Atenção í  segurança





Os índices na área de segurança pública, recentemente divulgados e que avançaram negativamente, demonstram – como sempre – a interdependência da realidade social e econômica com a própria “paz” do cidadão.

Particularmente, quanto melhor a educação e saúde públicas, menores os crimes em geral, e vice-versa. Ocorre que, para investimentos nos serviços públicos básicos, é preciso dinheiro – claro, e bom uso deste, quando à disposição.

Ocorre que, conforme a grande parte dos estudiosos das áreas econômica e social defendem, o país “meio que” perdeu o bonde da história, novamente… Basta notar os comentários recorrentes de que, no momento, “tudo está parado”, “ninguém está comprando nada”…

Se falta recurso ao governo, falta ao cidadão, e ambos não “investem”, seja na tão necessária infraestrutura, por parte de um, seja no consumo, pelo outro.

Há três, quatro anos, houve o pico da possibilidade de investimentos, quando o Brasil crescia acima da média mundial. No entanto, essa curva inverteu-se. Um exemplo gráfico disto pode ser lembrado pela ilustração que mostrava o Cristo Redentor disparando ao alto como um foguete e, a partir da atual crise, sendo relembrado, só que no sentido contrário, caindo, feito um pássaro abatido.

As dificuldades são nacionais, não locais. Mas, naturalmente, repercutem em todas as localidades, Tatuí inclusa. Neste sentido, é bom lembrar que, como se diz, “quem pode mais chora menos”. Ou seja, aumentam as responsabilidades locais com relação às oportunidades cada vez menos abundantes.

Enquanto isso, a população precisa prevenir-se e, na medida do possível, contribuir. Os dados que mais preocupam, especificamente na cidade, correspondem a assaltos em geral, conforme estatísticas da SSP (Secretaria de Segurança Pública) do Estado de São Paulo.

No início do mês, Tatuí apareceu em nono lugar – entre os 645 municípios paulistas – em “ranking” das cidades com maior número de roubos no Estado. A listagem apresentou Tatuí com taxa de 187,2 roubos para cada cem mil habitantes, à frente da capital, na 19a posição.

São Paulo registrou variação de 41,8% no comparativo de ocorrências entre janeiro e maio deste ano em comparação a 2013.

Em Tatuí, no ano passado, houve 62 assaltos e 15 roubos de veículos – totalizando 77 crimes. Neste ano, no mesmo período, a SSP contabilizou 98 assaltos, 16 roubos de veículos e 3 roubos de carga, numa variação de 51,93%.

Além dos roubos, o município registra nível “alto de problemas ligados ao crack”. A constatação é do Observatório do Crack, no estudo denominado “Mapa do Crack”.

Conforme a publicação, a droga está cada vez mais presente nas pequenas cidades e zonas rurais. Em Tatuí, entretanto, não há dados específicos.

De acordo com autoridades policiais, a presença da droga em Tatuí contribui para o aumento da criminalidade e gera, na mesma proporção, mais ação por parte das forças de segurança.

Apresentando números, o comandante da 2a Cia. da PM, capitão Kleber Vieira Pinto, destacou que a polícia está “trabalhando duro” para coibir o aumento dos roubos.

Da segunda-feira da semana passada até o domingo, os PMs realizaram 1.275 procedimentos. Entre os principais, abordagem a suspeitos, vistoria, fiscalização e apreensão de veículos, flagrantes de roubos, furto, tráfico de entorpecente, detenções e apreensão de armas de fogo.

“Tem-se noticiado o aumento da criminalidade em Tatuí, mas isso não é um problema só local. Em todo o Estado está dessa forma. Mas, aqui, também tivemos aumento das atuações da Polícia Militar”, argumentou o capitão.

Como consequência, Kleber afirmou que houve aumento no número de prisões. Nos sete dias em que houve intensificação do policiamento, a 2a Cia. registrou 20 prisões.

Dessas, nove são relacionadas a roubo, nove por tráfico de entorpecente, uma por violência doméstica e uma por porte de arma (munição).

