Na sexta-feira, 14, o Clube de Campo de Tatuí sediou jogo de futebol solidário em prol ao garoto Alan Rodrigues Mendes e à Santa Casa de Misericórdia.
Ex-jogadores com passagens pela seleção brasileira e clubes como Corinthians, São Paulo e Palmeiras, além de ícones esportivos de Tatuí, participaram do evento beneficente. A partida levou a campo as equipes Amigos do Alan e Amigos do Clube de Campo (reportagem nesta edição, em Esportes).
Toda a renda adquirida com os ingressos será revertida à família de Alan, para a construção de um quarto, um banheiro e para a aquisição de uma cadeira de rodas adaptada. O balanço do valor arrecadado ainda estava em andamento na data de fechamento desta edição (terça-feira, 17h).
Para acompanhar o futebol solidário, o público também precisou doar um litro de leite ou um quilo de açúcar, para a Santa Casa, mas até o fechamento desta edição, a quantidade de produtos arrecadados também não tinha sido divulgada.
O garoto acompanhou o jogo de perto. A partida começou por volta de 20h20, quando as equipes entraram em campo e se perfilaram ao lado de Alan. A torcida vibrou com a presença dele.
Esportistas de Tatuí estiveram presentes: Rodinei, atual lateral direito do Flamengo; Danilo Ricardo Simon Manis, árbitro assistente e integrante do quadro da Fifa; e Thyago Vieira, atleta profissional de beisebol que atua no Chicago White Sox, da liga norte-americana da modalidade.
Entre os ex-jogadores, estiveram: Velloso, Marcos Assunção, Eliel, Gino e Guinei. O ex-atleta Neto esteve presente, mas não pôde atuar por conta de recente cirurgia na coluna. Todos receberam forte assédio do público e, por longo período, distribuíram autógrafos e posaram para fotos.
Elenir Rodrigues, mãe de Alan, afirmou que o filho estava muito feliz pela realização do evento e por ter conhecido as personalidades.
Muito contente, a mãe indicou que ainda terminaria o levantamento de ingressos vendidos para prestação de contas. Após a virada de ano, contou, deve iniciar a construção do quarto e banheiro adaptados e adquirir aparelhos que permitirão mais independência a Alan.
Farid Ohamad Jamoul promoveu o evento solidário pela oitava vez, a quinta consecutiva no estádio “Itatibão”, do Clube de Campo. Segundo ele, o futebol solidário tem sempre o objeto de ajudar.
Jamoul afirmou, ao término do evento, que estava satisfeito com a nova oportunidade. Ele assegurou que o público permitiu o auxílio a Alan e à Santa Casa.
“A presença do público já é um sinal de positividade, porque estava lotado (o estádio). Eles estiveram presentes, mais uma vez, para abrilhantar o espetáculo”, declarou o organizador.
O presidente do Clube de Campo, João Lima, fez agradeceu a todos que possibilitaram o evento.
“Não tenho nem palavras para compensar”, falou Lima.
“Foi uma belíssima festa, com a casa cheia. Tivemos a infelicidade de queda de energia na cidade, mas o importante é que quem ficou muito feliz foi o nosso querido Alan”, completou.
Logo após o término da partida, Rodinei enfrentou sete horas de viagem até o Rio de Janeiro, uma vez que, no dia seguinte, embarcaria para Las Vegas, no Estados Unidos. Apesar da “correria”, o jogador afirmou que o “esforço era válido para ajudar quem realmente precisa”.
Mesmo não podendo atuar, Neto veio à cidade para prestigiar a ação e afirmou que visita Tatuí há muitos anos. O ex-meio-campista também elogiou a organização e o público.
“Nós, ex-jogadores convidados, não somos nada perto do que o Jamoul proporcionou e do que as pessoas presentes estão fazendo. Somos apenas uma pequena engrenagem”, apontou Neto.
Companheiro de programa e de carona com Neto, Velloso veio pela segunda vez neste ano ao município. Ele esteve presente em junho, na realização de partida beneficente à menina Júlia Abrame de Oliveira.
O ex-arqueiro se mostrou grato por receber nova oportunidade de colaborar com a cidade e com Alan. “A receptividade que temos na cidade é muito bacana. A gente vem e volta com o maior prazer possível”, comentou.
