Burocracia é maior desafio na avaliação da entidade

 

“Nós tínhamos muitas ideias que a burocracia dificultou”. Para a primeira-dama Ana Paula Cury Fiuza Coelho, o processo que precisa ser seguido pelo poder público entre a concepção de um projeto e sua concretização é o maior obstáculo que o gestor pode encontrar.

Presidente do Fundo Social de Solidariedade, ela afirmou que enfrentou desafios para manter a estrutura do órgão em funcionamento. Reconheceu, também, que nem sempre o que a administração municipal projeta se concretiza.

Como exemplo, citou a revitalização da sede própria do Fundo Social. O órgão conquistou o direito de uso do prédio que pertence à Fepasa (Ferrovia Paulista S/A) no fim do ano passado. Tinha a intenção de, a partir de 2017, iniciar a restauração. Entretanto, o processo precisa de autorização.

“Não depende somente de nós (da Prefeitura ou Fundo Social), mas do Estado”, justificou. O projeto de revitalização precisa ser autorizado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico), do Estado. O imóvel é tombado.

Uma vez conseguida a autorização, Ana Paula explicou que o Executivo precisaria vencer outra etapa: a licitação para a contratação de empresa responsável pela reforma, ou para a compra de materiais, no caso de a recuperação ser feita pela Prefeitura, ou por alunos dos cursos do Polo da Construção Civil.

“Para comprar um prego na Prefeitura, eu preciso levar três orçamentos. Então, isso segura muito. Se eu vou comprar uma manteiga para o Fundo Social, preciso ter uma ficha aberta com três orçamentos. Isso emperra muito o trabalho, mas é o processo a ser feito no setor público, no geral”, descreveu.

Outra dificuldade diz respeito à emissão de notas. De acordo com a primeira-dama, nem sempre o prestador de serviços com o menor preço atende a todas as exigências para vender ao município. “Quantas vezes eu paguei do meu bolso um conserto, porque a pessoa não emitia nota fiscal”, declarou.

Problemas dessa natureza precisam ser solucionados em todos os setores do Fundo Social. Ana Paula citou, como exemplo, que o órgão possui recurso para compra de alicate de cutícula, para uso nos cursos do projeto “Tesoura & Cia.”.

Entretanto, por conta do uso, essas ferramentas precisam de afiação. Como em Tatuí a maioria dos prestadores de serviços é autônoma, não tem nota fiscal. “São essas coisas pequenas que tornam o trabalho mais complexo”, argumentou.

Apesar disso, Ana Paula disse que “a equipe conseguiu se superar e também encontrou tempo para implantar novidades”. Entre elas, o estande na Festa do Doce. Desde 2013, o Fundo Social promove a venda de produtos fabricados pelos alunos e professores nos cursos de panificação.

“Usamos o estande para arrecadar recursos para manutenção das capacitações e para divulgar o nosso trabalho”, comentou. Em 2015, o órgão lançou, no evento gastronômico, edição limitada de seu novo livro de receitas e com a história da fabricação do doce caseiro no município.

Todos os dados do órgão foram tabulados pela primeira-dama e constam em material a ser repassado para a próxima administração nas futuras reuniões de transição. Ana Paula antecipou que participará de todos os encontros.

Além das reuniões, ela pretende levar a equipe da nova administração para os centros de capacitação. A intenção é mostrar o “patrimônio” e o funcionamento do órgão e, também, facilitar o trabalho da nova presidência.