O jogador Rodinei Marcelo de Almeida, conhecido como Nei, do Clube de Regatas do Flamengo, esteve no campo de futebol do Jardim Santa Rita de Cássia na sexta-feira, 15, para uma palestra motivacional dirigida a alunos das escolas municipais “Profª. Magaly Azambuja de Toledo” e “Prof. Alan Alves de Araújo”, além dos integrantes do projeto Criança para o Futuro.
O projeto é resultado da parceria entre a Prefeitura e a Associação de Moradores do Bairro Jardim Santa Rita de Cássia. Por ele, os meninos da comunidade treinam futebol com o acompanhamento do professor Carlos Eduardo de Alvarenga Viana, o Duza.
O professor de educação física e atual vereador Miguel Lopes Cardoso Júnior também foi um dos treinadores do jogador. Segundo o professor, Nei começou a treinar com ele no projeto Atleta do Futuro, realizado pelo Serviço Social da Indústria de São Paulo (Sesi), quando tinha apenas oito anos.
Quando atingiu a idade máxima permitida no projeto, o jogador passou a treinar por meio do Criança para o Futuro, no Jardim Santa Rita de Cássia.
“É um orgulho para nós, porque é um menino que sempre batalhou pelos seus sonhos e seus objetivos. Hoje, é um orgulho ver alguém que está se destacando tanto e que conseguiu alcançar o seu sonho”, afirmou Cardoso Junior.
Aos 16 anos, Nei deixou de participar do projeto do Sesi e passou a treinar com o professor Duza no Santa Rita. Um ano depois, foi para São Paulo e iniciou carreira na categoria de base.
Durante a palestra, Nei contou a história dele e motivou as crianças a “não desistirem dos sonhos”. O jogador relatou, aos pequenos, como tivera infância humilde e difícil, por ter perdido os pais e a avó muito cedo.
“Na minha infância, não tinha dinheiro para fazer nada. Tinha que ir na raça. Às vezes, pedia dinheiro para a minha mãe, e não tinha. O que eu mais valorizo na minha humildade é a minha alegria. Sempre gostei de fazer as pessoas rirem. Essa foi minha infância humilde, e espero que vocês possam seguir o mesmo caminho”, comentou o jogador.
Nei também contou como foi o início da carreira. O primeiro clube pelo qual passou foi o Videira Esporte Clube e, depois, o Futebol Clube do Porto, conhecido como Porto União, ambos da terceira divisão catarinense.
O jogador também relembrou que, antes do primeiro contrato como profissional – pelo Avaí Futebol Clube -, ele foi rejeitado nos testes para o Figueirense Futebol Clube e para o Esporte Clube Vitória.
Depois do Avaí, teve passagens por Clube Náutico Marcílio Dias, Corinthians, Clube Recreativo e Atlético Catalano (Crac), Clube Atlético Penapolense, Associação Atlética Ponte Preta e, por fim, chegou ao Flamengo, onde joga atualmente.
O atleta também confessou ter existido um momento em que pensou em desistir, quando tinha cerca de 22 anos. Nessa época, ele havia sido emprestado ao Corinthians e um mês antes de o período de empréstimo acabar, o Avaí pediu que ele retornasse.
Ao voltar para o Avaí, Nei foi colocado como terceiro lateral, o que o fez ficar afastado do campo. Depois disso, foi para o Crac, que ocupava a terceira divisão do Campeonato Brasileiro, e, após esse período, seguiu para o Penapolense, onde foi bem.
Porém, depois, precisou atuar no time de Varginha, em Minas Gerais, onde treinava isolado do grupo. Nesse momento, acreditou que “as coisas não voltariam a acontecer”.
Ficou um mês desempregado, em Carapicuíba, e foi mantido pelos empresários durante esse período, para “conseguir comprar comida”. A situação mudou quando conseguiu fechar contrato com a Ponte Preta.
Na palestra, o tema drogas também foi abordado. Nei afirmou que jamais se envolvera com entorpecentes e ainda confessou que está há cinco anos sem ingerir álcool e que jamais colocou um cigarro na boca.
“É algo que pode destruir os seus sonhos. Não se envolvam com essas ‘coisas erradas’, porque não vale a pena”, aconselhou o jogador.
Outro assunto abordado foi “sonhos”. O atleta relembrou os sonhos que tinha quando ainda treinava pelas escolinhas de futebol tatuianas e falou sobre o atual objetivo de jogar na Europa.
“O que eu tenho para passar para vocês é: primeiramente, humildade e, depois, perseverança. Em 2008, quando minha avó morreu, no dia seguinte, eu já estava indo treinar a pé, no Clube de Campo. Eu fazia isso porque acreditava nos meus sonhos“, afirmou o atleta.
Sobre como é a sensação de jogar profissionalmente, declarou: “É o meu sonho, é o que eu sei fazer, é o que batalhei para fazer. Então, a sensação é a melhor possível!”, descreve Nei.
A O Progresso, o jogador afirmou ser um grande orgulho poder retornar para relatar às crianças como foi a experiência durante o crescimento da carreira dele.
“Para mim, é um motivo de orgulho poder estar na minha cidade querida, ver tantos admiradores do meu trabalho e compartilhar um pouco da minha história com eles”, comentou.
“Acredite nos seus sonhos, porque se eu, que saí de um bairro tão humilde e de uma cidade tão humilde, consegui chegar aonde cheguei, porque eles não podem? Então, falo para eles (os meninos) acreditarem nos seus sonhos e ter fé, porque quem acredita sempre alcança”, finalizou o atleta.