Da reportagem
Com a intenção de promover debates e encontrar alternativas para impedir uma nova epidemia de dengue no município, os parlamentares tatuianos aprovaram pedido de criação de uma comissão especial de estudo para averiguar as causas do alto número de casos da doença no município neste ano.
A solicitação, apresentada através do requerimento 3.487/21, de autoria de Eduardo Dade Sallum (PT) e coautoria dos outros 16 vereadores, foi aprovada por unanimidade na sessão ordinária desta segunda-feira, 29 de novembro.
A justificativa sustenta que as comissões especiais de estudo são “constituídas com objetivo de apreciar problemas, cujo conteúdo seja de interesse relevante do município”, e destaca que “não há assunto mais urgente e de interesse da municipalidade do que o surto de dengue registrado em Tatuí em 2021”.
De acordo com informações divulgadas pela Vigilância Epidemiológica, órgão pertencente à Secretaria Municipal de Saúde, somente neste ano, foram confirmadas mais de 20 mil contaminações pela doença.
Conforme apontam as fichas epidemiológicas do órgão municipal, este é o ano com maior número de casos autóctones entre 1992 e 2021. O índice de casos deste ano representa número quase 65 vezes maior que a totalidade de 2020, quando se somaram 314 infectados entre janeiro e dezembro.
A justificativa lembra que, “em razão da gravidade da situação, o número de casos da doença em Tatuí foi tema de audiência pública realizada pela Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), em julho, com a participação de professores universitários e especialistas em epidemiologia”.
Durante esse período, a Câmara Municipal aprovou mais 300 requerimentos relacionados direta ou indiretamente à dengue. O conteúdo das matérias foi desde pedidos para realização de limpeza, capinação, operação cata-treco e retirada de lixo, até para a contratação de profissionais e questionamentos sobre as medidas preventivas adotadas pela prefeitura.
“É imprescindível que a Casa de Lei realize um estudo a fim de que sejam averiguadas as causas do surto de dengue ocorrido este ano e, ao final, sejam enviadas ao Executivo propostas de soluções para que o mesmo não ocorra no próximo ano”, completa o requerimento.
Para Sallum, a aprovação do documento “é um exemplo de inclusão do Legislativo nas soluções que a cidade necessita”. Ele afirmou que “a epidemia de dengue junto à Covid-19 refletiu em um colapso em Tatuí”.
Na tribuna, ele alertou que, conforme especialistas, a cada caso sintomático, existem cinco assintomáticos. “Nesse sentido, podíamos pensar que quase a cidade inteira de Tatuí – que segundo a pesquisa mais recente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), possui 124.134 habitantes -, teve contato com a dengue em 2021”, apontou o vereador.
Sallum também revelou estar preocupado com a possibilidade de casos de dengue hemorrágica. Ele disse que, segundo especialistas, a hemorrágica é uma complicação de qualquer de um dos quatro tipos de dengue(Den-1, Den-2, Den-3 e a Den-4).
Ainda de acordo com o autor do requerimento, quando há reincidência, aumenta em mais da metade o risco de dengue hemorrágica. Neste caso, a cada dez pessoas com este estágio da doença, uma morre. “Ou seja, a taxa de letalidade é de 10%. É uma taxa muito acima, por exemplo, da Covid-19”, acrescentou.
“Por isso é necessária uma comissão de estudos para debatermos alternativas, a vacina, sobre o mosquito transgênero, o estudo ecológico da cidade, dos sorotipos de dengue que há em Tatuí, chamando profissionais acadêmicos, assim como fora feito na Alesp”, finalizou Sallum.