Da reportagem
Na noite de segunda-feira, 4, o Centro Hípico de Tatuí (CHT) recebeu a 1ª Jornada Industrial de Tatuí e, entre os assuntos abordados, o prefeito Miguel Lopes Cardoso Júnior anunciou a criação de um novo órgão municipal: a Secretária de Desenvolvimento Econômico.
“Na campanha, eu falava que nós íamos colocar Tatuí no lugar que ela merece. Esse é mais um passo que estamos dando em prol dessa promessa, e tenho certeza de que vamos chegar lá”, declarou Cardoso Júnior.
O chefe do Executivo ainda falou sobre o aumento das vagas de emprego no município: “Estamos entre as 50 cidades que mais empregaram no ano de 2024 no estado de São Paulo. E, mais do que nunca, precisamos focar na qualificação da nossa mão de obra para que os nossos talentos cresçam e se destaquem para o preenchimento destas vagas”.
Na 1ª Jornada Industrial, foram discutidas diretrizes para o desenvolvimento econômico, para a capacitação e a formação, bem como parcerias público-privadas com uma “visão estratégica para os próximos 20 anos”.
A reunião contou com a presença de representantes de empresas e órgãos públicos, propondo diretrizes para o desenvolvimento de políticas públicas e privadas com o objetivo de melhorar a qualificação profissional do trabalhador tatuiano.
Entre os presentes, além do prefeito, estiveram Antônio Marcos de Abreu (Republicanos), vereador e vice-prefeito eleito para o próximo mandato; e Micheli Cristina Tosta Gibin Vaz (PSD), vereadora.
Entre os secretários municipais, compareceram: Giovana de Sousa Domingues (Fazenda, Finanças, Planejamento e Trabalho), Luiz Donizetti Vaz Júnior (Governo e Transportes Públicos), Fabiana Grecchi (Serviços Públicos e Zeladoria), Wilian Alexandre Nunes da Silva (Assistência e Desenvolvimento Social) e Elisângela da Costa Rosa Cecílio (Educação), Markus Henrique Tavares Gonsalves Silva (Administração e Negócios Jurídicos), Willian Alexandre Nunes da Silva (Assistência e Desenvolvimento Social) e Patrício Antunes Pereira, chefe de gabinete.
Ainda, marcaram presença: Caio Marinelli, coordenador de políticas de emprego, representando a Secretaria de Desenvolvimento Econômico; Fernando Alonso, diretor regional de Desenvolvimento Econômico; Erly Domingues de Syllos, diretor titular da Ciesp Sorocaba; Celso Taborda Kopp, diretor do Senai; Anderson Luiz de Souza, diretor da Fatec (Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo); Elizete Ribeiro Ponsi Petelinkar, diretora regional de ensino de Itapetininga; Anderson Rodrigues Elias, presidente do Lar Donata Flores; e Ubirajara Feltrin, também do Lar Donato Flores.
Representantes de empresas ainda compareceram, entre as quais, da Microflex, da Marquespan e do Casarão.
No primeiro bloco, o assunto abordado foi “os principais desafios da educação e a educação qualificada”, no qual ocorreu uma série de questionamentos a Elisete, diretora regional de ensino; a Vitória Fanti, representando o RH da Microflex; e a Feltrin, do Lar Donato Flores.
Elisete contou que o governador do estado, Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), “tem uma visão de políticas públicas que incentiva os jovens a fazerem cursos profissionalizantes”.
“Aqui em Tatuí, temos a escola ‘Prof. Ary de Almeida Sinisgalli’, que oferece o curso de enfermagem e o curso de administração, e a escola ‘Chico Pereira’, com o curso de administração”, disse ela.
“E, a partir do ano que vem, o governo institui o BEM (Bolsa Estágio Ensino Médio), onde o próprio governo irá pagar R$ 1.000 por um estágio de quatro horas, à medida que as empresas oferecem os estágios aos estudantes que estão cursando curso profissionalizante”, completou.