Kleber também fez questão de frisar que o aumento de roubos no município se refere a um período comparativo (de cinco meses) entre 2013 e 2014. Afirmou, ainda, que o roubo é um dos indicadores do índice de violência divulgado pelo governo do Estado.

Ainda conforme ele, o crescimento é uma das consequências das metas estipuladas pelo governo paulista. Ele explicou que a SSP estabelece, anualmente, metas para os índices estatísticos. Como houve redução em 2013, uma nova queda nos indicadores seria “muito difícil”.

Para fazer frente aos indicadores, a PM também melhorou canal de comunicação com a PC (Polícia Civil). Tendo por base os registros de ocorrência, a Civil promove levantamento das áreas mais afetadas, dos crimes, horários mais propensos a delitos, entre outros dados.

As informações são repassadas à PM para elaboração de plano de policiamento preventivo. “É isso o que nós chamamos de proatividade”, declarou o comandante.

Ele ainda apontou a existência de um “gargalo”, referindo-se ao número de pessoas detidas no período e a quantidade de vagas oferecida pelo sistema prisional.

Kleber também sustentou que a população precisa colaborar com a PM no tocante ao reconhecimento de suspeitos. Conforme o capitão, muitas pessoas – por medo ou “falta de cidadania” – se recusam a prestar depoimento.

No período de uma semana, 779 pessoas foram abordadas pela PM. Os militares realizaram, ainda, 415 fiscalizações e vistorias, 34 autuações e 20 apreensões de veículos (entre carros e motos); 1 flagrante de roubo, 2 de furto, 3 flagrantes de tráfico de entorpecente, 13 prisões em flagrante, apreensão de seis adolescentes, uma captura de procurado e uma apreensão de arma de fogo.

“Existe, aí, um gargalo. Nós estamos prendendo muitas pessoas – média de 250 por mês –, mas o governo do Estado não constrói um CDP (Centro de Detenção Provisória) e uma penitenciária a cada quatro meses”, comentou o capitão.

Kleber citou ainda outro problema: o número de reincidentes. Conforme ele, é “muito comum um policial deter uma pessoa mais de uma vez”.

Para ele, a situação cria a sensação de impunidade, colocando o criminoso num “círculo vicioso”. “É importante constar que esse é um problema de legislação. Se as leis fossem cumpridas a rigor, com eficácia, essa sensação não existiria e as reincidências não seriam tão frequentes”, defendeu.

E reiterou a importância da colaboração da população no combate aos crimes e no esclarecimento. O capitão considerou que há “dois pontos principais” para o aumento da segurança pública: a adoção de cuidados e as denúncias – anônimas ou não.

“Pedimos que a população nos auxilie com cuidados e informações, porque a polícia não pode estar 24 horas em todos os locais. Então, é muito importante que haja colaboração do cidadão e que ele tenha consciência disso”, frisou.

A PM recomenda que, em caso de suspeita, o indivíduo acione, sempre, o 190. Também orienta que as pessoas evitem andar sozinhas em determinados horários (especialmente durante a madrugada) e que, ao ligarem para fazer qualquer tipo de denúncia, passem o máximo de informações possível.

O capitão afirmou que não é necessário se identificar durante a ligação. Entretanto, ressaltou que o cidadão deve estar “convicto da informação”.

“É importante que a pessoa seja séria na hora de solicitar uma viatura, para que evitemos um trote, ou uso da PM para questões de ‘simples picuinha’”, comentou.

As mesmas recomendações valem para comerciantes. Neste caso, a PM orienta, também, a instalação, quando possível, de câmeras de segurança.

Outro “pedido” é o de colaboração no reconhecimento dos criminosos. Kleber disse que grande parte das vítimas se recusa a prestar depoimento com medo de represália. Segundo ele, essa atitude prejudica o esclarecimento dos casos e, até mesmo, a prisão dos autores. O capitão afirmou que, em todos os casos, as vítimas têm a identidade preservada.