Atraso no pagamento da equipe de UTI gera ‘temor por fechamento’

 

Atraso no pagamento da equipe de UTI (unidade de terapia intensiva) da Santa Casa de Misericórdia gerou notificação e temor em torno de possível fechamento do setor. O motivo é um ofício interno, encaminhado pelo coordenador médico da unidade, Claudio Komatsu, à comissão provisória que administra o hospital.

Na segunda-feira, 10, o profissional notificou a provedoria de que a equipe está com os pagamentos atrasados. Por e-mail, Komatsu afirmou que a situação tornou “inviável a manutenção” dos trabalhos e estipulou prazo de 30 dias para regularização, a contar da data de uma reunião com membros da comissão.

Komatsu se encontrou com Sandra Maria dos Santos, que também atua na Secretaria Municipal de Saúde, na sexta-feira da semana passada, 7. Na ocasião, discutiu sobre a situação do atraso. O médico fixou até o dia 7 de novembro como data para que haja a regularização e registra, no ofício enviado pela internet, que entende a situação da Santa Casa, mas cobra a normalização.

O coordenador protocolou o ofício às 14h45 desta segunda. Na tarde do mesmo dia, o documento foi tornado público, por meio de redes sociais, e gerou polêmica.

Também houve registro de manifestação de populares, que temem o fechamento da UTI, como foi aventado em 2008 e que ocasionou em intervenção municipal.

Por telefone, Sandra informou que os médicos da unidade receberão os salários até a sexta-feira, 14. Ela alegou que o atraso é decorrente de uma “situação atípica”. “O dinheiro que vinha do Estado não chegou, mas temos compromisso do governo garantindo que ele virá antes do fim da semana”, informou.

Conforme Sandra, a Santa Casa utiliza recursos do programa Santa Casa Sustentável, do governo paulista, para manter a unidade. O valor a ser repassado aos médicos – de R$ 80 mil – não chegou ao hospital antes da data do pagamento. A equipe da UTI deveria ter recebido no dia 30 de setembro.

A funcionária da secretaria acompanha a administração da Santa Casa desde que a comissão provisória assumiu. Em função disso, conversou com a equipe da UTI e comunicou o governo sobre a questão.

“Nós ligamos para a Secretaria de Saúde do Estado e obtivemos, ontem mesmo (dia 10), a confirmação de que o dinheiro vai cair até a data prevista”, ressaltou.

Sandra disse, também, que esta não é a primeira vez que os salários dos médicos sofrem atraso. Em agosto, os profissionais da UTI receberam com seis dias de atraso. O salário do oitavo mês do ano foi compensado no dia 6 de setembro.

“O hospital não costuma atrasar. Contudo, desde agosto, o governo do Estado vem fazendo os repasses do programa com mais demora”, argumentou.

A verba do programa é depositada pelo governo diretamente na conta da Santa Casa. Conforme Sandra, ao contrário das outras contratualizações feitas, por exemplo, com o SUS (Sistema Único de Saúde), o dinheiro não passa pela Prefeitura. Desta forma, ela acredita que a questão será solucionada “antes mesmo do prazo definido pelo coordenador da equipe da UTI”.

“Ele (o médico) não tinha protocolado nada anteriormente relativo a atraso, mesmo o pagamento do mês passado tendo sido compensado mais tarde”, afirmou Sandra.

A funcionária da secretaria não soube precisar como o documento interno tornou-se público. Ela informou, porém, que a diretoria vai estudar providências.

A reportagem tentou contato com o coordenador da equipe médica da UTI da Santa Casa na manhã seguinte à divulgação dos ofícios. Komatsu, no entanto, não pôde conversar a respeito do assunto, indicando compromissos profissionais.