Canetas emagrecedoras e dor nas costas: qual a relação?

Neurocirurgiã alerta que a perda acelerada de peso sem acompanhamento pode levar a desequilíbrios musculares e aumentar risco de hérnias

Foto: pexels.com

A busca por resultados imediatos no emagrecimento, estimulada por dietas restritivas e medicamentos de ação rápida, pode trazer consequências sérias para a coluna. A redução brusca de peso não elimina apenas gordura corporal, mas também compromete a massa muscular que sustenta a estrutura vertebral, favorecendo dores e, em casos mais graves, alterações como protusões e hérnias de disco.

Segundo a neurocirurgiã Dra. Ingra Souza, a coluna é uma das primeiras regiões a manifestar sinais de alerta quando há perda de sustentação muscular. “O emagrecimento rápido, sem preservação da massa magra, faz com que os músculos percam consistência e deixem de proteger a coluna de forma adequada. Essa fragilidade gera desequilíbrios que se refletem em dores recorrentes, especialmente na região lombar”, explica.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 80% da população mundial terá dor lombar em algum momento da vida. No Brasil, dados do Ministério da Saúde indicam que as doenças da coluna estão entre as principais causas de afastamento do trabalho. A Dra. Ingra ressalta que a perda acelerada de peso pode agravar esse cenário. “Quando os músculos que estabilizam a coluna não conseguem desempenhar sua função, aumentam as chances de sobrecarga nos discos intervertebrais. Se a dor se torna crônica, é fundamental investigar, pois pode indicar alterações mais sérias”, completa.

Orientações para prevenção

A Dra. Ingra destaca que o emagrecimento deve ser acompanhado com responsabilidade, especialmente para quem já apresenta histórico de dor na coluna. Entre as medidas recomendadas estão:

Monitorar sinais de dor persistente ou progressiva, principalmente na região lombar;
Realizar exames quando houver suspeita de protusão ou hérnia de disco;
Evitar soluções rápidas sem acompanhamento médico, que podem agravar desequilíbrios já existentes;

Priorizar abordagens que considerem a preservação da saúde musculoesquelética como parte do processo de perda de peso.

“O emagrecimento é um objetivo válido, mas deve ser conduzido de forma que não comprometa a sustentação da coluna. Ignorar sintomas pode transformar um desconforto em um problema neurológico mais complexo, exigindo tratamentos mais invasivos”, conclui a Dra. Ingra Souza.

Sobre a Dra. Ingra Souza
Neurocirurgiã, com atuação em cirurgias de crânio, coluna e dor. É coautora do estudo “Therapeutic anticoagulation for venous thromboembolism after recent brain surgery” (Clin Neurol Neurosurg, 2020). Aprovada na Prova de Título de Especialista da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN) em 2025, atende no Rio de Janeiro e em Minas Gerais.

 

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