Figura carimbada em diversos eventos solidários no país, Marcos Assunção assegura ser sempre uma causa muito boa, tanto para os jogadores quanto para os torcedores, que lotaram o estádio.
“Me sinto muito satisfeito em sair da minha casa e participar desses eventos que ajudam as pessoas como o Alan e também a Santa Casa”, confessou.
“Acho que, se cada um fizesse um pouquinho, não só o Brasil, mas o mundo todo seria muito melhor”, completou Assunção.
O ex-repórter da TV Globo Thiago Asmar, que atualmente é youtuber no “Canal Pilhado”, veio de carro do Rio de Janeiro para entrevistar Rodinei e participar do futebol solidário.
Asmar expôs que o lateral confessara que, antes da própria mãe falecer, havia lhe pedido: “Se puder mudar a vida de cada pessoa que conhecer, faça isso por mim”.
“Vou levar isso de lição para mim e, realmente, espero que nós ainda mudemos a vida de muita gente”, declarou.
De acordo com o youtuber, “quanto mais se faz aos outros, mais volta a si próprio”. Ele afirma ter sido um prazer conhecer Tatuí e que voltará à cidade todas as vezes que Rodinei convidar. Asmar ainda “tirou onda” por ter anotado o primeiro gol da partida.
“A cidade inteira estava me falando: o Rodinei estava dizendo, no Instagram, que você não vai jogar. Eu não só joguei, peguei a 10 e abri o placar”, relatou.
“Depois que fiz o primeiro, ele marcou dois, mas vale a pena deixar claro: quem abriu o placar foi o Asmar; o Rodinei só aproveitou na rebarba”, brincou.
O responsável por apitar a partida foi Manis. De férias, o árbitro assistente tatuiano disse ter feito questão de prestigiar o evento. “É um prazer”, disse, acrescentando que, sempre que puder, ajudará em eventos dessa natureza.
Já o conterrâneo Vieira afirmou estar feliz e orgulhoso. Segundo ele, “foi um privilégio ter sido convidado para a partida solidária”. Ele também se colocou à disposição para futuros eventos.
“Quando se é em prol de ajudar alguém, a gente fica feliz, ainda mais sabendo da história do Alan e para auxiliar a Santa Casa. Se receber um novo convite, irei aceitar, pois é muito gratificante ajudar as pessoas”, declarou Vieira.
História de Alan
No dia 27 de setembro de 1996, Alan nasceu prematuramente com seis meses de gestação, pesando apenas um quilo e com 36 centímetros. Ele precisou ficar internado no Hospital Regional de Sorocaba para ganhar peso e tamanho por cerca de três meses.
Após receber alta do hospital, o médico avisou à mãe que seria um “caso especial”, pois, por falta de oxigênio em uma região do cérebro, Alan sofria de encefalopatia crônica não progressiva, a paralisia cerebral.
A doença afetou o braço esquerdo e as duas pernas de Alan. Ele passou por cirurgias e utiliza órteses nesses membros para ajudar a se locomover, mas sempre com a ajuda de alguém.
Dentro de casa, Alan se desloca engatinhando com o quadril em contato com o chão. A família mora em uma residência de “meio lote” e não há espaço suficiente para o jovem utilizar o andador ou a cadeira de rodas.
Por conta disso, Elenir conta que a construção de um quarto e um banheiro adaptados seria para dar mais liberdade e independência ao filho.
O jovem faz acompanhamentos com fisioterapeutas, psicólogos e neurologistas, além do uso contínuo de medicamentos controlados, para evitar convulsões e até paradas cardíacas, como ocorreu por duas vezes quando Alan tinha oito anos de idade.
Por 14 anos, o menino realizou tratamento na AACD (Associação de Apoio a Criança Deficiente), em São Paulo, porém, ao chegar à idade limite de 22 anos, a unidade de saúde não pôde mais atendê-lo.
Elenir acompanhava o filho nas idas a São Paulo. Eles utilizavam o veículo do setor de frotas da Prefeitura, mas a mãe diz que era uma rotina muito cansativa.
“Passávamos o dia todo fora de casa. Saíamos às 3h, ficávamos o dia inteiro no hospital para passar em apenas um médico e chegávamos de volta entre 19h até 22h”, expôs a mãe.
Para se dedicar integralmente aos cuidados com o filho, Elenir não possui emprego. O marido está desempregado há dois meses. Alan é o filho mais velho da família, ao lado de um irmão e uma irmã.