Cristiano Mota
Cesar Rocha fez última parada na sexta-feira, na redação de O Progresso
O ciclista Cesar Rocha, 63 anos, escolheu Tatuí para encerrar seu novo projeto pessoal. Dois anos depois de ter passado pelo município, ele retorna à “Capital da Música” para encerrar um segundo ciclo. Trata-se de uma viagem que durou pouco mais de uma semana e somou exatos 489 quilômetros.
A aventura de ciclismo deverá virar narrativa que dará corpo a um livro. Não há previsão de lançamento ou de publicação, mas os planos para concretizá-lo existem.
Rocha teve como ponto de partida a cidade de Brasília. Entretanto, começou a aventura, realmente, em Pirassununga. O percurso inicial foi cumprido de ônibus, com a bicicleta sendo transportada no bagageiro do coletivo.
O ciclista partiu no dia 9 e viajou por vários trechos de serra. Ele pedalou por Analândia, Itirapina, Brotas, Santa Maria da Serra, Botucatu, São Manoel, Avaré, Itatinga e Tatuí. “Levei pouco mais de uma semana, mas, em partes, porque já conhecia boa parte do trecho desta vez”, explicou o aposentado.
Rocha passou por Tatuí, pela primeira vez, em outubro de 2012. Na ocasião, havia encerrado o projeto “SP em 2 Rodas”. Desta vez, fez novo percurso apenas para “descontrair”, já que “repetiu” municípios visitados anteriormente.
Recuperado de um infarto, o aposentado busca na bicicleta superação dos limites físicos e inspiração para crônicas. Ele mantém um blogue (diário virtual) no qual publica suas impressões a respeito dos municípios pelos quais passa.
Em média, Rocha percorria 60 quilômetros por dia, entre um trecho e outro. O percurso era feito somente durante o dia, sendo as noites escolhidas para repousar. Ao final do percurso, o aposentado decidiu “apertar mais o passo”. Pedalou por 95 quilômetros para poder descansar em Tatuí.
“Nesse trecho (de Itatinga a Tatuí), peguei um pouco de subida, mas aproveitei vários quilômetros de descida de serra que me renderam descanso”, contou.
A segunda experiência não saiu exatamente como o aposentado esperava. Rocha havia planejado uma rota diferente para o passeio. A ideia era vir por Paranapanema, Angatuba, Itapetininga e encerrar a viagem em Ilha Comprida.
“Desisti porque, conversando com outro ciclista, soube que a serra para chegar ao mar está muito movimentado e seria perigoso”, relatou o aventureiro.
Rocha chegou a Tatuí às 18h de quarta-feira, 18. Ele permaneceu no município até o início da tarde de sexta-feira, 19, quando viajou para São Paulo.
O tempo gasto na cidade aumentou em função de outra mudança de planos. O aposentado pretendia dormir em Porangaba ou em Cesário Lange. Alterou a rota porque queria rever pessoas que conheceu há quase três anos.
No início dos projetos, ele narrava as aventuras diariamente em seu blogue (pedalbyrocha.blogspot.com.br). Atualmente, faz as atualizações ao final dos percursos.
“Ele (o diário virtual) está meio parado. Fiz uma postagem na qual anunciei o início da viagem no começo do mês, mas só vou detalhá-la quando voltar para casa”, comentou o aposentado. Ele mora em Formosa, Estado de Goiás.
Rocha explicou que precisou alterar a forma de contato com os leitores por conta da adversidade. O motivo é que em grande parte das cidades nas quais passa, ele não consegue acesso à internet, ou computadores para “subir fotografias”. Também há a dificuldade de encontrar “lan houses” nos municípios.
Desde que começou a pedalar, o aposentado já percorreu 114 cidades somente no Estado de São Paulo. A pretensão é visitar 300, dos 645 municípios paulistas.
O número deve se aproximar da meta com a conclusão da próxima aventura. Em setembro, Rocha vai começar um novo percurso de pedaladas, com saída de Brasília e chegada em Laguna, no Estado de Santa Catarina.
As rotas são traçadas com base em um mapa e conforme as condições de rodovias. O ciclista costuma pedalar sozinho e disse que também tenta se programar para participar de atividades nos lugares por onde passa. Em Avaré, por exemplo, ele participou de um desafio de “mountain bike”. Competiu na categoria “light”, apenas para conhecer melhor o município visitado.
Para atividades como esta e para a aventura, Rocha precisa manter a bicicleta em dia. No entanto, ele disse que não tem grandes custos com manutenção. Apesar do desgaste dos componentes, o aposentado não registrou problemas com o veículo nos trechos em que passou em suas experiências.
Uma das razões é que Rocha não anda em altas velocidades – em função das condições dos acostamentos –; outro motivo, é que ele faz várias paradas e anda com pouca bagagem. “Já perdi as contas de quantas vezes eu parei para fotografar placas dos municípios. Também ando com o essencial”, disse.
Todos os registros serão compilados em livro que está sendo programado. Entretanto, Rocha não tem uma ideia de quando o material poderá ser produzido. De concreto, ele tem o novo trajeto a cumprir com a “velha companheira”.