Da redação
O casal de jovens, de 23 e 25 anos, preso pela Polícia Militar, no domingo, 12, por abandono de incapaz, foi solto após audiência de custódia, na tarde de segunda-feira, 11, conforme confirmado pela Polícia Civil. Os dois são suspeitos de abandonar as filhas em situação precária na casa onde eles moram, no Jardim Santa Rita de Cássia.
De acordo com a PM, uma equipe foi acionada, via rádio, por volta das 14h, para atender a uma ocorrência de briga entre casal, na qual duas crianças haviam sido deixadas abandonadas dentro de casa.
Ao chegarem no local, os policiais militares encontraram as duas meninas, sendo uma de um ano e quatro meses e outra de três anos e três meses de idade, no interior do imóvel. Segundo a PM, as crianças estavam trancadas na casa e não havia ninguém cuidando delas.
Em boletim de ocorrência, os militares registraram que, por diversas vezes, bateram no portão da casa, sem que ninguém atendesse, até que, ainda pelo muro do imóvel, viram as crianças saírem de dentro da casa, “assustadas e tremendo de medo”.
Uma delas chegou a dizer aos PMs que elas estavam sozinhas e não sabiam sobre o paradeiro dos pais. Na sequência, diante da gravidade da situação, os policiais estouraram o cadeado do portão da garagem e entraram na casa.
Segundo o boletim, quando os militares conseguiram abrir o portão, as crianças correram para os braços dos policiais, pedindo por ajuda e para que fossem carregadas, “demonstrando que estavam desamparadas e carentes”.
Moradores do bairro (que não quiseram se identificar) afirmaram que o abandono das crianças na casa acontecia frequentemente e que elas ficavam chorando e gritando por socorro.
Testemunhas contaram à PM que, na ocasião, a mãe deixara as crianças na casa e, momentos depois, o pai pulara o muro, deixando as filhas sozinhas no imóvel.
Conforme o BO, a menina mais nova estava com a fralda suja e mal conseguia ficar em pé, em razão da sujeira pelo corpo. Além disso, os militares relataram que havia restos fecais no banheiro da casa, fios elétricos soltos em um dos quartos e outras situações que colocavam em risco a integridade das crianças.
O Conselho Tutelar foi acionado e a conselheira Maria Aparecida Jordão esteve no local. A O Progresso, ela contou que constatara o abandono das crianças no local, bem como a situação da casa, “que se encontrava crítica”.
“Tinha muita sujeira na casa. Além disso, ao entrar na cozinha, vimos que havia uma faca de quase 30 centímetros de lâmina, em cima da pia, em uma altura de fácil acesso às crianças”, contou a conselheira.
A mãe das crianças chegou à casa, cerca de uma hora depois, a pé. Na sequência, o pai estacionou o carro em frente ao imóvel. Segundo a PM, o jovem estava dirigindo sem cinto de segurança e de chinelos. Em consulta ao sistema de segurança, os militares teriam visto que o carro estava sem licenciamento.
“Quando os pais viram os militares na casa deles, começaram a fazer acusações um contra o outro, mas ninguém quis assumir a culpa pelo abandono das crianças. Foi uma situação muito triste”, disse a conselheira.
Os dois foram encaminhados à Delegacia Central, onde prestaram depoimento e receberam voz de prisão em flagrante por abandono de incapaz, com possibilidade de pagamento de fiança de R$ 6.000 para cada um. Contudo, a fiança não foi paga e eles permaneceram aguardando a audiência de custódia.
A conselheira explicou que, durante a ocorrência, um tio das crianças (irmão da mãe das meninas) compareceu ao local e se dispôs a ficar com as sobrinhas. Na segunda-feira, 13, o Conselho Tutelar decidiu, em acordo com os parentes, que as crianças ficariam com os avós paternos.