cidade registrou um caso de dengue autóctone e seis importados confirmados.

Embora os números tenham recuado a partir da queda da temperatura, a confirmação dos casos de dengue atingiu recorde. No ano de 2012, foram sete casos confirmados. Nos anos de 2013 e 2014, os números mantiveram-se iguais: 34.

Ações de combate ao mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti, estão sendo organizadas para evitar o que pode ser denominado “surto” da doença, na próxima temporada de calor.

“Nos meses de novembro e dezembro, as ações de prevenção e combate contra a dengue serão intensificadas. Os agentes fazem visitas a residências e pontos estratégicos nos bairros que a gente considera mais críticos”, afirmou.

Além de visitar floriculturas, borracharias e empresas, escolas e clubes com grande circulação de pessoas, o setor oferece orientação à população.

Essas informações são repassadas após vistoria nas propriedades, como forma de permitir que os moradores ou proprietários possam contribuir para eliminar os criadouros.

De acordo com Ogata, ainda não é possível identificar as áreas mais afetadas pela dengue. Entretanto, ele explica que as ações estão mais concentradas nos bairros periféricos.

“Os casos têm sido registrados em todas as regiões de Tatuí, mas os bairros como vila Angélica, Jardim Gonzaga, Jardim Santa Rita e parte da vila Esperança estão em situações mais críticas”, comentou.

Para o coordenador, o município tem empenhado esforços para eliminar os focos do mosquito transmissor, mas ele ressalta que essa responsabilidade “é de todos”.

“A gente tem que se preocupar e a população tem que colaborar. Basta a pessoa fazer uma vistoria na casa dela, uma vez na semana, para quebrar o ciclo da dengue”, declarou.

Ogata afirmou, ainda, que o pneu é um grande criadouro do mosquito e que a proliferação de depósitos clandestinos de pneus velhos em terrenos baldios tem colaborado para o aumento do mosquito da dengue.

“A gente vê pneu em qualquer lugar da cidade. Ele é o principal criadouro do mosquito. Nós até temos um descarte próprio para pneus na cidade, o Ecoponto, mas as pessoas insistem em jogar em terrenos”.

Ogata pede que as pessoas que têm terrenos também se preocupem em verificar os focos do mosquito e fazer a limpeza no local. “As pessoas jogam lixo nos terrenos, e esses materiais são propensos a se tornar focos da dengue”, comentou.

Outra preocupação da secretaria é com a estocagem de materiais recicláveis (garrafa pet, embalagens plásticas e outros) nas residências.

Por conta disso, a pasta desenvolveu uma campanha em parceria com a Secretaria da Educação e com a cooperativa de reciclagem. A ideia é viabilizar a ação entre alunos da rede municipal de ensino para arrecadação de materiais recicláveis.

“As crianças trazem garrafas pet para as escolas e a Cooreta (Cooperativa de Reciclagem de Tatuí) recolhe.O objetivo é poder tirar o máximo de reciclagem das casas e evitar que o mosquito se prolifere”, afirmou.

Em Tatuí, as ações de combate à dengue também incluem palestras em escolas e empresas. Elas ficam a cargo da agente de vetores Rosana Alves dos Santos.

“A gente oferece uma palestra gratuita com todos os equipamentos necessários, como data show e banner. A ideia é fazer um alerta no sentido de que a dengue é uma doença grave, explicando o que é o vírus e o que ele pode causar no organismo”.

Para ela, as palestras são fundamentais para a propagação do conhecimento. Além disso, Rosana faz apresentações de teatro em creches para crianças de dois a cinco anos de idade.

“Com o teatro, contamos a história do agente da dengue. Além da questão de chamar a atenção da criança para a dengue, a gente dá lições de higiene, de trabalho e de respeito ao próximo”, contou.

Rosana explica que as crianças absorvem muito bem a ideia da importância de se evitar que o mosquito da dengue se prolifere. “Depois que eu abro para as perguntas, vejo que as crianças entenderam e se atentam muito à questão dos sintomas”, afirmou. “Esse trabalho é muito importante e gratificante”, emendou.

O coordenador concorda e diz que as crianças devem ser o principal foco na campanha de conscientização da dengue. “Tem que apostar nas crianças, é a nossa futura geração”.

Sintomas

Ogata orienta que, na manifestação de pelo menos dois sintomas da dengue (febre, dores de cabeça, nos olhos, nas articulações ou no corpo, fraqueza e manchas vermelhas na pele), a pessoa deve procurar a rede pública de saúde para ser iniciado o trabalho preventivo da secretaria.

“Em todos os casos positivos registrados, visitamos a quadra do paciente e mais oito quadras ao redor, para eliminar criadouros e verificar se há mais pessoas com os sintomas da dengue na região”, explica.

Além disso, Ogata fala que, quanto antes for feita a notificação, o paciente com suspeita de dengue será mais rapidamente submetido ao exame de sangue, que confirmará, ou não, a doença. Ele conta que a rede pública já dispõe de testes rápidos para o diagnóstico precoce da dengue.

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