Já Feltrin falou sobre os desafios para o aumento da demanda de contratação, destacando “o excesso do uso de celular”.
“É preciso conseguir fazer com que o jovem olhe o celular de uma forma diferente, enquanto eles estão nas aulas, estão nas empresas, mudar essa formação, mudar essa base, fazer com que eles vejam com responsabilidade”, sustentou.
“É altamente compensador ver o resultado disso, ver como esses jovens mudam, pois eles conseguem progredir de uma forma espetacular”, acrescentou.
Ainda durante o primeiro bloco, Vitória comentou sobre “não ter pessoas com interesse suficiente para trabalhar”.
“Acredito que esse seja um dos desafios também enfrentados: essa falta de interesse. Sempre buscamos parceiros, inovações, facilitar a vida do empreendedor e, consequentemente, a vida do jovem e do adulto. Então, um dos maiores desafios, hoje, também é essa questão do interesse para o jovem, de iniciar o mercado de trabalho com tanta facilidade”, completou.
Posteriormente, o debate proposto foi sobre os cursos técnicos, profissionalizantes e escolas de ensino integral, que têm como objetivo preparar os adolescentes e jovens adultos para o mercado de trabalho.
“As escolas PEIs fortalecem muito os projetos de vida dos nossos alunos. Dentro desse projeto de vida, é trabalhada a questão do protagonismo deles. Nós temos grandes estudantes mostrando grandes habilidades e que já estão inseridos no nosso mercado de trabalho”, relatou.
“E o futuro para a nossa diretoria de ensino e para o estado na educação estadual é que se melhore o ensino das escolas de ensino integral”, destacou Elisete.
Já Cardoso Júnior acrescentou acreditar que “a escola de tempo integral não é o caminho, caso seja obrigatória”. “Ela deveria ser de cunho opcional. Talvez tenhamos outras sugestões, outras formas de alcançar esse jovem. É o período mais difícil da vida dele, quando ele vai para o ensino médio; é a maior crise da adolescência, da juventude, onde acontecem os maiores desvios. Então, acho que tem muita coisa para repensar, não sei se esse é o caminho”, enfatizou.
Posteriormente, durante o segundo bloco do evento, Marinelli, da Secretaria do Movimento Econômico do Estado de São Paulo, Souza, diretor da Fatec, Kopp, diretor do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), e Syllos, diretor do Ciesp de Sorocaba discutiram o tema “Demandas do mercado e o suporte para a formação de mão de obra”.
Syllos comentou sobre o apoio dado pela Ciesp às empresas no chamado “boletim de oportunidade”.
O boletim é um trabalho que mapeia os colégios técnicos, Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) e universidades para apurar que curso estão oferecendo para o mercado de trabalho e, posteriormente, busca as empresas e indústrias para “entender qual mão de obra qualificada está em defasagem”.
“Essa análise é para verificar qual é a oferta e a demanda, que está desequilibrada em Sorocaba, Tatuí, qualquer cidade. O mundo, inclusive, está com problema de falta de mão de obra qualificada”, argumentou.
“Acho que, com esse mapeamento que pode fazer um ‘censo’ na cidade, você começa a ter um direcionamento para onde quero ir. E não é difícil hoje, pelo tamanho de Tatuí, fazer esse levantamento com a empresa”, completou.
Já Marinelli comentou sobre o suporte da secretaria de Desenvolvimento Econômico de São Paulo. Segundo ele, quando o atual governo do estado assumiu, “começou a imaginar o estado como se fosse um país”.
“O estado tem 645 municípios e 16 regiões administrativas, e elas são diferentes. Começamos a trabalhar na questão das vocações regionais e, a partir daí, tratamos mais especificamente o que tem em cada uma para fomentar e desenvolver a cadeia regional”, salientou.
Já o diretor da Fatec de Tatuí colocou a instituição à disposição para um trabalho em conjunto com os empresários no sentido de apresentar as empresas aos alunos “para o jovem entender o que ele quer, o que ele sonha e o que o Tatuí precisa”.
