Carnaval: Especialistas alertam que não existe beijo seguro

Dra. Karin Stamer, odontologista (foto: Divulgação)
Diléa Silva

Beijar na boca é uma troca de carinho, amor, e, é claro, saliva. Chamada por médicos e dentistas de fluído bucal, a saliva ao mesmo tempo que protege nossa boca contra bactérias, vírus e fungos pode servir, também, para transmitir doenças como, por exemplo, gripe, resfriado, herpes, candidíase ou sapinho, sífilis, mononucleose e cárie.

Um problema de saúde pública. É assim que especialistas classificam o fato de quase metade da população do mundo ter algum tipo de doença na boca e, dentre essas doenças, a cárie está batendo recorde de vítimas.

Cerca de 2,5 bilhões de pessoas tem dentes cariados e, eles, são a porta de entrada para os mais diversos problemas de saúde podendo, inclusive, causar a morte. Não há, porém, motivo para entrar em pânico, mas, sim para se conscientizar e não abrir mão de usar as armas que temos que, segundo a odontologista Karin Stamer, da Eclinic, são simples, mas muito eficazes.

“Escovar os dentes, usar fio dental, ter uma boa alimentação e hidratação são cuidados que reduzem os riscos consideravelmente. É claro, que, conhecer quem se está beijando também é muito importante”, aponta.

“Não é preciso deixar de beijar. Basta estar atento e se cuidar”, completa a odontologista.

Karin explica que na boca de cada um existem diversos tipos de bactérias que são boas e ruins para a nossa saúde dependendo do que comemos e de como fazemos a nossa higiene bucal.

Segundo os especialistas, não escovar os dentes e a língua (20% das bactérias em nossa boca estão na língua), por, pelo menos, dois minutos e, no mínimo, duas vezes ao dia – após o café da manhã e antes de dormir (o ideal seria escovar após todas as refeições) – é o primeiro passo para termos, dentro da boca, um ambiente fértil para que as bactérias ruins se multipliquem.

Conforme Karin, os restos de açucares e alimentos que ficam colados nos dentes são o alimento favorito das bactérias ruins que, bem nutridas, se multiplicam e formam uma placa acida e pegajosa, conhecida também como placa bacteriana e, que os dentistas chamam de “biofilme”.

“Esse ácido, sem que a gente perceba, vai desmineralizando o dente até que, o primeiro sinal, uma mancha branca, surge. Aos poucos essa mancha vai escurecendo e as bactérias vão tomando conta e destruindo o esmalte do dente até abrir um buraquinho, a cárie, que vai crescendo e, se não tratada, pode atingir as camadas mais profundas causando dor e, podendo levar até a perda do dente”, alerta a odontologista.

“Uma situação que pode ficar até mais grave, isso porque, a infecção que se forma no local onde está a cárie é um ‘ninho’ de bactérias que podem cair na corrente sanguínea e espalhar a infecção pelo corpo todo podendo resultar em problemas cardíacos e até na morte”, continua a profissional.

A cárie também pode ser transmitida através do beijo. Conforme Karin, as bactérias mais comuns, conhecidas como Streptococcus mutans, responsável pelas cáries podem entrar na boca durante um beijo apaixonado “mas, se tivermos paixão pelo nosso corpo e mantivermos a nossa saúde bucal em dia com escovação, uso de fio dental e visitas periódicas ao dentista, elas não vão encontrar o ambiente que precisam para se instalar e, assim, ficam reduzidas as chances dos nossos dentes serem reféns delas”.

“Mesmo que a folia termine tarde e por mais cansados que possamos estar, escovar os dentes quando chegarmos em casa antes de irmos descansar é o melhor ‘remédio’ que se pode usar para evitar não só a cárie, mas, também, o mal hálito e, como vimos, problemas mais sérios para todo o nosso corpo”, alerta Karin.

Karin é graduada em odontologia pela Unip (Universidade Paulista); especialista em ortodontia e ortopedia facial pela Unip; especialista em odontopediatra pela Abeno (Associação Brasileira de Ensino Odontológico) e residente em ortodontia pela Michigan University, Ann Arbor.

Ela também é pós-graduada em harmonização orofacial (HOF) pela Facsete com aperfeiçoamento pela Harvard University, Cambridge Massachusetts.