Da reportagem
Transformar vidas por meio do esporte em Tatuí. Este é um dos propósitos do projeto Associação Pires de Judô, idealizado pelo sensei Marcos Pires e que ensina crianças, jovens e adultos a prática dessa prática esportiva.
Além de cuidar da saúde, a modalidade abrange questões sociais, de inclusão, integração e transformação. E, muito além do esporte, auxilia os atletas a serem cidadãos. “O foco das nossas aulas é a educação, respeito e disciplina, para formarmos cidadãos para nossa sociedade”, diz Pires.
E o reflexo vem justamente por meio do desenvolvimento de foco e disciplina, primordiais para que os movimentos do judô sejam bem executados.
Durante as aulas, o respeito é o que mais chama a atenção de quem, pela primeira vez, tem contato com o esporte, tanto com o oponente quanto com o espaço em que é executada a luta. Tudo é reverenciado.
“Compreender o esporte como agente transformador de vidas, capaz de manter as pessoas ocupadas como forma de evitar o risco de estarem nas ruas, aprendendo e vivendo experiências que não agregam no seu desenvolvimento, fez com que o projeto tomasse forma”, explica o sensei.
Pires, que também é guarda civil municipal, conhece bem estes riscos, e, por conta disso, acredita na força que o esporte exerce no cotidiano das pessoas. “Fazer com que as crianças e adolescentes fiquem longe das coisas erradas fez com que o projeto desse certo”, acentua.
Sob olhares atentos da avó Helenice Arruda durante a aula, Evylin Naiara Santos de Souza mostra que, com dedicação, o resultado é alcançado em breve espaço de tempo. “Só faz três meses que ela está fazendo as aulas aqui e já conquistou medalha de terceiro lugar na sua primeira competição”, diz, orgulhosa, a avó.
Para a neta, os benefícios também já são colhidos fora do tatame. Ela conta que seu desempenho nos estudos melhorou significadamente. “Eu era muito parada e desatenta; agora, consigo guardar mais coisas na memória. E isso ajudou muito nos meus estudos”, comenta Evylin.
A realidade do atleta Carlos Eduardo Oliveira não é diferente. Há um ano e meio praticando a modalidade, ele conta que já conquistou duas medalhas. “O judô me ajudou muito com a disciplina, respeito e educação, e pretendo ser atleta profissional. É o meu sonho”, garante ele.
Muito mais que estes benefícios, o judô permite a troca de experiências e vivências coletivas e inclusivas. As aulas do projeto têm esta troca. São histórias de vida diferentes, mas com propósitos semelhantes.
A judoca Camila Camargo já tem propósito definido. Ela teve o primeiro contato com o esporte há dez anos e, desde então, entre idas e vindas, tornou-se parte do cotidiano dela. “O judô é o meu alicerce há dez anos. Apesar de eu ficar um tempo parada, ele ajudou muito com meu físico e cabeça. É a minha base”.
Ela conta que, apesar de suas responsabilidades terem mudado muito durante estes anos, nunca deixou de querer se profissionalizar.
“Infelizmente, hoje as minhas responsabilidades não são iguais às de dez anos. Se me perguntassem naquele tempo, eu diria que, com certeza, iria viver do judô, mas hoje, como tenho filhos, tenho que conciliar estas realidades”, completa.
As aulas são gratuitas e acontecem todas as quintas-feiras, das 14h às 16h, e domingos, das 19h às 21h30, na Igreja Nossa Senhora Consoladora dos Aflitos, à rua João Antônio de Souza, 94, no Rosa Garcia 2.
No bairro de Americana, as aulas são às quartas-feiras, das 19h às 21h30, e aos sábados, a partir das 14h, na antiga base da Guarda Civil Municipal.