Em relação aos desafios para serem atendidas as demandas de contratação de mão de obra, Kopp, diretor do Senai, afirmou acreditar “ser possível”. “Existem as dificuldades; a gente tem uma redução na pirâmide dos jovens. Cada vez temos menos jovens; precisamos ser bem eficazes e assertivos na capacitação deles”, defendeu.
“Acho que, juntando um pouco essa ideia de mostrar os pontos tecnológicos, o futuro, destacar os pontos de respeito à família, meio ambiente, diversidade, conseguiremos fazer isso com os jovens e avançar”, emendou.
Sobre o mesmo tema, Syllos acrescentou que, “se tiver uma estrutura bem montada de qualificação de mão de obra, sabendo o que o mercado vai precisar, já é um caminho, é um ponto de desafio que começa a ser vencido”.
Encerrando o debate, Alonso, diretor regional de Desenvolvimento Econômico, destacou que este é um “momento importante para o pontapé inicial da capacitação profissional”.
“Estamos em um momento muito importante da região, e temos que aproveitar. Temos programas de coalizão, onde os empresários podem participar toda vez que são chamados. Queremos ver o engajamento com o Senai, o Ciesp, com a Fatec, com o Qualifica (programa de cursos gratuitos do estado)”, relatou.
Após o encerramento do debate, a O Progresso de Tatuí, Marinelli comentou sobre as possibilidades que as próximas gerações a entrar no mercado de trabalho têm à disposição.
“Se o jovem for focado e quiser aprender, a internet é o melhor caminho. Não apenas com os inúmeros recursos que tem, como os cursos online, como os do Qualifica SP, que são gratuitos e com certificados, mas todos os outros caminhos. Então, há a dificuldade geracional, mas, caso o jovem queira, tem muita oportunidade”, reforçou.
Sobre a importância de eventos como o promovido em Tatuí, ele destacou que “traz uma grande conscientização e um engajamento de todas as partes, com o estado de São Paulo, prefeitura e empresários, mapeando o que tem na região, focando nisso e desenvolvendo ainda mais”.
Syllos, também comentando sobre as novas gerações, falou que sempre houve os “conflitos geracionais”. Segundo ele, em Tatuí, pode ser diferente, pois, “a partir do momento que você verifica o que o mercado está precisando, pode colocar muitos desses jovens que estão se inserindo no mercado de trabalho, ou mais maduros, baseado na necessidade que o mercado está oferecendo”.
“(Isso) Porque, às vezes, essa falta de qualificações no mercado desestimula principalmente os jovens. Ele vai e acaba não procurando o mercado, não sabe para quê, ou no que ele vai querer trabalhar na vida, e daí acaba ficando fora do mercado de trabalho”, destacou.
“E, quanto mais a idade vai chegando, mais difícil vai ser de se inserir no mercado de trabalho, pois o mundo, daqui para frente, terá muitas profissões que vão deixar de existir e muitas novas profissões que vão ser criadas”, emendou.
“Hoje, falamos em inteligência artificial, que vai ser um grande caminho para esses jovens se inserirem no mercado de trabalho. Cada um dentro da sua visão, do seu sonho, mas o mercado precisa dar oportunidade para eles”, completou.
“Nós falamos em jovens, mas também temos os maiores de 50 e 60 anos que estão fora do mercado de trabalho e desatualizados das novas tecnologias. Por que não qualificar para que voltem ao mercado de trabalho? Com muita experiência, mas, às vezes, falta um pouco de conhecimento tecnológico”, finalizou.
Por sua vez, o diretor da Fatec avaliou o evento como “essencial para poder organizar o setor produtivo, a educação profissional, a formação voltada ao trabalho. É uma experiência única”.
Ele ainda comentou sobre a possibilidade de ampliação dos cursos da Fatec: “A única restrição que temos é de demanda. Se entendermos que criar um curso trará uma boa procura de alunos e contribuirá com o setor produtivo, é um fator a se pensar e levar para a autarquia”, antecipou.