A Banda Sinfônica do Conservatório de Tatuí volta ao palco do teatro “Procópio Ferreira” nesta quarta-feira, 24, às 20h. O repertório traz, entre outras, obras do maestro tatuiano Edson Beltrami, que regidas pelo próprio compositor. A entrada é gratuita.
O concerto começa com “Animalia Suite”, música escrita por Beltrami em 2012. Segundo ele, “a obra traz combinações inusitadas de seres, imaginando a interação entre eles”.
“Tem forte inspiração no impressionismo, onde o que importa não é a representação do objeto e, sim, a reação que se tem diante dele. Não se busca imitar o objeto ou seu som – apesar de isso ocorrer na obra –, mas, sim, fazer uma música que resulte em um sentimento similar ao que o expectador tem frente ao objeto. A suíte, com cinco movimentos, termina com os ‘Humanos’, com estrutura musical baseada na idade média, para, então, voltar à pureza dos outros animais”, descreve.
O programa segue com “Hammersmith – Preludio e Scherzzo para Banda, op. 52”, de Gustav Holst. Sabe-se que, em 1930, o compositor foi contratado para escrever uma peça para a BBC Military Band. O próprio Holst disse que “Hammersmith” era “resultado de longos anos de familiaridade com a multidão em mudança e o rio em mudança”.
O “Prelúdio”, supostamente, representa o rio que atravessa essa área, um rio que, segundo ele, “segue seu caminho sem ser notado e despreocupado”.
Para Beltrami, isso é igualmente verdade em relação a grande parte da música de Holst durante o período. “Holst também fez uma versão de ‘Hammersmith’ para orquestra. Foi esse arranjo que estreou em 1931, e muitas pessoas, realmente, vaiaram no final. Vale a pena mencionar que a versão original para banda não foi estreada até 1954, exatamente 20 anos após a morte de Holst”, aponta o maestro.
A terceira obra do repertório é comissionada ao arranjador Hudson Nogueira pela própria solista, Valquíria Porciúncula. “Celebrando Chiquinha Gonzaga”, é baseada em três temas dela: “Lua Branca”, “Sonhando” e “Gaúcho – O Corta Jaca”.
“Melodia de doçura inigualável”, exige do solista a utilização de três instrumentos da família dos oboés: oboé d’amore, o corne-inglês, e o próprio oboé.
A Banda Sinfônica encerra o concerto com a polca “Tatuí”, composta por Beltrami em 2015. “Não é uma obra séria. Ao contrário, se utiliza de recursos orquestrais que permitem ao compositor evocar, a todo momento, uma certa ironia, comicidade e acidez. É composta de alusões a algumas formas musicais tradicionais, como o dobrado e a valsa”, explica o autor.
Beltrami é formado em flauta transversal no Conservatório de Tatuí, vencedor de mais de uma dezena de concursos e tem sólida trajetória como solista e regente.
Desenvolve, também, intensa carreira como compositor, sendo suas obras editadas e publicadas nos EUA. Foi um dos criadores e regente por 20 anos da Orquestra Sinfônica Jovem do Conservatório de Tatuí.
Dirigiu inúmeros grupos e, atualmente, é responsável pela Orquestra Sinfônica do Conservatório de Tatuí. É o regente convidado do concerto desta quarta-feira.